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A lei


"...O Senhor não deu a lei, para que por meio do cumprimento dela se obtivesse a salvação, como ensinaria mais tarde os fariseus e como também ensina a igreja de Roma. Não; ele nos deu a lei para nos guardar das artimanhas do diabo. Porque é melhor ao homem servir a Deus do que aos ídolos...Quem conhece esta lei em todo o seu sentido que é o amor á Deus e ao próximo, aprende a pensar humildemente de si mesmo...nós não podemos cumpri-la perfeitamente. Pode algum homem cumpri-la? Por isso, devemos esperar na graça de Deus em Cristo. Porque a palavra de Deus nos ensina que estamos por natureza corrompidos, de modo que; por causa de nossos pecados estamos condenados diante de Deus. Paulo escreve: "...pela lei vem o conhecimento do pecado" (Rm 3:20)
O Senhor põe como condição que o amemos com todo o nosso coração e com todas as nosas forças, e ao próximo como a nós mesmos(Mt 22:37-40).O amor é o cumprimento da Lei (Rm 13:10). É visto que nós não podemos de nenhuma maneira guardar a lei é necessário que nos acheguemos a Cristo...A natureza do homem esta corrompida. Isto é fácil de ver entre os homens. Não somente entre os gentios, mas também entre os cristãos, nosso coração é mal. Também Noé, Abraão, Pedro e Paulo caíram, mais de uma vez. Porque estamos por natureza inclinados a odiar a Deus e ao próximo.

Resumo do texto: Para guardar su pacto/ La confesión de la iglesia comentário de Heidelberg/ J.C Janse

04:36

A Verdadeira Saga Batista

Pastor Chris Traffanstedt, da Igreja Batista Reformada de Providence, Estados Unidos da América.

Prefácio

A maioria dos cristãos de hoje não tem a menor idéia sobre a história da Igreja e quão importante é compreendê-la. Mesmo quando voltamo-nos específicamente para história de uma denominaçáo, como dos batistas, as pessoas ainda são ignorantes. Esta é uma breve história da fundação do grupo chamado batista. A intenção é desafiá-lo a explorar ainda mais a história dos batistas assim como a história da Igreja por conta própria, para além do material aqui disponível.

Comecemos com a premissa básica sobre a história dos batistas: a moderna denominação batista começou na Inglaterra e na Holanda no início do século dezessete. Esta origem tem sido muito debatida através da história, mas nosso alvo aqui é mostrar que nossa premissa é mais próxima dos fatos históricos do que outras posições sustentadas. Desde o início dos anos 1.600, vemos dois grupos principais emergindo na Inglaterra que podemos classificar como batistas: Batistas Particulares e Gerais. Antes de explorarmos estes dois grupos detalhadamente, porém, focalizemos primeiro a história que deu início a estes dois grupos.

A História que Culminou com a Fundação dos Batistas
A Reforma
O ano era 1.517. Um monge desconhecido de nome Martinho Lutero fixou uma lista de problemas (95 para sermos exatos) sobre um dos novos programas da Igreja. Nesta lista difícil de pregar ele atacou a visão da Igreja sobre as indulgências, que eram o pagamento à Igreja para obter perdão de pecados. Lutero via estes pagamentos como uma abominação à obra expiatória de Cristo. "As Noventa e Cinco Teses" eram uma convocação para o debate, apesar de o debate nunca ter acontecido. Esta chamada, contudo, realmente sacudiu o povo da Alemanha. O desafio de Lutero continuou desprezado pela Igreja estabelecida durante algum tempo, mas o povo não o deixou morrer. Pela providência de Deus, a chamada para verem as Escrituras como a única autoridade para os cristãos, começou a soar por toda Alemanha e outras partes da Europa.

Este movimento, mais tarde chamado de Reforma, foi um movimento de retorno à Bíblia. O lema tornou-se Sola Scriptura e estes "rebeldes de Deus" começaram a espalhar a mensagem do Evangelho mais uma vez pelo mundo. Outros homens foram usados também para trazer esta mensagem do Deus Soberano dando a Seu povo Suas Escrituras. Homens como Ulrich Zwinglio, João Calvino, e João Knox sempre estiveram associados com este grande movimento de Deus.

Com a expansão da Reforma através da obra de Calvino e Knox, vemos o próximo grande impacto do Evangelho no século XVII. É aqui que começamos a ver o berço do movimento batista.

História Inglesa
A Inglaterra era um país em mudanças tanto política quanto religiosamente. Isto pode ser visto no rei Henrique VIII (1.509-1.547) e em seu Decreto de Supremacia (1.534). Este decreto separou a Igreja da Inglaterra do controle de Roma, todavia mesmo com esta separação a Inglaterra continuou amplamente católica na prática e na doutrina.

Então, o rei Eduardo VI subiu ao trono em 1.547. Apesar de ser apenas um garoto, ele conduziu seu país ao Protestantismo. Este movimento foi provavelmente devido ao fato de Eduardo ter sido treinado por conselheiros protestantes. Com seu zelo de jovem, Eduardo abriu a porta para a doutrina e a prática protestante fluir e crescer à medida que os anos se passavam.

Todavia, a morte prematura de Eduardo levou a uma radical e criminosa mudança na Inglaterra. Esta mudança trouxe a lume uma guerra pelo trono que foi finalmente tomado por Mary Tudor em 1.553. Durante seu reino de cinco anos, ela ativamente restaurou o sistema católico e começou a livrar sistematicamente a Inglaterra dos protestantes. Esta atividade deu-lhe o renomado nome de "Maria Sanguinária".

