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Uma Corrente Dourada de Cinco Elos

por : Dr. James Montgomery Boice

"Porque os que conheceu de antemão também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou" (Romanos 8.29-30).Quando eu escrevia sobre Romanos 8.28 no estudo anterior, disse que para muitos cristãos, este verso é uma das afirmações mais confortantes em toda a Palavra de Deus. A razão é óbvia. Ele nos diz que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Isto é, Deus tem um grande e bom propósito para todos os cristãos e Ele está trabalhando em todas as muitas circunstâncias detalhadas de suas vidas a fim de alcançá-lo.
Maravilhoso como este verso é, os versos que seguem são ainda mais maravilhosos, por dizerem como Deus cumprirá o seu propósito e nos lembrar que é o próprio Deus quem o cumpre. O último lembrete é a base para o que comumente é conhecido como “segurança eterna” ou “a perseverança dos santos”.
Algum tempo atrás, eu soube de uma história divertida, mas aparentemente real. Em 1966, o santo e místico hindu Rao anunciou que ele caminharia sobre a água. Isto atraiu bastante atenção, e no dia marcado para o evento, uma imensa multidão se reuniu ao redor de um grande tanque em Bombaim, Índia, onde tudo iria ocorrer. O iluminado, cheio de devoção, preparou-se para o milagre e então caminhou em direção à beira do tanque. Um silêncio solene desceu sobre os observadores reunidos. Rao olhou rapidamente para o céu, andou em direção à água, e então imediatamente afundou dentro do tanque. Resmungando, completamente molhado, e furioso, ele emergiu da piscina e voltou-se raivosamente para a multidão embaraçada. “Um de vocês”, ele disse, “é um incrédulo”.
Felizmente, nossa salvação não é algo assim, porque se fosse, nunca aconteceria. Em assuntos espirituais, somos todos incrédulos. Nós somos fracos na fé. Mas nós somos ensinados nestes grandes versículos de Romanos que a salvação não depende de nossa fé, embora ela seja necessária, mas dos propósitos de Deus.
E é da mesma forma a respeito do amor. O apóstolo já disse que em todas as coisas Deus trabalha para o bem daqueles que O amam. Mas temendo que, de alguma forma, imaginemos que a força do nosso amor é o fator determinante na salvação, Paulo nos lembra que nosso lugar neste ótimo fluxo de eventos não é baseado em nosso amor por Deus, mas no fato de que Ele tem fixado Seu amor sobre nós.
De que formas Deus nos amou?
Deixe-me mostrar os modos.
Estes versos nos introduzem a cinco grandes doutrinas: (1) Conhecimento de antemão, (2) predestinação, (3) Chamado eficaz, (4) Justificação, e (5) Glorificação. Estas cinco doutrinas são tão fortemente conectadas que têm sido chamadas correta e acuradamente como “um corrente dourada de cinco elos”. Cada elo é forjado no céu. Isto é, cada um descreve algo que Deus faz e e não abre mão de fazê-lo. É por isto que John R. W. Stott as chama de “cinco irrefutáveis afirmações” [1]. As duas primeiras têm relação com o eterno conselho de Deus ou determinações passadas. As duas últimas estão concentradas naquilo que Deus fez, está fazendo ou fará conosco. O termo do meio (chamados) conecta o primeiro e o último par.
Estas doutrinas seguirão de eternidade para eternidade. Como resultado, não existe maior expressão da maravilhosa atividade salvadora de Deus em toda a Bíblia.
Pré-Conhecimento Divino
O mais importante destes cinco termos é o primeiro, mas surpreendentemente (ou não tão surpreendente, uma vez que nossos caminhos não são os caminhos de Deus, nem Seus pensamentos nossos pensamentos), é o mais mal-entendido. É composto de duas palavras separadas: “pré”, que significa “de antemão”, e “conhecimento” [2]. Isto tem tomado o significado de que, já que Deus conhece todas as coisas, Deus conhece de antemão aqueles que crerão nEle e aqueles que não crerão, e como resultado disto, Ele predestinou para a salvação aqueles a quem Ele previu que crerão nEle. Em outras palavras, o que Deus conhece de antemão ou prevê é a fé das pessoas
Presciência é uma idéia tão importante que nós estaremos voltando nela em nosso próximo estudo e examinaremos cuidadosamente o sentido em que ela é usada na Bíblia. Porém, aqui, podemos ver algo como uma explanação, mas nunca fará justiça a esta passagem.
