13:50

Um Chamado à Reforma

por :Rev. Johannes G. Vos

A reforma da igreja de acordo com a Escritura é sempre incompleta na terra.Ecclesia reformata reformanda est ("A igreja, tendo sido reformada, ainda é para ser reformada”). Isto se segue do fato que a Escritura é um padrão absoluto e perfeito, enquanto a igreja em qualquer ponto de sua história na terra ainda é imperfeita e envolvida no pecado e erro.
Este processo de reforma deve ser contínuo até o fim do mundo. Em nenhum ponto do presente a igreja pode parar e dizer: “Cheguei.Até aqui, mas não mais daqui!”. Somente no céu a igreja triunfante dirá isto.Neste processo de reforma, há certos estágios históricos e certos marcos proeminentes de progresso alcançado.

A Confissão de Fé de Westminster, por exemplo, marca o progresso verdadeiro na reforma da igreja até o tempo quando esta confissão foi formulada.Nós nunca podemos considerar este processo como terminado em nossos dias, ou em qualquer ponto na história terrena da igreja. Devemos sempre esquecer as coisas que ficarão para trás e seguir em frente para as coisas que estão no futuro; devemos sempre nos esforçar para apreender isso, pelo qual somos apreendidos de Cristo Jesus.A doutrina, adoração, governo, disciplina, atividades missionárias, instituições educacionais, publicações e a vida prática da igreja – todas estas coisas devem ser progressivamente reformadas de acordo com a Escritura.
A Reforma sempre foi um processo passo a passo, e deve necessariamente ser assim.
Os zelotes tentariam alcançar tudo de uma vez só, mas eles somente batem a sua cabeça contra uma parede de pedra. Deus opera por processo histórico – um processo gradual, contínuo – e devemos nos conformar à maneira de operar de Deus.

A reformação escriturística da igreja é o fruto de submissão ao Espírito Santo falando na Escritura.Não somente é requerido um avanço no estudo da Escritura, além dos marcos do passado, mas uma busca autocrítica da parte da igreja é requerida. Os padrões subordinados da igreja devem ser sempre sujeitos a examinação e re-examinação à luz da Escritura. Isto está implicado em nossa confissão de que somente a Escritura é infalível.Se somente a Escritura é infalível, então, tudo mais deve ser constantemente testado e re-testado pela Escritura.Não somente os padrões oficiais da igreja, mas sua vida, programas, atividades, instituições e publicações devem ser sujeitadas a uma penetrante autocrítica sobre a base da Escritura. Estes devem ser sempre testados e re-testados à luz da Palavra de Deus.

Tal autocrítica da parte da igreja é a contraparte corporativa da auto-examinação à qual Deus, em Sua Palavra, chama cada Cristão a fazer individualmente.Tal autocrítica da parte da igreja é difícil. Ela requer esforço, inteligência, aprendizagem, sacrifício, grande humildade e renúncia e absoluta honestidade. Ela requer lealdade à Escritura, uma lealdade que esteja disposta a caminhar o tanto que for necessário para ser fiel à Palavra de Deus – uma lealdade verdadeiramente heróica e radical à Escritura.Tal autocrítica da parte da igreja pode ser embaraçosa e mesmo dolorosa.Pode significar que a igreja, como Cristão no Progresso do Peregrino de Bunyan, pode se encontrar no “Prado do Caminho Errado”, e ter que retraçar os seus passos humilde e dolorosamente até que esteja de volta novamente à Estrada do Rei. Tal autocrítica da parte da igreja pode devastar interesses ou projetos especiais de pessoas individuais ou grupos na igreja. Pode demonstrar que as características particulares dos padrões da igreja, vida ou programa não estão completamente em harmonia com a Palavra de Deus, e devem ser reconsiderados e trazidos à harmonia com esta Palavra.

Para estas e pessoas similares, a autocrítica da parte da igreja é freqüentemente negligenciada e até mesmo fortemente oposta.Aqueles que a advogam ou buscam tomá-la para si são provavelmente representados como extremistas, fanáticos, entusiastas, visionários, problemáticos, e seus semelhantes. Todavia, foi por tal autocrítica que os reformadores do passado conseguiram reformar a igreja. Homens como Lutero, Calvino, Knox, Melville, Cameron e Renwick estavam preocupados somente sobre o julgamento de Deus em Sua Palavra. Eles não foram dissuadidos pelos julgamentos adversos e por atitudes de homens.Quando ousou realmente olhar para si mesma no espelho da Palavra de Deus, com toda seriedade, a igreja tem estado em sua grandiosidade, e se tornado influente no mundo. Tem ido adiante com nova vida e vigor. Por outro lado, quando a igreja tem hesitado ou recusado olhar para si mesma no espelho da Palavra de Deus, ela tem sido fraca, estagnada, decadente, ineficaz e sem influência.A constante autocrítica denominacional sobre a base da Escritura é um dever. Mas é isto realmente tomado com seriedade? Quanto zelo, quanto interesse – eu até mesmo direi, quanta tolerância – há para com ela, hoje?Há uma tendência constante em cada igreja para considerar o presente estado dos assuntos como normais e corretos. Dessa forma, o que é na realidade mero costume vem a ter virtualmente a força e a influência de princípio, enquanto os assuntos de princípio vêm a ser tratado como se fossem convenções ou costumes humanos, tendo somente a autoridade da aprovação usual ou popular.

A sanção do uso atual é considerada como suficiente para estabelecer um assunto como correto, legítimo ou até mesmo necessário. E, inversamente, a ausência do uso atual é considerada como suficiente para provar que o assunto é incorreto e impróprio. Este tipo de estagnação, esta atitude de se considerar o "status quo" como normal, fecha a porta contra todo o verdadeiro progresso na reforma da igreja. Porque o "status quo" é sempre pecaminoso.Ele sempre falha em cumprir os requerimentos da Palavra de Deus. É sempre algo menos do que Deus realmente requer da igreja. Visto que o "status quo" é pecaminoso, ele pode ser considerado como complacência - muito menos pode o mesmo considerado como o ideal para a igreja. É um pecado fazer do “status quo" absoluto.O "status quo" sempre necessita se arrepender. Não importa quão agradável possa ser, ele ainda é pecaminoso e necessita se arrepender. Considerar o "status quo" com complacência é um dos maiores pecados da igreja em nossos dias - um pecado que deve entristecer o Espírito Santo, um pecado que certamente impede a igreja de fazer seu verdadeiro e apropriado progresso na reforma de acordo com a Escritura.Uma igreja dominada por esta idéia não pode realmente ir para frente.

Pode realmente deslizar para trás, em deserção e apostasia. Na melhor das hipóteses mover-se-á somente num círculo fixo, sempre voltando para o lugar de onde partiu.Deus nos chama para buscar a reforma na igreja em nossos dias.As igrejas da América, em geral, movimentaram-se num círculo fixo durante a sua história passada.Poderíamos também dizer que elas se movimentaram num círculo vicioso. O padrão tem sido uma queda seguida por um reavivamento seguido por uma queda, e assim por diante. Não é feito verdadeiro progresso. O melhor que pode ser feito, pelo jeito, é conseguir sair de um buraco após outro. Nada é mais prevalecente do que este tipo de estagnação na igreja. Nada é mais difícil do que conseguir qualquer característica da estrutura ou atividade da igreja realmente examinada e reformada à luz da Palavra de Deus.O verdadeiro progresso significa edificar sobre os fundamentos lançados no passado. Mas o progresso verdadeiro não significa estar preso pela mão morta de erros e imperfeições do passado.

Há somente uma verificação legítima do verdadeiro progresso, e esta é a verificação da própria Escritura. A verdadeira reforma da igreja é a reforma sobre a base da Escritura. É uma reforma dentro dos limites da Escritura, não uma reforma além da Escritura.As agências oficiais, publicações e as instituições são para refletir uma seção transversal da opinião como ela realmente existe na igreja, como o "English as she is spoke" ("Inglês como ele é falado") de Mark Twain? Ou são para examinar os padrões da igreja e manter aquela linha na confrontação do público? Ou são para abrir o caminho na autocrítica denominacional sobre a base da Escritura? São elas para traçar um novo caminho, indo adiante para um novo território à luz da Palavra?Estas são questões difíceis e sérias. A tendência é de se contornar e ignorar questões como estas. Estas questões são raramente confrontadas. A tendência é preferencialmente considerar o "status quo" como normal. Ou, se não o atual "status quo", então, de qualquer maneira as realizações do passado são consideradas como normais. Se pudermos apenas voltar para o estado das coisas nos "bons e velhos tempos" e manter aquele padrão, então, tudo seria agradável.