Elizabeth Tudor sucedeu Mary e governou de 1.559 a 1.603. Apesar de não ser uma pessoa realmente religiosa, Elizabeth mantinha um catolicismo de aparências. Porém, movimentos políticos levaram-na a aceitar o protestantismo. Esse movimento político, ligado à reações do povo contra a antiga rainha Mary, guiaram a Inglaterra à posição protestante mais uma vez. Elizabeth, não querendo perder nenhum tipo de vantagem política, organizou um compromisso entre católicos e protestantes. Este decreto foi chamado de "Acordo Elizabetano" e com ele surgiu o pensamento de que as guerras religiosas da Inglaterra estavam "resolvidas". Mas isso só durou por um curto período. Mesmo com esta "paz", muitos na Inglaterra ainda clamavam por reformas maiores na Igreja. Este clamor por mais reformas originou um grupo de pessoas que viria a formar uma grande parte dos fundamentos batistas. Este grupo é chamado puritano.

Os Puritanos
Tristemente, a maioria das pessoas hoje não possui uma compreensão apropriada dos puritanos. Eles tendem a ser interpretados como velhos fanáticos que só queriam estragar o prazer de todo mundo. Contudo, a visão moderna dos puritanos está longe da verdade. Talvez a contribuição seguinte sobre os verdadeiros puritanos nos coloque no caminho para um entendimento correto:

A questão essencial em entender os puritanos é que eles eram pregadores antes de qualquer outra coisa… em seus esforços eles eram conduzidos por sua preocupação em reformar o mundo através da Igreja, e todavia estes esforços foram frustrados pelos líderes da Igreja. O que os manteve unidos, encorajou seus esforços, e deu-lhes a dinâmica para persistirem foi a sua consciência de que eram chamados para pregar o Evangelho.

Os puritanos queriam ver a verdadeira reforma bíblica alcançar a Igreja. Estes antigos puritanos foram conduzidos pelo Bispo Hooker e Thomas Cartwright e começaram a clamar por uma Igreja "pura". Contudo, a rainha e a Igreja da Inglaterra não estavam dispostas a discutir com estes puritanos e assim começaram a forçar a conformidade religiosa pela lei. Assim encerrou-se um breve período de paz religiosa.

Os Separatistas
Esta exigência de conformidade da parte da forças políticas e religiosas da Inglaterra originaram um grupo conhecido como os "Separatistas". Os princípios por trás deste movimento eram a liberdade da Igreja do domínio do Estado, doutrina pura ao invés de doutrina diluída ou comprometida, e reforma geral da Igreja. Os separatistas tomaram a Bíblia a sério e determinaram-se a conduzir suas vidas por seus ensinos. Eles enfatizavam que a Igreja era formada somente por aqueles que foram redimidos, não um corpo de oportunistas politicamente orientados. Eles se recusavam a crer que a Bíblia ensinasse um governo eclesiástico hierárquico (governo de cima para baixo), ao invés disso clamando por um governo eclesiástico que tivesse alguma participação do povo (governo a partir dos níveis mais rasteiros). Eles preferiam uma liturgia simples de adoração que enfatizasse o Deus Santo. Eles sentiam que os documentos estatais e os auxílios escritos da Igreja da Inglaterra levavam as pessoas a focalizarem sobre as formas e não sobre o Deus Soberano; por isso estes tipos de "auxílio" eram detestados.

Foi deste tipo de clamor por pureza na Igreja, tanto na adoração como na prática diária, que a "denominação batista", como é conhecida hoje, emergiu através do movimento separatista inglês. A melhor evidência histórica confirma esta origem, e nenhum grande erudito se levantou nesta metade de século para desafiá-la." (McBeth) Conforme dissemos anteriormente, os batistas emergiram com dois grupos separados. Voltemos nossa atenção agora para o exame destes dois grupos diferentes:

Batistas Antigos ou Gerais
Este grupo veio a ser conhecido como "Batistas Gerais" porque acreditavam na expiação geral. Os Batistas Gerais também tinham uma crença distinta em que os cristãos podiam enfrentar a possibilidade de "cair da graça". Os dois principais fundadores do movimento dos Batistas Gerais foram John Smyth e Thomas Helwys.

Acredita-se que a primeira Igreja Batista Geral foi fundada por volta de 1.608 ou 1.609. Seu fundador foi John Smyth (1.570-1.612) e está localizada na Holanda. A história de Smyth começa na Inglaterra onde ele foi ordenado como sacerdote anglicano em 1.594. Logo depois de sua ordenação, seu zelo levou-o à prisão por recusar-se a conformar-se aos ensinos e práticas da Igreja da Inglaterra. Ele foi um orador que era rápido em desafiar outros sobre suas crenças, mas era também tão rápido para mudar suas próprias posições à medida que sua própria teologia pessoal mudava. Smyth continuamente combateu a Igreja da Inglaterra até que começou a ficar óbvio que ele não podia mais ficar em comunhão com esta igreja. Assim, ele finalmente rompeu totalmente com ela e se tornou um "separatista".

