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O Pacto da Graça - uma breve introdução

Há um mês atrás preguei à minha congregação sobre os Pactos da Redenção, das Obras e da Graça. Devido ao grande interesse deles em estudar mais sobre o Pacto da Graça, trarei aqui alguns posts relacionados a este assunto.
Analisarei o que a Palavra de Deus diz sobre o assunto bem como o que algumas confissões de fé reformadas afirmam sobre o mesmo. Espero que lhe seja edificante.
Comecemos por entender do que se trata um pacto.
O QUE É UM PACTO
Por pacto entende-se a presença de partes contratantes. Há, pelo menos, duas partes. Além destas, há condições, promessas e penalidades presentes também.1 No primeiro pacto, o chamado das Obras, Deus tratou com Adão, sendo este o representando de todos os seus descendentes com relação ao pacto. A promessa dada por Deus neste primeiro pacto era a vida. A condição era a perfeita e completa obediência pessoal. Com a queda do homem, quebrando o Pacto das Obras, surge o Pacto da Graça, devido àquilo que a Confissão de Fé de Westminster chama de incapacidade do homem de ter vida. Por isso, “o Senhor dignou-se a fazer um segundo pacto”.2 Neste, Deus livremente oferece a vida e salvação através de Jesus Cristo aos pecadores, exigindo apenas fé destes em Cristo, prometendo dar a eles a vida eterna e Seu Santo Espírito, “para dispô-los e habilitá-los a crer”.3
O capítulo da Confissão de Fé de Westminster que trata deste assunto é o sétimo. Neste, a Confissão trata do ‘Pacto de Deus com o Homem’, sendo dividido em seis seções. Divido em dois pactos, o ‘das Obras’ e o ‘da Graça’, nos ateremos ao último sendo que, em apenas alguns momentos citaremos o primeiro. Quanto ao Pacto da Graça, assim nos diz a Confissão de Fé de Westminster:
III. O homem, tendo-se tornado pela sua queda incapaz de vida por esse pacto, o Senhor dignou-se fazer um segundo pacto, geralmente chamado o pacto da graça; nesse pacto ele livremente oferece aos pecadores a vida e a salvação por Jesus Cristo, exigindo deles a fé nele para que sejam salvos; e prometendo dar a todos os que estão ordenados para a vida o seu Santo Espírito, para dispô-los e habilitá-los a crer.
IV. Este pacto da graça é freqüentemente apresentado nas Escrituras pelo nome de Testamento, em referência à morte de Cristo, o testador, e à perdurável herança, com tudo o que lhe pertence, legada neste pacto.
V. Este pacto no tempo da Lei não foi administrado como no tempo do Evangelho. Sob a Lei foi administrado por promessas, profecias, sacrifícios, pela circuncisão, pelo cordeiro pascoal e outros tipos e ordenanças dadas ao povo judeu, prefigurando, tudo, Cristo que havia de vir; por aquele tempo essas coisas, pela operação do Espírito Santo, foram suficientes e eficazes para instruir e edificar os eleitos na fé do Messias prometido, por quem tinham plena remissão dos pecados e a vida eterna: essa dispensarão chama-se o Velho Testamento.
VI. Sob o Evangelho, quando foi manifestado Cristo, a substância, as ordenanças pelas quais este pacto é dispensado são a pregação da palavra e a administração dos sacramentos do batismo e da ceia do Senhor; por estas ordenanças, posto que poucas em número e administradas com maior simplicidade e menor glória externa, o pacto é manifestado com maior plenitude, evidência e eficácia espiritual, a todas as nações, aos judeus bem como aos gentios. É chamado o Novo Testamento. Não há, pois, dois pactos de graça diferentes em substância mas um e o mesmo sob várias dispensações.4

No próximo post, tentarei analisar como os puritanos lidaram com esta doutrina quase totalmente riscada da agenda dos púlpitos de nossas igrejas.
Até breve!

Wilson Porte Jr.
Post Tenebras Lux

Notas
1 HODGE, Alexander A. A Confissão de Fé de Westminster Comentada por A.A.Hodge. São Paulo: Puritanos, 1999, p. 171.
2 BEEKE, Joel; FERGUSON, Sinclair B. Harmonia das Confissões de Fé Reformadas. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 53.
3 Ibid., p. 53.
4 Ibid., p. 53, 55.

Fonte: http://rumoaoalvo.blogspot.com/2010/10/o-pacto-da-graca-uma-breve-introducao.html

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