Mas, desejamos isto? Onde estivemos? Este é 1959. Como seremos escusados de falhar em avançar além de nossos antepassados no entendimento das Escrituras? Como poderemos dizer que a reforma da igreja foi completada em 1560, em 1638, ou até mesmo em 1950? O que temos feito desde então? Estão enterrados num lenço os nossos talentos?Não é difícil admitir que há alguns males na igreja que necessitam de correções. Mas a tendência é dizer que se pudermos apenas voltar para a base sólida de uma ou duas gerações atrás, tudo seria justamente como deveria ser. O que mais alguém poderia pedir? Podemos apenas segurar esta linha por todo o tempo que vier. Mas não estaríamos fazendo o nosso dever dado por Deus. Nossos antepassados reformaram a igreja no seu tempo; Deus nos chamou para reformá-la no nosso tempo. Não podemos descansar sobre os nossos lauréis.

Devemos batalhar por nós mesmos, pela fé, sobre a base da Palavra de Deus.A verdadeira reforma busca a verdade e a honra de Deus acima de todas as outras considerações.Vivemos numa era pragmática, uma era impaciente com a verdade, uma era preocupada principalmente com os resultados práticos.
É uma era impaciente com aqueles que avaliam a verdade acima dos resultados. Nossa era quer resultados e está totalmente disposta a crer que figos crescem em abrolhos, se pensar que vê os figos.Ouvi, quando alguém procurou trazer alguma característica da igreja sob o julgamento crítico da Escritura, a objeção de que o tempo não era oportuno. “Você pode estar certo”, diria o objetor, “mas este é um tempo oportuno para trazer tal assunto?” Ora, nós deveríamos entender que a verdade é sempre oportuna, que o tempo oportuno nunca poderá vir. Que uma estação mais conveniente nunca poderá chegar. Sempre haverá alguma razão que pode ser urgida por não se empreender a reforma da igreja de acordo com a Palavra de Deus. Deus é o Deus da verdade.

Ele é luz, e nEle não há trevas nenhuma. Cristo é Rei do reino da verdade. Para este fim Ele nasceu, para que pudesse testemunhar a verdade. Aquele que é da verdade ouve a Sua voz.A tão pronta disposição para se aceitar o “status quo” como normal é um dos grandes obstáculos no caminho da real reforma e progresso da igreja hoje. Esta atitude é pecaminosa porque é cega para com a verdadeira corrupção do “status quo”. Ela falha em perceber que o “status quo” sempre necessita se arrepender, sempre necessita ser perdoado pela graça divina, e sempre necessita ser reformado pela igreja na terra. Falha em perceber que a verdade da declaração de Agostinho de que todo bem menor envolve um elemento de pecado!De forma básica, esta completa aceitação do “status quo” como normal procede de uma idéia errada de Deus, uma idéia que falha em lidar com Sua santidade e pureza, e de uma idéia errada da Escritura, uma idéia que falha em perceber o caráter absoluto da Escritura como o padrão da igreja.Colocar a verdade e a honra de Deus em primeiro lugar, acima de todas as outras considerações, sejam quais forem, requer uma grande consagração moral. Neste assunto, é verdade tanto da igreja como o é do indivíduo, que aquele que perder a sua vida por causa de Cristo, encontra-la-á.Este artigo, tirado da Blue Banner Faith and Life (como republicado na Banner of Truth, Agosto de 1959), é de propriedade do Sínodo do RPCNA, e é reimpresso aqui com sua cordial permissão. Reimpresso de New Horizons, Julho de 2002.Nota do editor: Johannes G. Vos foi um ministro na Igreja Presbiteriana Reformada da América do Norte e ensinou Bíblia no Colégio de Genebra por muitos anos. Este artigo apareceu primeiramente no Blue Banner Faith and Life, o qual ele estabeleceu e editou. Embora escrito em 1959, é tão relevante para a igreja de hoje como sempre o foi.

Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto

12:34

Citar trechos bíblicos pode virar CRIME no Brasil - Urgente! PL 122/2006

acesse o site : http://www.jesussite.com.br/noticas_detalhe.asp?id_news=223 e leia o artigo

10:31

Pecadores nas Mãos de um Deus Irado


Por: Jonathan Edwards

Sermão pregado em 08 de Julho de 1741 em Enfield, Connecticut - EUA

“... A seu tempo, quando resvalar o seu pé” (Deuteronômio 32.35).

Nesse versículo os ímpios e incrédulos israelitas, que eram o povo visível de Deus, e que viviam debaixo de Sua graça, são ameaçados com a vingança do Senhor. Apesar de todas as obras maravilhosas que Deus operara em favor desse povo, este permanecia sem juízo e destituído de entendimento, como está escrito no versículo 28. e mesmo sob todos os cuidados do céu produziram fruto amargo e venenoso, conforme verificamos nos dois versículos anteriores.
A declaração que escolhi para meu texto, "A seu tempo, quando resvalar o seu pé", parece subentender as seguintes questões, relativas à punição e destruição que aqueles ímpios israelitas estavam sujeitos a sofrer:

1. Que eles estavam sempre expostos à destruição , assim como está sujeito a cair todo aquele que se coloca de pé, ou anda por lugares escorregadios. A maneira como serão destruídos vem aí representada pelo deslize de seus pés. A mesma citação encontramos no Sl 73.18-19, "Tu certamente os pões em lugares escorregadios, e os fazes cair na destruição".

2. Faz supor também que estavam sempre sujeitos a uma súbita e inesperada destruição, à semelhança daquele que anda por lugares escorregadios e a qualquer instante pode cair. O ímpio não consegue prever se, num momento, ficará de pé, ou se, em seguida, cairá. Quando cai, cai subitamente, sem aviso, como está escrito, também, no Sl 73.18-19, "Tu certamente os põe em lugares escorregadios, e os fazes cair na destruição. Como ficam de súbito assolados! Totalmente aniquilados de terror!"


3. Outra coisa implícita no texto é que os ímpios estão sujeitos a cair por si mesmos, sem serem derrubados pelas mãos de outrem, pois aquele que se detém ou anda por terrenos escorregadios não precisa mais do que seu próprio peso para cair por terra.


4. E também a razão pela qual ainda não caíram, e não caem, é por não haver chegado ainda o tempo determinado pelo Senhor. Pois está escrito que quando este tempo determinado, ou escolhido, chegar, seu pé irá resvalar. E então serão entregues à queda, para a qual já estão predispostos por causa do próprio peso. Deus não os susterá mais em lugares escorregadios, mas vai deixá-los sucumbir. Então, nesse exato momento, cairão em destruição, à semelhança daqueles que transitam em terrenos escorregadios, à beira de precipícios, e não conseguem se manter de pé sozinhos,caindo imediatamente e se perdendo ao serem abandonados.
Eu insistira agora num exame maior das seguintes palavras: não há nada, a não ser a boa vontade de Deus, que impeça os ímpios de caírem no inferno a qualquer momento.
Por mera boa vontade de Deus, me refiro à sua vontade soberana, ao seu livre arbítrio, o qual não é restringido por nenhuma obrigação, nem tolhido por qualquer tipo de dificuldade. Em última análise, sob qualquer aspecto, nada, exceto a vontade de Deus, tem poder para preservar os ímpios da destruição por um instante sequer. A verdade dessa observação transparecerá nas seguintes considerações:


1. Não falta poder a Deus para lançar os ímpios no inferno a qualquer momento. A mão dos homens não é suficientemente forte quando Deus se levanta. O mais forte deles não tem poder para resistir-lhe, e ninguém consegue se livrar de suas mãos.Ele não só pode lançar os ímpios no inferno, como pode fazê-lo com a maior facilidade. Muitas vezes, uma autoridade terrena encontra grande dificuldade em dominar um rebelde, o qual acha meios de se fortalecer e se tornar mais poderoso pelo número de seguidores que alicia. Mas com Deus não é assim. Não há força que resista ao seu poder. Mesmo que as mãos se unam, e que enormes multidões de inimigos do Senhor juntem suas forças e se associem, serão todos facilmente despedaçados. São como montes de palha seca e leve diante de um furacão, ou como grande quantidade de restolho perto de chamas devoradoras. Nós achamos fácil pisar e esmagar uma lagarta que se arrasta pelo chão. Achamos fácil também cortar ou chamuscar um fio de linha fino que segura alguma coisa. Então, é simples para Deus, quando lhe apraz, lançar seus inimigos no inferno profundo. Quem somos nós, que imaginamos poder resistir Àquele ante cuja repreensão a terra treme, e perante quem as pedras tombam?