Em 1.609, Smyth, junto com um grupo na Holanda, veio a crer no batismo do crente (oposto ao batismo de crianças que era a norma da época) e eles se uniram para formar a igreja "batista". No início, Smyth concordava com a posição ortodoxa típica da igreja; mas à medida que o tempo passava, como era tão típico, ele começou a mudar suas posições. Primeiro, Smyth insistiu que a verdadeira adoração era do coração e que qualquer forma de leitura a partir de um livro na adoração era uma invenção do homem pecador. Oração, cântico e pregação tinham que ser completamente espontâneos. Ele foi tão longe com esta mentalidade que não permitia a leitura da Bíblia durante a adoração "uma vez que ele considerava as traduções inglesas das Escrituras como algo menos do que a palavra direta de Deus" (McBeth, p 35).

Segundo, Smyth introduziu uma liderança eclesiástica de duas dobras, pastor e diácono. Isso estava em contraste com a liderança reformada de três dobras composta por presbítero-pastor, presbítero-leigo e diáconos.

Terceiro, com sua recém-descoberta posição sobre batismo, uma preocupação completamente nova surgiu para estes "batistas". Tendo sido batizados quando crianças, eles todos perceberam que tinham que ser rebatizados. Uma vez que não havia outro ministro para administrar o batismo, Smyth batizou-se a si mesmo e então continuou a batizar seu rebanho. Uma observação interessante neste ponto que deveria ser feita como fundamentação é que o modo do batismo usado era o da aspersão, pois a imersão não se tornaria o padrão durante mais uma geração. Antes de sua morte, como parece característica de Smyth, ele abandonou sua visão batista e começou a tentar trazer seu rebanho para a igreja menonita. Apesar de ter morrido antes que isso acontecesse, a maior parte da congregação uniu-se à igreja menonita depois de sua morte.

Agora voltamos nossa atenção para Thomas Helwys. Ele tinha um relacionamento meio agitado com Smyth, mas depois que Smyth começou a se afastar da fé dos batistas gerais, Helwys continuou com os primórdios batistas. Helwys levou seu pequeno grupo para a Inglaterra em 1611 e esta foi considerada a primeira igreja batista em solo inglês. Este grupo aferrado ao batismo do crente, rejeitou o calvinismo por uma posição favorável ao livre-arbítrio (o que incluía o cair da graça), e permitiu que cada igreja elegesse seus oficiais, tanto presbíteros como diáconos (ou diaconisas). Por volta de 1.624, havia cinco igrejas batistas gerais conhecidas e por volta de 1650 elas contavam pelo menos 47 (McBeth, p 39). Apesar de alguns poderem ver o movimento batista moderno neste grupo, temos que entender que as crenças deste grupo estão longe da herança reformada que modelou a fé dos batistas modernos.

Batistas Particulares
Diz-se freqüentemente que os batistas na Inglaterra se dividiram sobre a doutrina da expiação, mas isso não é reflexo de uma verdade histórica. Sim, é verdade que os dois grupos mantinham diferentes visões sobre a expiação e doutrina em geral, mas eles não se dividiram. Antes, eles emergiram como dois grupos separados. Como foi com os batistas gerais, os batistas particulares surgiram do movimento separatista. Este grupo emergiu nos anos 1.630. Este grupo foi influenciado pelo grande reformador João Calvino e sustentava fortemente a expiação "particular". Acredita-se que a primeira igreja tenha sido fundada por volta de 1.633 ou 1.638, de acordo com alguns. Independentemente desta datação, porém, está claro que por volta de 1.644 os batistas particulares contavam pelo menos sete igrejas. Um ponto impressionante sobre este pequeno e muito jovem grupo é que em 1.644 estas igrejas atuaram juntas para redigir uma confissão de fé chamada de Primeira Confissão Batista de Londres. Esta confissão precedeu a amplamente conhecida Confissão de Fé de Westminster por dois anos. Conforme veremos, as atuais igrejas batistas podem recuar traçando uma linha até estes primeiros batistas.

Apesar da história batista típica ser atribuída mais ao movimento dos batistas gerais, é, na verdade, aos batistas particulares que a maioria dos batistas modernos devem sua doutrina e práticas. Como um historiador nos recorda, os batistas gerais sempre representaram uma pequena parte da vida batista na Inglaterra, e uma parte menor ainda na América. A influência deles sobre as principais correntes da vida batista em ambos os países parece ter sido muito pequena (McBeth, p 40).

A história do movimento batista particular começa com Henry Jacob (1.563-1.624). Apesar de Jacob nunca ter se tornado um batista, ele foi uma influência básica para o que seriam os batistas particulares. Poderíamos chamar Jacob um separatista moderado. Jacob não estava disposto a chamar a Igreja da Ingalterra de anticristo, portanto ele trabalhou continuamente para reformá-la. Em 1.603, Jacob assinou um documento que clamava por reforma na Igreja da Inglaterra. Este documento deveria ser vetado pelo rei Tiago I. Apesar de Jacob não pedir separação, ele escreveu um tratado intitulado "Razões" tirado da Palavra de Deus e dos melhores testemunhos humanos para provar a necessidade de reformar as igrejas na Inglaterra. Com a publicação deste livro, Jacob foi lançado na prisão por um curto período. Quando de sua libertação, ele foi para o exílio na Holanda como fizera a maioria dos separatistas. Apesar de estar relutante em cair radicalmente sobre a Igreja da Inglaterra, ele veio a fazer uma distinção entre as verdadeiras e falsas igrejas da Igreja da Inglaterra. Esta nova abordagem fê-lo clamar por liberdade para formar diferentes tipos de igrejas com diversos tipos de adoração.