2. Eles merecem ser lançados no inferno. Assim, a justiça divina não se interpõe no caminho dos ímpios; nem faz objeção pelo fato de Deus usar seu poder para destruí-los a qualquer momento. Muito pelo contrário, a justiça fala assim da árvore que produz frutos maus: "... pode cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra?" (Lc 13.7). A espada da justiça divina está o tempo todo erguida sobre suas cabeças, e somente a mão de absoluta misericórdia e a mera vontade de Deus podem detê-la.


3. Os ímpios já estão debaixo da sentença de condenação ao inferno. Eles não só merecem ser lançados ali, mas a sentença da lei de Deus, esse preceito de eterna e imutável retidão que o Senhor estabeleceu entre si mesmo e a humanidade, também se coloca contra eles, e assim os mantém. Portanto, tais homens já estão destinados ao inferno. "...o que não crê já está julgado." (Jo 3.18). Assim, todo impenitente pertence, verdadeiramente, ao inferno. Ali é o seu lugar, ele é de lá, como temos em João 8.23: "vós sois cá debaixo" e para lá é destinado. Este é o lugar que a justiçam, a Palavra de Deus e a sentença de sua lei imutável reservam para ele.


4. Assim sendo, eles são objetos da ira e da indignação de Deus, que se manifesta através dos tormentos do inferno. E a razão de não descerem ao inferno agora mesmo não é pelo fato do Senhor, em cujo poder se encontram, estar menos irado com eles no momento, ou, pelo menos, não tão encolerizado como está com aquelas miseráveis criaturas a quem ele atormenta no inferno, as quais experimentam e sofrem ali a fúria de sua indignação. Sim, Deus se acha muito mais furioso com um grande número de pessoas que está vivendo na terra agora, talvez de modo mais tranqüilo e confortável, do que com muitos daqueles que estão experimentando as chamas do inferno. Portanto, a razão porque Deus ainda não abriu a sua mão e os liquidou, não é por ele não se importar com suas iniqüidades, ou não se ofender. O Senhor não se parece com eles, embora pensem que sim. A fúria de Deus arde contra eles, sua condenação não demora. O abismo está preparado, o fogo está pronto, a fornalha incandescente está ardendo, pronta para recebê-los. As chamas vermelhas queimam. A espada luminosa foi afiada e pesa sobre suas cabeças. O inferno abriu a sua boca debaixo deles.


5. O diabo está pronto a cair sobre os ímpios, para apoderar-se deles como coisa sua, no momento em que Deus o permitir. Eles lhe pertencem, suas almas encontram-se em seu poder e sob seu domínio. As Escrituras os apresentam como propriedade de satanás (Lc 11.21). Os demônios os espreitam, estão sempre ao seu lado, à sua direita, esperando por eles como leões esfaimados e enfurecidos que vêem a presa, aguardando a hora de agarrá-la, mas são restringidos por enquanto. Se Deus retirasse sua mão, a qual os refreia, eles cairiam sobre suas pobres almas num instante. A velha serpente está pronta a dar o bote. O inferno escancara sua boca para recebê-los. E se Deus permitisse, seriam rapidamente engolidos e consumidos.


6. Nas almas dos pecadores reinam aqueles princípios diabólicos que os faria arder agora mesmo no inferno, se não fosse a restrição imposta por Deus. Existe na própria natureza carnal do homem uma potencialidade alicerçando os tormentos do inferno. Há aqueles princípios corruptos que agem de maneira poderosa sobre eles, que só dominam completamente, e que são sementes do fogo do inferno. Esses princípios são ativos e poderosos, de natureza extremamente violenta, e se não fosse a mão restringidora do Senhor sobre eles, seriam logo destruídos. Iriam arder em chamas da mesma forma que a corrupção e a rebeldia fazem arder os corações das pessoas condenadas, gerando nelas os mesmos tormentos. As almas dos ímpios são comparadas nas Escrituras com o mar agitado (Is 57.20). Por enquanto Deus controla as iniqüidades deles pelo seu imenso poder, como faz com as ondas enfurecidas do mar, dizendo: "virão até aqui, mas não prosseguirão." Mas se Deus retirasse deles seu poder refreador, seriam todos tragados por elas. O pecado é a ruína e a miséria da alma. Ele é destrutivo pela própria natureza. E se Deus o deixasse sem controle, não seria preciso mais nada para tornar as almas humanas absolutamente miseráveis. A corrupção no coração do homem é algo cheio de fúria incontrolável e sem freio. Enquanto os pecadores viverem aqui, essa fúria será como fogo reprimido pelas restrições divinas. Ao passo que, se fosse liberada, incendiaria o curso natural da vida. E como o coração é um poço de pecado, este mesmo pecado iria imediatamente transformar a alma num forno incandescente ou numa fornalha de fogo e enxofre, caso não fosse restringido.


7. O fato de não haver sinais visíveis da morte por perto, não quer dizer que haja, por um momento, sequer segurança para os ímpios. O fato do homem natural ter boa saúde, de não prever que poderia deixar este mundo num minuto por um acidente, de não haver perigo visível à sua volta, nada disso lhe ser vê de segurança. Contínuas e inúmeras experiências humanas, em todas as épocas, nos mostram que não existem provas de que o homem não esteja à beira da eternidade, ou de que seu próximo passo não venha a ser no outro mundo. Os caminhos e meios, invisíveis e imprevistos, de chegar lá são incontáveis e inconcebíveis. Os homens não convertidos caminham por cima das profundezas do inferno, sobre uma superfície frágil onde existem varias áreas quebradiças, também invisíveis, as quais não conseguirão agüentar o seu peso. As flechas da morte voam ao meio-dia sem serem vistas. O olhar mais atento não pode distingui-las. Deus tem muitas maneiras diferentes e misteriosas de tirar os homens pecadores do mundo e despachá-los para o inferno. Não há nada que faça crer que o Senhor precise de ajuda de um milagre, ou que necessite se desviar do curso natural de sua providência para destruir qualquer pecador, a qualquer momento. Desde que todos os meios para fazer os ímpios deixarem este mundo estão de tal forma nas mãos de Deus, tão absoluta e universalmente sujeitos ao seu poder e determinação, segue-se que a ida dos pecadores para o inferno, a qualquer momento, depende simplesmente da vontade de Deus – quer usando meios ou não.


8. O cuidado e a prudência dos homens naturais em preservar suas vidas, ou o cuidado de terceiros em preservá-las, não lhes dá segurança por um momento sequer. A providência divina e a experiência humana testificam isso. Existem evidências claras de que a sabedoria dos homens não lhes é segurança contra a morte. Se não fosse assim, haveria uma diferença entre a morte prematura e inesperada de homens sábios e prudentes, e dos demais. Mas, o que realmente acontece? "Como morre o homem sábio? Assim como um tolo." (Ec 2.16).


9. Todo o esforço e artimanha dos ímpios para escaparem do inferno não os livram do mesmo, nem por um momento, pois continuam a rejeitar a Cristo, e portanto permanecem ímpios. Quase todos os homens naturais que ouvem falar do inferno alimentam a ilusão de que vão escapar dele. Quanto a sua própria segurança, confiam em si mesmos. Vangloriam-se do que fizeram, do que estão fazendo e do que pretendem fazer. Cada um traça seu próprio plano, pensa em evitar a condenação, e se vangloria e que irá tramar tão bem todas as coisas que seu esquema, com certeza, não falhará. Na verdade, eles ouvem dizer que poucos se salvam, e que a maior parte dos homens que já morreram foram para o inverno; mas cada um deles se imagina capaz de planejar melhor a própria fuga, do que os outros puderam fazer. Dentro de si mesmos dizem que não pretendem ir para esse lugar de tormento, e que pretendem tomar todo o cuidado necessário, esquematizando as coisas de tal forma na ao terem possibilidade de falhar. Mas os insensatos filhos dos homens iludem-se miseravelmente quanto a seus próprios planos. A confiança que depositam na própria força e sabedoria é o mesmo que confiar na fragilidade de uma sombra. A maior parte daqueles que antes viveram debaixo da dispensação da graça, e agora estão mortos, sem dúvida alguma foram para o inferno. E não é por terem sido menos espertos do que os que ainda estão vivos, nem por terem planejado as coisas de tal forma que não lhes assegurou o escape. Se pudéssemos falar com eles, um a um, e perguntar-lhes se, quando vivos, esperavam ser vítimas de tamanha miséria, sem dúvida ouviríamos todos dizer: "Não, eu nunca pensei em vir para cá. Eu tinha esquematizado as coisas de maneira bem diferente. Pensei que iria conseguir algo melhor para mim, que meu plano era adequado. Pensei em me precaver melhor, mas tudo aconteceu de maneira tão repentina. Não esperava por isso naquela época, e nem daquela maneira. Mas tudo veio como um ladrão. A morte foi mais esperta que eu. A ira de Deus foi rápida demais para mim. Oh!, maldita insensatez! Eu me gabava, e me deleitava em sonhos vãos quanto ao que faria no futuro. E justamente quando eu mais falava de paz e segurança, me sobreveio uma súbita destruição."