Em 1.616, Jacob pôde retornar à Inglaterra e formou a Igreja JLJ, como é conhecida hoje (pelas iniciais de seus três primeiros pastores: Henry Jacob, John Lathrop, e Henry Jessey). Era essa igreja que daria mais tarde início aos batistas particulares. Esta igreja tinha vários debates surgindo em seu meio sobre batismo, debates que levaram a diferentes rompimentos na Igreja JLJ. Um rompimento aconteceu em 1.633 quando dezesseis pessoas pediram permição para saírem da Igreja JLJ para formar uma igreja separada. As razões para esta divisão eram duplas. A primeira estava além da necessidade. A Igreja JLJ estava se tornando grande demais e corria perigo de ser "descoberta" (uma vez que era ilegal ficar fora da Igreja da Inglaterra). A segunda razão citada era a de que havia muita conformidade com a Igreja da Inglaterra. Em 1638, um outro rompimento aconteceu quando seis pessoas deixaram a igreja JLJ por causa da questão do batismo de crentes, que eles mantinham fortemente. Assim, a primeira Igreja Batista Particular pode ser vinculada a uma ou ambas as igrejas.

Panorama das Origens Batistas
Como tentamos esclarecer, a história destaca que as origens da vida batista surgiram do movimento separatista dos anos 1.600 na Inglaterra. Todavia, esta não é a única visão que tem sido apresentada a respeito das origens dos batistas. Por amor à clareza histórica, precisamos explorar brevemente estas outras posições que tem sido declaradas a respeito da origem do movimento batista.

A Influência Anabatista
A maioria dos batistas engana-se ao pensar que vieram dos anabatistas só porque a palavra "batista" é encontrada no nome deles. Mas precisamos usar de muito cuidado aqui. Temos que explorar quem foram realmente os anabatistas e fazer uma pergunta de suma importância: São eles realmente representantes das crenças batistas?

Quem são estas pessoas chamadas "anabatistas"? Este grupo se refere a uma comunidade de rebeldes durante o período da Reforma; eles eram considerados a ala radical da Reforma. Mesmo dentro deste grupo havia várias visões e facções. Duas principais facções podem ser identificadas: os "anabatistas revolucionários" e os "anabatistas evangélicos." (NDT) Nós realmente não queremos gastar muito tempo sobre o grupo revolucionário, pois eles dificilmente refletem uma abordagem bíblica do cristianismo. Eles, na verdade, tomaram a forma de uma seita, sustentando uma visão experimental extremamente mística e crendo que seus líderes eram profetas. Eles estavam também prontos a usar a violência para abrir caminho.

Por outro lado, os anabatistas "evangélicos" foram um movimento diferente. E é deste grupo que muitos dizem que o movimento batista nasceu. Assim, precisamos tomar algum tempo para examiná-los. Este grupo, antes de tudo, rejeitava a visão ortodoxa cristã do pecado. Ao invés de sustentar que o pecado é uma cadeia tanto da natureza como das ações da humanidade, eles sustentavam que o pecado era "a perda da capacidade ou uma doença séria." (NDT) Os anabatistas, seguindo a visão de justificação de Roma, sustentavam que Deus nos justifica e então aceita com base em nossa justiça. Eles também acreditavam que Cristo não recebeu Seu corpo de Maria, mas sustentavam uma origem celestial para a Sua carne. Em tratando-se do mundo, os anabatistas acreditavam que devíamos nos separar totalmente do mundo (apesar de eles terem mergulhado num evangelismo zeloso na ocasião). Os anabatistas rejeitavam o batismo de crianças e sustentavam o batismo do crente, mas seu modo era em grande parte aspersão, não o derramar água ou o imergir. Sua visão de interpretação da Escritura era de estrita imitação, o que levou a grandes movimentos de legalismo.

Quando olhamos para os anabatistas temos que concordar que houve algumas similaridades com os antigos batistas gerais, mas de um modo geral estas semelhanças são leves e nem sempre relacionais. No final, temos que dizer que este grupo de Cristãos não reflete o ensino histórico dos batistas. A maior parte da história batista demonstra que os batistas sustentaram uma forte posição sobre o pecado, tanto em nossa natureza como em nossas ações, não apenas como uma simples doença. Os batistas também têm sustentado a crença no nascimento virginal e vêem que isso aponta para a doutrina do Deus-Homem, não somente como um ilusão celestial. Da mesma forma, os batistas têm sustentado fortemente a recuperação da doutrina da justificação da Reforma Ãê que é baseada na justiça de Cristo somente e não na nossa justiça porque não temos nenhuma. E finalmente, os batistas tem sempre visto que as Escrituras devem ser estudadas e aplicadas à vida cotidiana através do poder do Espírito Santo e não seguidas em cega imitação ou por um salto de fé. Portanto, devemos claramente rejeitar, como o faz a história, que as origens dos batistas fluem dos anabatistas.

Continuação ou Sucessão do Ensino Batista
A próxima visão da origem batista não é fortemente defendida hoje mas ainda encontra expressão em alguns círculos batistas. Esta visão é conhecida como a Continuação ou visão Sucessivista. Ela declara que a igreja batista pode ser traçada através dos tempos numa sucessão ininterrupta de igrejas batistas organizadas (apesar de não terem o nome de batistas) até Jesus Cristo e João Batista. Temos que ter cuidado com o modo como refutamos esta posição, pois não queremos de modo algum dizer que nossa herança batista não veio de Cristo e das verdades estabelecidas nas Escrituras Sagradas. Mas temos que falar contra a posição que sustenta que nossa história é uma trilha de verdadeiras igrejas batistas que pode ser traçada desde o Novo Testamento até os dias atuais.

Esta visão sucessivista tem sido apresentada num livrete chamado "A Trilha de Sangue" por JM Carroll. Este livrete tenta mostrar que "de acordo com a História, os batistas têm uma linha ininterrupta de igrejas desde Cristo." Este livro e outros como ele têm enfatizado que João Batista representa o início da denominação e que Jesus formou-a e prometeu que ela nunca fracassaria. Eles fizeram declarações arrogantes como "a verdadeira igreja é batista" e "todos as comunidades cristãs durante os três primeiros séculos eram da denominação batista." Estes tipos de visão são mais baseados em fontes inadequadas e numa mentalidade polêmica do que numa base histórica. Eles fazem grandes suposições onde faltam evidências. Esta posição inflexível surgiu em um tempo (anos 1.800) de intensa competição denominacional, quando as pessoas criam que a fé era algo que vinha de dentro deles e não um maravilhoso dom da graça de Deus. Muitos pensavam que este tipo de visão traria de volta a segurança que havia sido perdida com a emergência da sociedade moderna. (McBeth pp 58-61)

Precisamos também nos recordar que quase todos os batistas primitivos rejeitaram a visão sucessivista. John Smyth foi um destes, como pode ser visto em seus escritos: "Eu nego toda sucessão exceto na verdade" e "Não há sucessão na igreja exterior, mas que toda sucessão é do céu." (McBeth p 60). Thomas Helwys, falando contra a mentalidade sucessionista, disse: "Nenhum homem pode jamais prová-la… lance isso fora, visto que não há garantia na palavra de Deus para assegurar-lhe isso, que ele ou eles foram os primeiros." (McBeth pp 60-61). Também John Spilsbury, um pastor batista particular, declarou: "Não há sucessão sob o Novo Testamento, mas o que é espiritualmente pela fé e pela Palavra de Deus." (McBeth p 61) Esta última citação nos dá um modo apropriado de olhar para nós mesmos como batistas. Apesar de não termos sempre existido como denominação batista, é sobre a verdade eterna de Deus que fomos formados! Mais uma vez, somos recordados disso na Confissão Batista de Fé, cap. 26:3: "As igrejas mais puras sob o céu são sujeitas à mistura e ao erro; e algumas têm se degenerado de tal maneira que deixaram de ser igrejas de Cristo, mas sinagogas de Satanás; não obstante, Cristo sempre tem tido, e sempre há de ter um reino neste mundo, até o fim, daqueles que crêem nele, e fazem profissão do seu nome." Assim, o que devemos ver é que a denominação batista começou a partir da Reforma, especificamente dos separatistas da Inglaterra. Com isso em mente, nós como um grupo protestante devemos refletir nossos antecedentes reformados e manter, como nossos pais fizeram, as doutrinas da graça, justificação pela fé somente, autoridade da Escritura e sacerdócio de todos os crentes.

O Desenvolvimento da História Batista
Voltemos agora a ver como os batistas floresceram na Inglaterra e então como eles moveram-se para os Estados Unidos. Temos que prestar especial atenção ao movimento para o novo mundo, pois é aqui que nós batistas americanos descobrimos nossos pais batistas diretos.

Batistas na Inglaterra
Nós agora vemos que em meados dos anos 1.600, ambos os grupos batistas estavam funcionando na Inglaterra. Mas o que, exatamente, aconteceu a estes dois grupos diferentes; o que aconteceu às suas igrejas? Os batistas gerais adentraram os anos 1.600 com um movimento crescente, mas à medida em que os anos 1.600 se encerravam e os 1.700 começavam, este grupo estava confuso com problemas doutrinários. A deidade de Cristo começou a ser questionada. Os batistas gerais estavam morrendo rapidamente com esta mentalidade anti-bíblica. Todavia, em 1.763, um convertido metodista chamado Dan Taylor reavivou os batistas gerais por um tempo, chamando-os de volta a uma abordagem bíblica. Mas uma vez mais, esta "Nova Conexão" (1.770) somente durou por um tempo. A razão pela qual esta visão foi perdida rapidamente foi provavelmente devida ao fato de que os batistas gerais tinham alistado em suas patentes pastores e líderes pouco instruídos. Só levou uma geração mais para que os batistas gerais saíssem da história.

Os batistas particulares tiveram uma história diferente. Os anos 1.600 trouxeram grande crescimento para eles mesmo em meio à perseguição religiosa grassando na Inglaterra. Em 1644, os batistas particulares publicaram a Primeira Confissão Batista. Esta confissão era calvinista em seu caráter e rejeitava todas as sugestões de que eles fossem anabatistas. Apesar desta Confissão não ser exaustiva, ela foi um forte documento que ajudou a unir os primitivos batistas particulares.

Então, em 1.677, uma segunda confissão foi desenvolvida refletindo a Confissão de Westminster (1.647) e a Declaração de Savoy (1.658). Em sua maior parte, esta confissão seguiu a Confissão de Westminster mas em sua posição sobre o governo da igreja (o assunto crítico aqui era o poder da igreja) a Confissão Batista segue a Declaração de Savoy. Esta nova Confissão Batista saiu para lidar com assuntos como que tipo de poder as associações representativas nas igrejas tinham sobre as igrejas locais. Também, lidava com batismo estabelecendo uma posição sobre o batismo de crentes ao invés de manter o batismo infantil. Temos que manter em mente que não se chegou a esta distinção seguindo os "anabatistas", mas ela emergiu do intenso desejo de refletir a Escritura conforme ela nos foi dada.