10. Deus não se sujeita a nenhuma obrigação, nem a nenhuma promessa de manter o homem natural fora do inferno por um momento sequer. Ele não fez absolutamente nenhuma promessa de vida eterna, ou de libertação ou proteção da morte eterna, senão àquelas que estão contidas na aliança da graça – as promessas concedidas em Cristo, no qual todas as promessas são o sim e o amém. Mas obviamente os que não são filhos da aliança da graça não têm interesse na mesma, pois não crêem em nenhuma das suas promessas, e nem têm o menor interesse no Mediador dessa aliança.
Portanto, apesar de tudo que os homens possam imaginar ou pretender sobre promessas de salvação, devido suas lutas pessoais e buscas incessantes, deixamos claro e manifesto que qualquer desses esforços ou orações que se façam em relação à religião, será inútil. A não ser que creiam em Cristo, o Senhor, de modo nenhum Deus está obrigado a conservá-los fora da condenação eterna.
Então, os homens impenitentes estão detidos nas mãos de Deus por cima do abismo do inferno. Eles merecem o lago de fogo e para ele estão destinados. Deus se acha terrivelmente irritado. Seu furor para com eles é tão grande quanto para com aqueles que já estão agora sofrendo o suplício da fúria de sua ira no inferno. Esses ímpios não fizeram absolutamente nada para abrandar ou diminuir sua cólera, portanto o Senhor não está de modo algum preso a qualquer promessa de livramento, nem por um momento sequer. O diabo espera por eles, o inferno já escancarou a sua boca para tragá-los. O fogo latente em seus corações agrava-se agora querendo explodir. E como continuam sem o menor interesse no Mediador, não existem meios, ao alcance deles, que lhes possa dar segurança. Em suma, eles não têm refúgio e nada onde se segurar. O que os retém a cada instante é a absoluta boa vontade divina e a clemência sem compromisso, sem obrigação, de um Deus enraivecido.
Aplicação
Essa mensagem pode despertar as pessoas não convertidas para o significado do perigo que estão correndo. Isso que vocês escutaram é o caso de todo aquele que não está em Cristo. Esse mundo de tormento, isto é, o lago de enxofre incandescente, está aberto debaixo de vossos pés. Ali se encontra o terrível abismo de chamas que ardem com a fúria de Deus, e o inferno com sua imensa boca escancarada. E vocês não têm onde se apoiarem, nem coisa alguma onde se segurarem. Não existe nada entre vocês e o inferno, senão o ar, e só o poder e o favor de Deus podem vos suster. Provavelmente vocês não têm consciência dessas coisas, acham que vão conseguir se livrar do inferno, e não vêem nisso tudo a mão de Deus. E olham as coisas ao seu redor, como o bom estado de vossa saúde física, os cuidados que tomam de vossas vidas, e os meios que usam para vossa própria preservação. Mas essas coisas não representam nada. Se Deus retirasse sua mal, elas de nada valeriam para impedir-vos a queda; elas valem tanto como a brisa tênue que tenta sustentar uma pessoa no ar. Vossas iniqüidades vos fazem pesados como chumbo, pendentes para baixo, pressionados em direção ao inferno pelo próprio peso, e se Deus permitisse que caíssem vocês afundariam imediatamente, desceriam com a maior rapidez, e mergulhariam nesse abismo sem fundo. Vossa saúde, vossos cuidados e prudência, vossos melhores planos, toda a vossa retidão, de nada valeriam para sustentar-vos e conservar-vos fora do inferno. Seria como tentar segurar uma avalancha de pedras com uma teia de aranha. Se não fosse a misericórdia de Deus, a terra não suportaria vocês por um só momento, pois são uma carga para ela. A natureza geme por causa de vocês. A criação foi obrigada a se sujeitar à escravidão, involuntariamente, por causa da vossa corrupção. Não é com prazer que o sol brilha sobre vocês, para que sua luz vos alumie para pecarem e servirem a satanás. A terra não produz de bom grado os seus frutos para satisfazer vossa luxuria. Nem está disposta a servir de palco à exibição de vossas iniqüidades. Não é voluntariamente que o ar alimenta vossos corpos, mantendo viva a chama dos vossos corpos, enquanto vocês gastam a vida servindo os inimigos de Deus. As coisas criadas por Deus são boas e foram feitas para o homem, por meio delas, servisse ao Senhor. Não é com prazer que prestam serviço a outros propósitos, e gemem quando são ultrajadas ao servirem objetivos tão contrários à sua finalidade e natureza. E a própria terra vomitaria vocês se não fosse a mão soberana d'Aquele a quem vocês tanto tem ofendido. Eis aí as nuvens negras da ira de Deus pairando agora sobre vossas cabeças carregadas por uma tempestade ameaçadora, cheia de trovões. Não fosse a mão restringidora do Senhor, elas arrebentariam imediatamente sobre vocês. A misericórdia soberana de Deus, por enquanto, refreia esse vento impetuoso, do contrário ele sobreviria com fúria, vossa destruição ocorreria repentinamente, e vocês seriam como palha dispersada pelo vento. A ira de Deus é como grandes águas represadas que crescem mais e mais, aumentam de volume, até que encontram uma saída. Quanto mais tempo a correnteza for reprimida, mais rápido e forte será o seu fluxo ao ser liberada. É verdade que até agora ainda não houve um julgamento por vossas obras más. A enchente da vingança de Deus encontra-se represada. Mas, por outro lado, vossa culpa cresce dava dez mais, e dia a dia vocês acumulam mais e mais ira contra si mesmos. As águas estão subindo continuamente, fazendo sua força aumentar mais e mais. Nada, a não ser a misericórdia de Deus, detém as águas, as quais não querem continuar represadas e forçam uma saída. Se Deus retirasse sua mão das comportas, elas se abririam imediatamente e o mar impetuoso da fúria e da ira de Deus iria se precipitar com furor inconcebível, e cairia sobre vocês com poder onipotente. E mesmo que vossa força fosse dez mil vezes maior do que é, sim, dez mil vezes maior do que a força do mais forte e vigoroso diabo do inferno, não valeria nada para resistir ou deter a ira divina. O arco da ira de Deus já está preparado, e a flecha ajustada ao seu cordel. A justiça aponta a flecha para vosso coração, e estica o arco. E nada, senão a misericórdia de Deus – um Deus irado! – que não se compromete e a nada se obriga, impede que a flecha se embeba agora mesmo do vosso sangue. Assim estão todos vocês que nunca experimentaram uma transformação real em vossos corações pela ação poderosa do Espírito do Senhor em vossas almas – todos vocês que não nasceram de novo, nem foram feitos novas criaturas, ressurgindo da morte do pecado para um estado de luz, e para uma vida nova nunca experimentada antes. Por mais que vocês tenham modificado a conduta em muitas coisas, e tenham possuído simpatias religiosas, e até mantido uma forma pessoal de religião com vossas famílias e em particular, indo à casa do Senhor, sendo até severos quanto a isso, mesmo assim vocês estão nas mãos de um Deus irado. Somente sua misericórdia vos livra de ser, agora, neste momento, tragados pela destruição eterna. Por menos convencidos que vocês estejam agora quanto às verdades ouvidas, no porvir serão plenamente convencidos. Aqueles eu já se foram, e que estavam na mesma situação que a vossa, percebem que foi exatamente isso que lhes aconteceu, pois a destruição caiu de repente sobre muitos deles, quando menos esperavam, e quando mais afirmavam vier em paz e segurança. Agora eles vêem que aquelas coisas nas quais puseram sua confiança para obter paz e segurança eram nada mais que uma brisa ligeira e sombras vazias. O Deus que vos mantém acima do abismo do inferno vos abomina; ele está terrivelmente irritado e seu furor contra vocês queima como fogo. Ele vê vocês como apenas dignos de serem lançados no fogo. E seus olhos são tão puros que não podem tolerar tal visão. Vocês são dez mil vezes mais abomináveis a seus olhos do que é a mais odiosa das serpentes venenosas para olhos humanos. Vocês o têm ofendido infinitamente mais do que qualquer rebelde obstinado ofenderia a um governante. No entanto, nada, a não ser a sua mão, pode impedir-vos de cair no fogo a qualquer momento. O fato de vocês não terem ido para o inferno a noite passada e de terem tido permissão para acordar ainda aqui neste mundo, depois de terem fechado os olhos ontem para dormir, atribui-se ao mesmo favor. Não existe outra razão porque vocês não foram lançados no inferno ao se levantarem pela manhã, a não ser o fato da mão de Deus ter-vos sustentado. E não existe outra razão porque vocês não caiam no inferno neste exato momento. Oh!, pecador, pense no perigo terrível que se encontra! É sobre uma grande fornalha de furor, sobre um abismo imenso e sem fim, cheio do fogo da ira, que você está pendurado, seguro pela mão de Deus, cujo furor acha-se tão inflamado contra você, como contra muitas pessoas já condenadas no inferno. Você está suspenso por uma linha tênue, com as chamas da cólera divina lampejando à tua volta, prontas para atearem fogo e queimar-te por inteiro. E você continua sem interesse no Mediador, sem nada onde se agarrar para poder se salvar, nada que possa afastar as chamas da cólera divina, nada de teu próprio, nada que tenha feito ou possa vir a fazer, para persuadir o Senhor a poupar tua vida por um minuto sequer. Considere, então, mais detidamente, vários aspectos dessa cólera que te ameaça com tão grande perigo.