Os batistas particulares na Inglaterra tiveram seu declínio também, mas o deles era um movimento para a direita e não para a esquerda. O começo do hiper-calvinismo.

Foi em 1.707 que a Associação Batista Filadélfia foi fundada. Esta forte fraternidade batista particular teve um efeito duradouro sobre os batistas na América. Em 1.742, esta associação adotou a Confissão Batista de Londres de 1.689 como sua confissão de fundação, e deu-lhe um novo nome: A Confissão de Fé de Filadélfia. Estes batistas foram ágeis em colocar sua fé em ação, e em 1.770 eles fundaram uma Faculdade e começaram a enviar missionários regularmente por toda a América. Deste tempo em diante, os batistas particulares encobriram os fracassados batistas gerais. Mas mesmo com sua forte posição histórica e doutrinária, os batistas particulares também começaram a perder sua pureza doutrinária no Novo Mundo.

O Declínio dos Batistas Particulares
A questão com a qual vamos encerrar este estudo é: por que os batistas perderam sua herança reformada? Como essa perda de doutrina aconteceu?

Samuel E Waldron, em seu livro Raízes Batistas na América, nos dá várias razões para este grande declínio em nossa herança. É muito importante que entendamos estes fatores, pois, como é típico, nós batistas modernos estamos continuando nos mesmos erros de anos passados. Comecemos a explorar a avaliação de Waldron sobre este grande declínio.

Primeiro, Waldron chama a nossa atenção para o ethos democrático americano. Esta foi a mentalidade americana de absoluta liberdade que surgiu com a Revolução Americana. A América tinha uma forte mentalidade independente e esta cosmovisão começou a infiltrar-se na Igreja. Como qualquer cosmovisão independente e auto-centrada, o Deus Soberano foi colocado na prateleira, por assim dizer, por um Deus que não impedirá nossa independência. Este tipo de ethos foi o que levou ao começo do declínio das crenças dos batistas particulares.

Em segundo lugar, nós vemos outra causa para o declínio no "reavivalismo" dos batistas particulares que varreu o nosso país nos anos 1.700 e 1.800. Temos que evitar compreender mal este ponto; o problema não estava com o reavivamento, mas com as respostas ao reavivamento. Foram as duas respostas extremistas que causaram esta grande tragédia. Um extremismo para este reavivalismo começou com a idéia de que tem que haver ordem na igreja. Isso levou a um legalismo linha-dura que causou morte lenta naquelas igrejas que tomaram esta direção, e como os batistas particulares caíram nesta posição, começaram a declinar. O outro extremo era o da experiência segundo o coração do indivíduo. Isto levou a uma posição anti-tradicional e abriu as portas para o arminianismo. Este novo método de igreja era apelativo a muitos batistas, pois eles objetivavam sua sobrevivência; mas ao invés de sobrevivência isso produziu um vírus na igreja que atacou exatamente o cerne da herança reformada batista.

Em terceiro lugar, vemos o "sincretismo" como a próxima queda dos batistas particulares. O sincretismo está unindo duas posições em uma. Esta adaptação de teologia nos estágios iniciais de nosso país foi visto por alguns como uma necessidade de forma que o evangelho pudesse seguir sem impedimento. Mas este sincretismo levou a um desvio teológico que condenou a herança batista a uma versão fraca e diluída de suas raízes calvinistas. Como foi com os filhos de Israel no Velho Testamento, assim os batistas na América permitiram que o lume da cultura contemporânea os cegasse para as verdades que Deus revelou.

Em quarto lugar, quando há um movimento para diluir a teologia, há uma transferência para o outro extremo. Esta oscilação foi o "hiper-calvinismo". Muitos hoje precisam ser desafiados neste ponto, pois o que eles chamam calvinismo não é o verdadeiro calvinismo bíblico, mas a variação "hiper". Porque alguém não gosta de uma posição, ele não tem o direito de definí-la em sua formas extremistas. Todavia, é preciso dizer que o "hiper-calvinismo" não tem nada a ver com o verdadeiro calvinismo e temos que ser ágeis em dizer também que isso não tem parte no cristianismo. "Hiper-calvinismo" é uma negação da idéia de que a chamada do evangelho se destina àqueles que não são eleitos... isso é a negação da idéia de que a fé é o dever de cada um que ouve o evangelho (Waldron p 22). Como dissemos antes, quando uma posição extremista é tomada, uma morte lenta certamente se seguirá. Quando várias igrejas batistas particulares tornaram-se "hiper-calvinistas", seu colapso havia chegado. E com o seu colapso foram-se também aquelas igrejas que tinham sido rotuladas como "hiper-calvinistas", pois parece que quando o rótulo é colocado sobre alguém que lembra posição tão desastrosa, ele também é radicalmente afetado.

Em quinto lugar, o declínio foi também resultante do "liberalismo". Esta nova cosmovisão avassalou a América como uma tempestade e foi aceita de uma forma ou de outra. Quando este grupo começou a enfatizar o individualismo sobre tudo o mais, a forte visão sobre a soberania de Deus e os absolutos das Escrituras começou a ruir na igreja. Muitas igrejas começaram a aceitar esta posição depois da Guerra Civil e a influência dos batistas particulares estava em declínio como estava toda a fé ortodoxa.