1. A quem pertence essa ira? É a ira do Deus infinito. Se fosse somente a ira humana, mesmo a do governante mais poderoso, comparativamente seria considerada como coisa pequena. A ira dos reis é bastante temida, principalmente dos monarcas absolutos, que possuem os bens e as vidas de seus súditos inteiramente sob o seu poder, para serem usados quando bem entenderem. "Como o bramido do leão é o terror do rei; o que lhe provoca a ira peca contra a sua própria vida." (Pv 20.2). O súdito que enfurece este tipo de governante arbitrário, sofre os maiores tormentos que se possa conceber, ou que o poder humano possa infligir. Porém, os maiores principados da terra, em toda a sua grandeza, majestade e poder, mesmo revestidos de seus grandes terrores, não são mais do que vermes débeis e desprezíveis que rastejam no pó, quando comparados com o grande e todo-poderoso criador e rei dos céus e da terra. Mesmo quando estão enraivecidos e sua fúria chega ao máximo, é muito pouco o que podem fazer. Os reis da terra são, perante Deus, como gafanhotos. Valem menos que nada. Tanto o seu amor quanto o seu ódio são desprezíveis. A ira do grande Rei dos reis é muito mais terrível do que a deles, tal como é maior a sua majestade. "Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer". (Lc 12.4-5). 2. É à ferocidade de sua ira que vocês estão expostos. Lemos, com freqüência, sobre a ira de Deus, como por exemplo em Is 58.18. "Segundo as obras deles, assim retribuirá; furor aos seus adversários." E também em Is 66.15 "Porque, eis que o Senhor virá em fogo, e os seus carros como um torvelinho, para tornar a sua ira em furor, e a sua repreensão em chamas de fogo." E assim é em muitos outros lugares da Bíblia. Lemos também em ap 19.15: "... o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso." Essas palavras são incrivelmente aterradoras. Se estivesse escrito apenas a "ira de Deus", isso já nos faria supor algo bastante temível. Mas está escrito "o furor da ira de Deus", ou seja, a fúria de Deus, o furor de Jeová! Oh!, quão terrível deve ser esse furor! Quem pode exprimir ou conceber o que essas palavras contêm? Mas não é apenas isso que está escrito, e sim "o furor da ira do Deus Todo-Poderoso." Essas palavras dão a entender que uma grande manifestação de seu poder onipotente vai acontecer. Através dela ele infligirá aos homens todo o furor de sua ira. Assim como os homens costumam manifestar sua própria força através do furor de sua ira, a onipotência divina irá, da mesma forma, se enfurecer e se manifestar. Então, qual será a conseqüência de tudo isso? O que será do pobre verme que vier a sofrer todo este mal? Que mão serão tão fortes, e que coração conseguirá suportar tanto furor? A que terrível, inexprimível, inconcebível abismo de miséria irá chegar a pobre criatura humana que será vítima disso tudo!
Pensem bem, vocês que estão aqui agora, e que permanecem em estado pecaminoso. O fato de Deus vir a efetivar o furor da sua ira, torna implícito que ele infligirá esse castigo sem compaixão. Quando Deus olhar a indescritível aflição do vosso estado, e vir como vossos tormentos são absolutamente desproporcionais à vossa força, e como vossas pobres almas estão esmagadas, imersas em trevas eternas, não terá compaixão de vocês, não ira deter a execução de sua ira, ou, de forma alguma, tornar mais leve sua mão. Nessa hora Deus não usará de misericórdia para com vocês, nem conterá seu vento impetuoso. Ele não terá consideração para com o vosso bem estar, e nem irá evitar que vocês sofram. Na verdade, fará com que sofram na medida exata que sua rigorosa justiça vier a requerer. Nada será modificado só pelo fato de ser difícil para vocês suportarem. "Pelo que também eu os tratarei com furor; os meus olhos não pouparão, nem terei piedade. Ainda que me gritem aos ouvidos em alta voz, nem assim os ouvirei." (Ez 8.18). Deus está pronto, agora, a usar de compaixão com vocês. Hoje é o dia da misericórdia. Vocês podem clamar neste instante, e ter esperanças de alcançar sua graça. Mas quando o dia da misericórdia passar, vosso lamento, o pranto mais doloroso, os gritos, serão em vão. No que diz respeito ao vosso bem estar, vocês estarão completamente perdidos e alienados de Deus. O Senhor não terá outra opção senão a de entregar-vos ao sofrimento e à miséria. E vocês continuarão não tendo outra perspectiva, pois serão vasos de ira, preparados para a destruição. Não haverá outro uso qualquer para tais vasos, senão o de enchê-los da ira de Deus. Quando clamarem ao Senhor, ele estará tão longe de consolar-vos que, inclusive, está escrito a este respeito que Deus irá, simplesmente, 'rir e zombar' de vocês (Pv 1.25-26).
Vejam quão terríveis são estas palavras do grande Senhor: "O lagar eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava comigo; pisei as uvas na minha ira; no meu furor as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me manchou o traje todo." (Is 63.3). É quase impossível se conceber palavras que tragam em si uma manifestação maior destas três coisas: desprezo, ódio e fúria de indignação. Se clamarem a Deus por consolo, ele estará longe de querer vir consolar-vos, ou de querer demonstrar-vos interesse ou favor. Ao contrario, o Senhor simplesmente irá esmagar-vos sob seus pés. E apesar de saber que, ao pisotear-vos, vocês não poderão suportar o peso de sua onipotência, ainda assim ele não vai se importar, e irá esmagar-vos debaixo de seus pés, sem piedade, espremendo o vosso sangue e fazendo com que o mesmo espirre longe, manchando suas vestes, maculando seu traje. Ele não só irá odiar-vos, como devotará a vós o maior desprezo. Lugar algum será considerado próprio para vocês, a não ser debaixo de seus pés, para serem pisados como a lama das ruas.

3. A miséria a que vocês estão sujeitos é aquela que Deus vos infligirá, a fim de demonstrar a força da ira do Senhor, Deus tem em seu coração a intenção de mostrar aos anjos e aos homens, não só a excelência do seu amor, como a severidade de seu furor. Às vezes os governantes da terra resolvem mostrar a força de sua ira através de castigos extremos que mandam infligir sobre aqueles que os enfurecem. Nabucodonosor, o poderoso e arrogante rei do império dos caldeus, demonstrou seu furor quando, ao se irritar com Sadraque, Mesaque e Abdenego, ordenou que se acendesse a fornalha de fogo ardente sete vezes mais do que o normal. Como era de se esperar, a fornalha foi aquecida intensamente, até atingir o mais alto grau que poderia produzir. O grande Deus também quer revelar a sua ira, e exaltar sua tremenda majestade e grandioso poder através dos sofrimentos desmedidos de seus amigos. "Que diremos, pois, se Deus querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos da ira, preparados para a perdição." (Romanos 9.22). E visto que esse é o seu desígnio e o que ele determinou, ou seja, mostrar quão terrível e ilimitada é a ira, a fúria e a indignação do Senhor, ele o mostrará realmente. Será realizado algo horrendo, muito terrível. Quando o grande e furioso Deus tiver se levantado e executado sua terrível vingança sobre o mísero pecador, e o desgraçado estiver sofrendo o peso e o poder infinito de sua indignação, então Deus chamará o universo inteiro para contemplar a imensa majestade e o tremendo poder que nele existe. "Os povos serão queimados como se queima a cal, como espinhos cortados arderão no fogo." "Ouvi vós os que estais longe, o que tenho feito; e vós, que estais perto, reconhecei o meu poder. Os pecadores em Sião se assombram, o tremor se apodera dos ímpios; e eles perguntam: quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará com chamas eternas?" (Isaías 33.12-14).
Assim será com vocês que não são convertidos, se permanecerem neste estado. O poder infinito, a majestade e a grandiosidade do Deus onipotente serão exaltados em vocês através da inexprimível força dos tormentos que vos sobrevirão. Vocês serão atormentados na presença dos santos anjos e na presença do Cordeiro. E quando estiverem nesse estado de sofrimento, os gloriosos habitantes do céu sairão para contemplar esse espetáculo horrendo, e verão como é a fúria do Todo-poderoso. E quando virem todas essas coisas, se prostrarão e adorarão seu grande poder e majestade. "E será que de uma lua nova à outra, e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor. Eles sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne." (Isaías 66.23-24).


4. É uma ira eterna. Já seria algo terrível sobre o furor e a cólera do Deus Todo-poderoso por um momento. Mas vocês terão de sofrê-la por toda a eternidade. Essa intensa e horrenda miséria não terá fim. Ao olhar para o futuro, vocês verão à frente uma interminável eternidade, de duração infinita, que irá devorar vossos pensamentos e assombrar vossas almas. E vocês irão se desesperar, com certeza, por não conseguirem nenhum livramento, termo, alívio ou descanso para tanta dor. Saberão também, que terão de sofrer até à última gota por longos séculos, por milhões e milhões de anos, lutando e pelejando contra essa vingança inclemente e todo-poderosa. Então, depois de passar por tudo isso, quando tantos séculos vos tiverem consumido, saberão que tudo não passa apenas de uma gota d'água quando comparado ao que ainda resta. Portanto, vosso castigo será, com certeza, infinito. Oh!, quem poderia exprimir o estado de uma alma em tais circunstâncias? Tudo o que pudermos dizer sobre o assunto, vai nos dar, apenas, uma débil e frágil visão da realidade. Ela é inexprimível, inconcebível, pois "Quem conhece o poder da ira de Deus?"
Que horrendo é o estado daqueles que diariamente, a cada hora, se encontram em perigo de sofrer tamanha ira e infinita miséria! Mas esse é o caso sinistro de toda alma que ainda não nasceu de novo, por mais moral, austera, sóbria e religiosa que seja. Queira Deus vocês pensassem em todas essas coisas, sejam jovens ou velhos. Há razões de sobra para acreditar que muitos daqueles que ouviram o evangelho certamente estarão expostos a esse tormento por toda a eternidade. Não sabemos quem são eles, nem o que pensam. Pode ser que estejam tranqüilos agora, escutando esta mensagem sem se perturbarem muito, e que estejam até se gabando de que, no caso deles, conseguirão escapar. Se soubéssemos que dentre os nossos conhecidos existe uma pessoa, uma só, sujeita a sofrer tal tormento como seria doloroso para nós encarar o assunto. Se conhecêssemos essa pessoa, sempre que a víssemos uma tal visão seria terrível para nós. Iríamos todos levantar grande choro, e prantear por sua causa. Mas, infelizmente, em vez de uma pessoa só, é provável que muitos se lembrem destas exortações somente no inferno! E inúmeras pessoas podem estar no inferno em breve tempo, antes mesmo do ano terminar. E aqueles que estão agora com saúde, tranqüilos e seguros, podem chegar lá antes do amanhecer. Todos os que dentre vocês continuarem até o fim em estado natural pecaminoso, e que conseguirem ficar fora do inferno por mais tempo, estarão lá também em breve. Sua condenação não tardará; virá de súbito, e provavelmente para muitos de vocês, de maneira repentina. Vocês têm toda razão em se admirarem de não estar ainda no inferno. É ocaso, por exemplo, de alguns conhecidos seus, que não mereciam o inferno mais do que vocês e que antes aparentavam ter possibilidade de estarem vivos agora tanto quanto vocês. Para o caso deles já não há esperança. Estão clamando lá em extrema penúria e perfeito desespero. Mas aqui estão vocês, na terra dos vivos, cercados pelos meios de graça, tendo a grande oportunidade de obter a salvação. O que não dariam aquelas pobres almas condenadas, desesperadas, pela oportunidade de viver mais um só dia, como que vocês desfrutam neste momento!
E agora vocês têm uma excelente ocasião. Hoje é o dia em que Cristo abre as portas da misericórdia de par em par, e se coloca de pé clamando e chamando em alta voz aos pobres pecadores. Este é o dia em que muitos estão se reunindo a ele, se apressando em chegar ao reino de Deus. Inúmeros estão vindo diariamente do norte, sul, leste e oeste. Muitos que estavam até bem pouco tempo nas mesmas condições miseráveis que vocês estão felizes agora, com os corações cheios de amor por Aquele que os amou primeiro, e os lavou de seus pecados com seu próprio sangue, regozijando-se na esperança de ver a glória de Deus. Como é terrível ser deixado para trás num dia assim! Ver os outros se banqueteando, enquanto vocês estão penando e se definhando! Ver os outros se regozijando e cantando com alegria no coração, enquanto vocês só têm motivos para prantear por causa do sofrimento de seus corações, e de lamentar por causa das aflições e vossas almas! Como podem vocês descansar por um momento sequer em tal estado de alma? Será que vossas almas não são tão preciosas como as almas daqueles que, dia a dia, estão se juntando ao rebanho de Cristo?
Não existem, porventura, muitos que, apesar de estarem há longo tempo neste mundo, até hoje não nasceram de novo, e por isso são estranhos à comunidade de Israel, e nada têm feito durante a vida, a não ser acumular ira sobre ira para o dia do castigo? Oh! senhores, o caso de vocês é, sem dúvida, extremamente perigoso. A dureza de vossos corações e a vossa culpa são imensas. Acaso vocês não vêem como geralmente pessoas de vossa idade são deixadas para trás na dispensação da misericórdia de Deus? Vocês precisam refletir e despertar de vosso sono, pois jamais poderão suportar a fúria e a ira do Deus infinito. E vocês que são rapazes e moças, irão negligenciar este tempo precioso que desfrutam agora, quando tantos outros jovens de vossa idade estão renunciando às futilidades da juventude e acorrendo céleres a Cristo? Vocês têm neste momento uma oportunidade, mas se a desprezarem, sucederá o mesmo que agora está acontecendo com todos aqueles que gastaram em pecado os dias mais preciosos de sua mocidade, chegando a uma terrível situação de cegueira e insensibilidade. E vocês crianças, que não se converteram ainda, não sabem que estão indo para o inferno onde sofrerão a horrenda ira daquele Deus que agora está encolerizado contra vocês dia e noite? Será que vocês ficarão felizes em ser filhos do diabo, quando tantas outras já se converteram e se tornaram filhos santos e alegres do Rei dos reis?
Queira Deus todos aqueles que ainda estão fora de Cristo, pendentes sobre o abismo do inferno, quer sejam senhoras e senhores idosos, ou pessoas de meia idade, quer jovens ou crianças, que possam dar ouvidos agora aos chamados da Palavra e da providência de Deus. Este ano aceitável do Senhor que é um dia de grandes misericórdias para alguns, sem dúvida será um dia de extremo castigo para outros. Quando negligenciam suas almas os corações dos homens se endurece, e a sua culpa aumenta rapidamente. Podem estar certos, porém, que agora será como foi nos dias de João Batista. O machado está posto à raiz das árvores; e toda árvore que não produz fruto, deve ser cortada e lançada no fogo.
Portanto, todo aquele que está fora de Cristo, desperte e fuja da ira vindoura. A ira do Deus Todo-poderoso paira agora sobre todos os pecadores. Que cada um fuja de Sodoma: " Livra-te, salva a tua vida; não olhes para trás, nem pares em toda a campina; foge para o monte, para que não pereças ."
“E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens”. “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus”. (II Coríntios 5.11-20; 6.2). “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” . (Isaías 55.6-7). Amém.