Por último, vemos que o "Movimento Fundamentalista" foi outro grande fator no declínio dos batistas particulares na América. Os fundamentalistas, respondendo ao liberalismo, produziram um inesperado extremo oposto: o do legalismo. Esta nova mentalidade cristã clamava por uma visão geral da doutrina. Eles sustentavam que as verdades grandemente reclamadas pela Reforma não eram importantes, pois eles criam que a doutrina leva o indivíduo a descansar sobre o conhecimento somente, sem abrir a Bíblia. Eles sustentavam uma posição não-credal e enfatizavam as emoções mais do que as doutrinas. Isso levou ao que pode ser chamado ensurdecimento do conhecimento bíblico e doutrinário e eventualmente desembocou numa salvação de "fácil aceitação". Esta "nova" visão de salvação enfatizava a fé centrada no homem ao invés da fé centrada em Deus. Como acontece com qualquer posição antropocêntrica, a doutrina se perdeu. E quando a dourtina se perdeu, perdeu-se a nossa grande herança batista.

Uma Chamada para Reforma
Agora que vimos os fundamentos históricos da igreja batista e que eles podem ser alinhados de volta aos batistas particulares, precisamos reclamar nossa herança. Quanto mais ficarmos longe da doutrina reformada tanto mais veremos um declínio no conhecimento bíblico e espiritualidade. Temos que ver que a herança batista é fortemente enraizada na Reforma que resgatou a Escritura de uma igreja pragmática. Conforme olhamos à nossa volta hoje, observamos que a maioria das igrejas batistas (e neste assunto a igreja evangélica como um todo) estão sendo devoradas pelo pragmatismo. Se quisermos ver uma Reforma hoje, temos que voltar à nossa herança reformada. A teologia batista tem produzido uma das mais fortes influências no mundo desde 1.700. Mas não devemos permitir que uma versão diluída da teologia batista interrompa nossa influência contínua. Se vamos nos chamar batistas, temos que seguir nossos antecessores em sua busca pela pureza bíblica para com as doutrinas ortodoxas cristãs. Somos um povo de doutrina, um povo que tem vindo da Reforma para chamar o mundo a seguir o Soberano Deus que enviou Seu Filho para morrer na cruz por todo aquele que viria a crer! Comecemos esta Reforma hoje!

Notas
"Somente a Escritura", em latim.

Packer, JI, A Quest for Godliness.

McBeth, H Leon, The Baptist Heritage, Broadman Press: Nashville, 1.987, p 31.

Expiação geral é a crença de que Cristo morreu para salvar toda e qualquer pessoa que viveu e virá a viver, embora só receba a salvação quem O aceitar.

Expiação particular é a crença de que Cristo morreu por seu povo escolhido somente.

New Dictionary of Theology, "Anabaptist Theology", InterVarsity Press: Downers Grove, Illinois, 1988, p 18.

Legalismo: uma visão de estrita imitação na qual uma pessoa somente viverá as passagens diretamente da Escritura. Assim, se não obedecermos palavra por palavra da Escritura não temos parte em praticar ou pensar sobre ela. Não há lugar para princípios, nem para uma abordagem sistemática das Escrituras.

A doutrina do sacerdócio de todos os crentes tem sido historicamente ensinada como sendo que o Espírito Santo guia Seu povo individualmente através do "julgamento particular", "da comunidade atual dos santos" e da "herança cristã".

O arminianismo sustenta que a salvação está aberta a toda a humanidade e é baseada na decisão do homem em aceitar ou rejeitar a Cristo.

A Confissão de Savoy é congregacional e foi escrita por John Owen, Thomas Goodwin, Philip Nye, William Bridge, Joseph Caryl and William Greenhill (todos exceto Owen estiveram na Assembléia de Westminster).

Hiper-calvinismo é a crença de que Deus planejou o mundo de tal forma que causas secundárias (nossas ações) não são necessárias de modo algum, ou seja, se Deus já escolheu quem vai ser salvo, não é necessário pregar o Evangelho. Esta visão não reflete o calvinismo histórico. Poderíamos chamá-la anti-calvinismo, pois não reflete os ensinos bíblicos de Deus e Sua criação.

Samuel E Waldron, Baptist Roots in America, Simpson Publishing Company: Boonton; New Jersey, 1.991.

Pragmatismo é a crença que diz "se funciona, tem que estar certo". É uma mentalidade do tipo "os fins justificam os meios".

Posfácio
Este texto foi encontrado nos arquivos da extinta lista de discussão Teonet, e publicado em Textos da Reforma. Desconhecemos o seu tradutor, mas recentemente encontramos sua versão original em Inglês.

Revisado pelo pastor batista Franklin Ferreira, e por Leandro Guimarães Faria Corsetti Dutra.

fonte:http://www.uira.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5:a-origem-da-igreja-batista&catid=42:cristianismo&Itemid=54

14:31

O Proveito de Estudar e Pregar a Eleição

O estudo da eleição dá a devida glória a Deus. No homem natural, sem a graça de Deus, não habita bem algum (Rm. 7:18) e não pode fazer nenhuma coisa boa que agrada a Deus (Rm. 8:8) sendo que a inclinação da carne é apenas morte (Rm. 8:7).

O desejo do homem natural não busca Deus (Rm. 3:11) e a sua mente não entende as coisas de Deus (I Co. 2:14). Tudo que Deus requer para a salvação, o arrependimento e a fé, não vem do homem mas de Deus (Jo. 1:12,13; 6:29, 44; At. 16:14; Ef. 2:8,9). A eleição incondicional, pessoal, particular e preferencial atribui a Deus, e somente a Deus, toda e qualquer obra boa que o homem vem a fazer para agradar a Deus. Tanto a santificação do Espírito quanto a fé na verdade é atribuída a Deus (Ef. 2:8,9) e, por isso, somos incentivados pela Palavra de dar graças a Ele por eleger os Seus para a salvação (II Ts. 2:13).