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12:35

DA SEPULTURA PARA O TRONO

Referência: EFÉSIOS 2:1-10

INTRODUÇÃO• O primeiro capítulo de Efésios acentuou o amplo alcance do plano de Deus, o qual inclui o universo todo e se estende de eternidade a eternidade. O capítulo dois mostra a historificação desse plano na vida do seu povo, através de uma ressurreição espiritual dos crentes.• Tendo descrito nossa possessão espiritual em Cristo, Paulo volta agora para a nossa posição em Cristo. Nós fomos tirados da sepultura e conduzidos ao trono. Paulo primeiramente sonda as profundezas do pessimismo acerca do homem, e depois sobe às alturas do otimismo acerca de Deus.• O que Paulo fez neste parágrafo é pintar um contraste vívido entre o que o homem é por natureza e o que pode vir a ser mediante a graça de Deus.• Vejamos as quatro grandes obras realizadas na vida do homem que saiu da sepultura para o trono.


I. A OBRA DO PECADO CONTRA NÓS – V. 1-31. O homem está morto – v. 1• É claro que isto significa espiritualmente morto. Antes de Cristo estávamos vivos para as atrações do pecado, mas mortos para Deus. O homem é incapaz de entender e apreciar as coisas espirituais. Ele não possui vida espiritual e ele não pode fazer nada que possa agradar a Deus. Assim como uma pessoa morta fisicamente não responde a estímulos físicos, assim também uma pessoa morta espiritualmente é incapaz de responder aos estímulos espirituais. • Um cadáver não vê, não ouve, não sente, não tem fome, nem tem sede. Ele está morto. Assim também uma pessoa morta espiritualmente não tem percepção das coisas espirituais. • A causa da morte são os delitos e pecados – delitos (dar um passo em falso) e pecados (errar o alvo). O salário do pecado é a morte (Rm 6:23). Morte é separação. Assim como a morte separa o corpo da alma, a morte espiritual separa o homem de Deus (Is 59:2). É como se o mundo todo fosse um imenso cemitério e cada pedra tumular tivesse a mesma inscrição: “Morto por causa do pecado”. • O incrédulo não está apenas doente, ele está morto – Ele não necessita apenas de restauração, mas de ressurreição. Não é reforma, é nascer de novo. O mundo é um grande cemitério, cheio de pessoas que estão mortas espiritualmente, embora ainda vivas fisicamente.2. O homem é desobediente – v. 2-3a• Há três forças que levam o homem a esta desobediência: o mundo, o diabo e a carne.2.1. O Mundo ? O sistema do mundo pressiona cada pessoa para se conformar com os seus valores (Rm 12:2). Quem ama o mundo não pode amar a Deus. Quem é amigo do mundo, torna-se inimigo de Deus. O mundo é o secularismo em constraste com o Reino de Deus. Sempre que os homens são desumanizados – pela opressão política, econômica, moral, social vemos a ação do mundo. As pessoas são massificadas pelo sistema. É uma escravidão cultural. As pessoas são escravas do sistema, como os súditos eram arrastados por grossas correntes amarradas no pescoço.2.2. O diabo? É o espírito que atua nos filhos da desobediência. O diabo mesmo é o patrono dos desobedientes. Ele foi desobediente e ele deseja que os homens também desobedeçam a Deus. Ele tentou Eva no Éden com a mentira e levou nossos pais à desobediência.2.3. A carne? A carne não é o nosso corpo, mas a nossa natureza caída com a qual nascemos (Sl 51:5; 58:3), que deseja controlar a nossa mente e o nosso corpo, levando-nos a desobedecer a Deus. Há um impulso dentro de nós para fazer o mal. O mal procede de dentro do nosso próprio coração. As obras da carne são descritas em Gálatas 5. ? Porque um cachorro se comporta como um cachorro? Porque ele tem natureza de um cachorro. Se fizéssemos um transplante e colocássamos a natureza de um cachorro em um gato, ele se comportaria como um cachorro. Um urubu come carniça porque essa é a sua natureza. O homem não pode mudar a sua própria natureza.3. O homem é depravado – v. 3b• O homem não convertido vive para agradar a vontade da carne e os desejos do pensamento. Suas ações são pecaminosas porque seus desejos são pecaminosos. O homem é escravo do pecado. Ele anda com o pescoço na coleira do diabo e do cabresto do pecado. Não é que a depração total significa que o incrédulo não posssa fazer o bem natural, social e até moral. Ele se sensibiliza com as causas sociais. Ele se compadece. Se ajuda as pessoas. Mas ele não pratica obras com o reconhecimento de é para a glória de Deus como gratidão pela salvação. 4. O homem está condenado – v. 3c• O homem não convertido por natureza é filho da ira e pelas obras é filho da desobediência. A pessoa incrédula, não salva, já está condenada (João 3:18). Fora de Cristo o homem está morto por causa do pecado, escravizado pelo mundo, pela carne e pelo diabo, e condenado sob a ira de Deus.


II. A OBRA DE DEUS POR NÓS – V. 4-9• Nós somos redimidos por quatro atividades que Deus realizou em nosso favor, salvando-nos das consequências dos nossos pecados. Deus oferece vida aos mortos, libertaçãos aos cativos e perdão aos condenados. Paulo, agora, vai contrastar o que somos por natureza e o que somos pela graça, a condição humana e a compaixão divina, a ira de Deus e o amor de Deus.1. Deus nos amou – v. 4• Por natureza Deus é amor. Mas o amor de Deus na relação com os pecadores trorna-se em GRAÇA E MISERICÓRDIA. Deus é rico em misericórdia (v. 4) e em graça (v. 7) e essas riquezas tornam possíveis a salvação do pecador. Não somos salvos pelo amor de Deus, mas por sua misericórdia (quando Deus não nos dá o que merecemos) e pela sua graça (quando Deus nos dá o que não merecemos).• Tanto a misericórdia como a graça vêm a nós por meio do sacrifício de Jesus Cristo sobre a cruz. Foi no Calvário que Deus demonstrou o seu repúdio ao pecado e o seu amor pelos pecadores.• Paulo não apenas fala sobre a nossa salvação, mas fala também sobre a motivação de Deus em nos salvar e alista quatro palavras: amor, misericórdia, graça e bondade. Ao ressuscitar a Cristo, Deus demonstrou a suprema grandeza do seu poder (1:19-20). Ao nos salvar, Deus demonstrou a suprema riqueza da sua graça (2:7).2. Deus nos ressuscitou – v. 5• Deus nos tirou da sepultura espiritual que o pecado havia nos colocado. Deus realizou uma poderosa ressurreição espiritual em nós pelo poder do Espírito Santo. Quando cremos em Cristo passamos da morte para a vida (João 5:24). Recebemos vida nova, a vida de Deus em nós.3. Deus nos exaltou – v. 6• Nós não apenas saímos da sepultura e fomos ressuscitados, mas também fomos exaltados. Porque estamos unidos a Cristo, somos exaltados com ele. Agora nos assentamos com ele nos lugares celestiais, acima de todo o principado e potestade. • As três fases da exaltação de Cristo: ressurreição, ascensão e assentar-se no trono, agora são repetidas na vida dos salvos: Deus nos deu vida (v. 5), nos ressuscitou (v. 6a) e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo (v. 6b). Esses três eventos históricos “deu vida”, “ressuscitou” e “fez assentar” são os degraus da exaltação!4. Deus nos guardou – v. 7-9• O último propósito de Deus em nossa salvação é que por toda a eternidade a igreja possa glorificar a graça de Deus (1:6,12,14). O alvo principal de Deus na nossa salvação é a sua própria glóiria. A salvação é um presente e não uma recompensa. Ilustração: Perguntaram a uma mulher: “Onde estão as suas jóias?” Ela chamou os seus filhos e os mostrou. Nós somos as jóias faiscantes de Deus. Nós somos os troféus da graça de Deus.• A salvação não pode ser pelas obras porque a obra da salvação já foi plenamente realizada na cruz por Cristo (João 19:30). Não podemos acrescentar mais nada à obra completa de Cristo. Agora não existe mais necessidade de sacrifícios e rituais. Fomos reconciliados com Deus. O véu do templo foi rasgado. Pela graça somos salvos. Tanto a fé como a salvação são dádivas de Deus.