Devemos observar nesse ponto que na salvação, o homem tem uma responsabilidade de escolher o arrependimento e a fé, mas o nosso estudo não é a responsabilidade do homem mas a eleição divina. Na salvação, o homem tem uma responsabilidade que exercita em resposta à operação divina, mas na eleição, apenas Deus opera.

O estudo da eleição é conveniente por ser uma verdade revelada na Palavra de Deus. Toda a Escritura é inspirada e portanto, é proveitosa (II Tm. 3:16). Os ministrantes de Deus, que querem ter uma boa consciência, têm responsabilidade de “anunciar todo o conselho de Deus” (At. 20:27). Se a eleição existe na Bíblia é porque ela é proveitosa e, sendo parte do cânon, deve ser anunciada. Há assuntos que não são revelados a nós, e estes assuntos não são para nós anunciarmos ou estudarmos, mas, os que são revelados, como é o caso da eleição, são tanto para nós quanto para nossos filhos (Dt. 29:29).

O estudo da eleição prioriza a fé sobre o raciocínio do homem. É uma verdade que a eleição não é entendida facilmente. Se não estudássemos os assuntos da eleição por serem difíceis de entender, mostraríamos uma falta de fé na inspiração das Escrituras e uma confiança maior no raciocínio do homem. Quando consideramos mais a lógica do homem do que as declarações divinamente inspiradas, duvidamos que elas são proveitosas para o ensino, a correção e o aperfeiçoamento dos servos de Deus. O deixar de crer no que a Bíblia claramente revela por não seguir a lógica do homem, seria dar primazia à lógica humana e não à fé. A fé não se manifesta naquilo que se pode racionalizar mas naquilo que se crê apenas por ser revelado pela própria Palavra de Deus (Hb. 11:1, 6). Deus não pede que entendemos tudo que é revelado pelas Sagradas Escrituras, mas espera que os que querem O agradar, crêem naquilo que Ele revela, pela fé.

O estudo e a proclamação das doutrinas da eleição fazem parte da adoração verdadeira. A adoração que Deus aceita é aquela que é segundo o Seu Espírito e conforme a Sua verdade declarada. Deus já expressou qual é a maneira que convém adorá-lo: Em espírito e em verdade (Jo. 4:24). Do próprio coração do homem natural não emana verdade mas somente a perversidade e o engano (Jr. 17:9; Mt. 15:11, 18-20), mas a verdade de Deus é Cristo (Jo. 14:6) e é ministrada em nós pelo Espírito Santo (Jo. 16:13; I Co. 2:14-16). Se a verdade importa na adoração verdadeira, e se a verdade vem de Deus, o estudo da eleição só pode agradar a Deus pois ela é a declaração da verdade. O estudo da eleição é aceita por Ele como aquela adoração que Lhe convém. Se as verdades da eleição forem ignoradas e não estudadas, a adoração a Deus pela declaração da verdade será comprometida. Verdadeiramente, pela eleição, um grau imenso do amor de Deus, da Sua misericórdia, da Sua justiça e dos Seus atributos santos são entendidos, e, esse entendimento agrada a Deus.

O estudo da doutrina da eleição promove crescimento espiritual. A obra do ministrante que é chamado para anunciar todo o conselho de Deus pela Palavra de Deus, quando exercitado corretamente, promove conforto na alma, edificação em espírito e conformidade à imagem de Cristo (Ef. 4:11-16; I Tm. 4:14-16). Não o ensino da verdade, mas a falta do ensino dela destrói, desestabiliza e engana. Jamais aquela que instrui, reprova, corrige e ensina seria para a destruição de qualquer membro na igreja. Os rudimentos básicos das doutrinas bíblicas são o leite racional que promove crescimento (I Pe. 2:2). A doutrina mais avançada, que inclui a doutrina da eleição, é mantimento sólido e faz os sentidos que por ela é exercitada a crescerem para o discernimento tanto do bem como do mal. (Hb. 5:11-14).

O estudo da eleição produz evangelismo bíblico. Nem todos que dizem: “Senhor, Senhor” agradam o Senhor Deus mas somente os que fazem a vontade do Pai (Mt. 7:21). Nem tudo que pode encher uma igreja ou arrumar seguidores é de Deus (At. 5:35-37; II Tm. 4:3,4). A eleição direciona e impulsiona os ânimos evangelizadores ao uso dos meios bíblicos, quais são a pregação de Cristo (Rm. 10:17; II Ts. 2:13,14) e a oração zelosa (Tg. 5:16; II Tm. 2:1-10). Um entendimento da operação de Deus pela eleição faz com que o evangelista não se contenta naquilo que é meramente visível mas naquele crescimento que vem somente de Deus (I Co. 3:6,7). A pregação bíblica inclui a eleição (Mt. 11:25,26; Jo. 6:37, 44, 65; 10:26) e é uma boa mensagem pois destroi qualquer esperança que o pecador possa ter em si mesmo ou numa obra humana ou religiosa. Pela pregação da eleição o pecador é incentivado a clamar ao Deus soberano para ter misericórdia na face de Jesus Cristo (Rm. 2:4; Is. 55:6,7). Esta é evangelização bíblica (I Co. 2:1-5).


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Autor: Pastor Calvin Gardner
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br

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