III. A OBRA DE DEUS EM NÓS – V. 10a• Nós somos feitura de Deus criados em Cristo Jesus. “Poiema” = poema. Nós somos a obra de arte de Deus, a obra prima de Deus. Isso significa que Deus ainda está trabalhando em nós. Deus não terminou de escrever o último capítulo da nossa vida. Ilustração: A história de Abraão – velho gagá ou gigante da fé? Moisés – louco desvairado ou visionário celestial? Pedro – pedra bruta ou jóia nas mãos de Deus?• Deus nos predestinou para sermos conformes à imagem do seu Filho (Rm 8:29). Deus está esculpindo em nós o caráter de Cristo pelo poder do Espírito Santo (2 Co 3:18). O cinzel que Deus usa para nos transformar é a sua Palavra. Deus nos coloca na bigorna do ferreiro para fazer-nos de um instrumento trincado e enferrujado, um instrumento útil para a sua obra.• Aqui vemos três “Ps”: 1) O poeta – Deus; 2) A pena – Cristo; 3) O Poema – Homem. Deus está trabalhando em nós. A conversão não é o fim da obra, mas o começo. Quando Cristo ressuscitou Lázaro, mas tirar deles as ataduras (João 11:44). • O mesmo poder que tirou você da sepultura e lhe deu vida espiritual, pode agora santificar a sua vida para que você possa ser um belo poema para Deus! Deus trabalha em nós antes de trabalhar através de nós. Deus trabalhou em Moisés 80 anos para usá-lo 40 anos. Deus trabalhou em José antes de levá-lo ao trono. Deus treinou Davi no deserto antes de colocá-lo no trono de Israel.


IV. A OBRA DE DEUS ATRAVÉS DE NÓS – V. 10b• “Nós fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras”. • Não fomos salvos pelas boas obras, mas para as boas obras. É somente pela fé que somos justificados, mas a fé que justifica jamais vem sozinha. • Nós não somos salvos pela fé mais obras, mas pela fé que produz obras. Com respeito a salvação as obras são resultado e não causa. As nossas obras não nos levam para o céu, mas nós levamos as nossas boas obras para o céu (Ap 14:13). • A Bíblia fala sobre diferentes obras: 1) obras da lei – que não podem salvar (Gl 2:16); 2) obras da carne – que são listadas em Gálatas 5:19-21; 3) obras das trevas (Rm 13:12); 4) obras mortas - obras que levam à morte (Hb 6:1); 5) obras de justiça – obras religiosas que não podem salvar (Tt 3:5).• As obras em relação à salvação são: 1) Rejeitadas; 2) Preparadas; 3) Esperadas; 4) Aperfeiçoadas.• Agora Paulo fala sobre as obras que são resultado da salvação. Elas duas características: 1) Elas são boas obras – em contraste com aquelas obras inspiradas pelo diabo, mundo e a carne (v. 2-3). Essas obras devem ser vistas em nós não para a nossa auto-exaltação, mas para a glória de Deus (Mt 5:16). 2) Elas são preparadas de antemão por Deus – Enquanto o descrente anda segundo o curso deste mundo, o crente anda nas boas obras que Deus preparou para ele. Isso significa que Deus tem um plano para a nossa vida e que podemos realizar na vida esse plano que Deus traçou para nós.

CONCLUSÃO• Qual dessas quatro obras você está experimentando na sua vida: a obra do pecado contra você? A obra de Deus por você? A obra de Deus em você? Ou a obra de Deus através de você?• O pecado está trabalhando contra você porque você ainda não pôs toda a sua confiança em Cristo? Então, confie nele agora! • Você tem experimentado a obra de Deus por você, em você e através de você? Você está usando ainda mortalhas ou as vestimentas da graça? Você está experimentando a liberdade em Cristo ou ainda está preso aos vícios, hábitos e escravidão da velha vida da cova do pecado?• Como um cristão Deus o ressuscitou, Deus o exaltou, Deus o fez assentar no trono com Jesus para que você seja um troféu da sua graça por toda a eternidade!


Rev. Hernandes Dias Lopes.

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CUIDADO COM O PECADO

O pecado é uma fraude. Promete prazer e paga com o desgosto. Faz propaganda de liberdade, mas escraviza. Levanta a bandeira da vida, mas seu salário é a morte. Tem um aroma sedutor, mas ao fim cheira a enxofre. Só os loucos zombam do pecado. O pecado é maligníssimo. Ele é pior do que a pobreza, do que a solidão, do que a doença. Enfim, o pecado é pior do que a própria morte. Esses males todos não podem destruir sua alma nem afastar você de Deus, mas o pecado arruína seu corpo, sua alma e afasta você eternamente de Deus. O rei Davi mais do que ninguém sentiu na pele e na alma a tragédia do pecado. Destacaremos três fatos dolorosos acerca do pecado do que aconteceu com Davi.

1. O pecado vai levar você mais longe do que você quer ir –

Quando Davi viu Bate- Seba se banhando e a cobiçou, adulterando com ela em seguida, não podia imaginar o fim daquele túnel. Talvez pensasse que seria apenas uma aventura numa tarde de verão. Talvez até tivesse racionalizado e justificado seu ato tresloucado, dizendo que tinha que relaxar um pouco. Mas, o pecado não é algo passageiro nem superficial. Seus efeitos são profundos e mais duradouros do que você pode imaginar. Davi além de adulterar com Bate-Seba deu outros passos rumo ao abismo. Ele mentiu acerca do seu pecado e mandou matar o marido da sua amante. Ele perdeu a autoridade espiritual sobre sua família. Ele viu sua casa desmoronando diante dos seus olhos. Ele colheu os amargos frutos da sua maldita semeadura. Muitas pessoas passam a vida inteira chorando por uma decisão errada feita apenas num instante. Pagam um alto preço por uma desobediência. Choram amargamente por tomar uma direção errada na vida. Cuidado com o pecado, pois ele pode levar você mais longe do que você quer ir.

2. O pecado vai reter você mais tempo do que você quer ficar –

Davi não calculou o alto custo daquela tarde em que foi dominado pela volúpia e pela paixão. O adultério com Bate-Seba teve desdobramentos dolorosos para Davi, sua família e toda a nação. O pecado de Davi não atingiu apenas a ele e sua geração, mas também a todas as gerações pósteras. Durante todos os séculos esse pecado tem sido relembrado e a memória de Davi manchada. O fiel pastor de ovelhas, o inspirado compositor, o músico de qualidades superlativas, o líder influenciador, o rei conquistador teve sua biografia maculada por esse grave pecado e seus tenebrosos desdobramentos. O pecado começa tênue como um fiapo de linha, mas depois se torna como as grossas correntes que prendem um navio ao cais. O pecado é como a nascente do Rio Amazonas. No seu nascedouro, as águas são rasas e até uma criança pode brincar em seu leito, mas depois, com a soma dos muitos afluentes, esse rio se torna um mar instransponível e inadiministrável. Cuidado com o pecado, pois ele pode reter você mais tempo do que você quer ficar.

3. O pecado vai lhe custar mais caro do que você quer pagar –


O pecado de Davi lhe custou muito caro. Ele perdeu a intimidade com Deus. Durante um longo período, viveu atrás de máscaras, escondendo o seu pecado e atraindo sobre si o justo juízo de Deus. A mão de Deus pesava sobre ele dia e noite, e o seu vigor se tornou em sequidão de estio. Depois, Davi perdeu sua reputação. Os ímpios blasfemaram do nome de Deus por causa de sua loucura. Depois Davi perdeu o filho do adultério. A criança morreu a despeito da insistente petição de Davi. Este teve ainda outras perdas. Sua filha Tamar foi desonrada pelo próprio irmão Amnon. Absalão irmão de Tamar, mandou matar seu próprio irmão Amnon para vingar o que este havia feito com ela. Depois, Absalão rebelou-se e conspirou contra Davi, seu pai, para tirar-lhe a vida e tomar-lhe o reino. E nessa empreitada, Absalão é assassinado por Joabe, comandante do exército de Davi. Tragédias e mais tragédias desabaram sobre a vida de Davi. Jamais ele podia imaginar que o pecado fosse ter um preço tão alto. Cuidado com o pecado, pois ele vai lhe custar mais caro do que você quer pagar.

Rev. Hernandes Dias Lopes