Em primeiro lugar, o versículo não diz que Deus conheceu de antemão especificamente o que suas criaturas fariam. Não está falando sobre ações humanas, portanto. Pelo contrário, está falando inteiramente de Deus e do que Deus faz. Cada um destes cinco termos seguem esta forma: Deus conheceu de antemão, Deus predestinou, Deus chamou, Deus justificou, Deus glorificou. Mais ainda, o assunto da presciência divina não são as ações de certas pessoas mas as próprias pessoas. Neste sentido, pode apenas significar que Deus fixou uma atenção especial sobre estes ou os amou de forma salvífica.
Este é o modo em que o termo freqüentemente é usado no Antigo Testamento. Amós 3.2, por exemplo. A Versão King James [3] traduz literalmente as palavras de Deus aqui, usando o verbo “conhecer” (Hebreu yada) – “De todas as famílias da terra só a vós vos tenho conhecido; portanto eu vos punirei por todas as vossas iniqüidades”. Mas a idéia da eleição neste contexto é tão óbvia que a NVI realça o sentido do texto ao traduzir “Escolhi apenas vocês de todas as nações da Terra...”
E há outro problema. Se o palavreado significa que Deus conheceu de antemão o que as pessoas farão em resposta a Ele ou à pregação do Evangelho, e então determina seus destinos baseado nisto, o que, digam-me, Deus poderia ver ou pré-conhecer a não ser uma determinada oposição, da parte de todos os homens? Se os corações dos homens e mulheres são tão depravados quanto Paulo ensinou que eles são – se é verdade que “ ’Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus’” (Romanos 3.10-11) – como haveria alguma chance de Deus prever em algum coração humano algo a não ser descrença?
John Murray apresenta isto de uma forma complementar mas levemente diferente: “Mesmo se fosse garantido que ‘conhecer de antemão’ significa a presciência da fé, a doutrina bíblica da eleição não é necessarimente eliminada ou refutada. Pois é certamente verdade que Deus prevê a fé; Ele prevê tudo que virá a acontecer. A questão então simplesmente seria: em que ponto origina-se esta fé, que Deus prevê? E a única resposta bíblica é que a fé que Deus prevê é a fé que Ele mesmo cria (cf. João 3.3-8; 6.44,45,65; Efésios 2.8; Filipenses 1.29; 2 Pedro 1.2). Assim, Sua eterna presciência da fé é precondicionada por Seu decreto de gerar esta fé naqueles a quem Ele previu como crentes” [4].
Pré-conhecimento significa que a salvação tem sua origem na mente ou eternos conselhos de Deus, não no homem. Isto coloca nossa atenção no amor seletivo de Deus, de forma que algumas pessoas são eleitas para ser conformes à imagem de Jesus Cristo, que é aquilo que Paulo já havia dito.
Presciência e Predestinação
A objeção principal a este entedimento de presciência é que, se está correto, então presciência e predestinação (o termo que segue) significam a mesma coisa e Paulo, portanto, seria redundante. Mas os termos não são sinônimos. Predestinação nos leva a um passo adiante.
Como presciência, predestinação é composta de duas palavras separadas: “pré”, significando de antemão, e “destino” ou “destinação”. Isto significa determinar o destino de uma pessoa de antemão, e este é o sentido em que se difere da presciência. Como já vimos, conhecer de antemão signifca fixar o amor sobre alguém ou a eleger. Isto “não nos informa qual o destino para onde os escolhidos serão levados” [5]. Isto é o que a predestinação supre. Ela nos conta que, tendo firmado seu amor seletivo sobre nós, a seguir Deus nos designa para sermos “conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. Ele faz isto, como os próximos termos apresentam, ao chamar, justificar e glorificar estes que escolheu.
D. Martyn Lloyd Jones nos mostra que a palavra grega que é traduzida como “predestinou” tem em seu radical a palavra para “horizonte” (grego, proorizo). O horizonte é uma linha divisória, demarcando e separando o que nós podemos ver daquilo que não podemos ver. Tudo além do horizonte está em uma categoria; tudo antes do horizonte está em outra. Lloyd Jones sugere, portanto, que o significado da palavra é que Deus, tendo conhecido de antemão certas pessoas, as tira da categoria alienada e as coloca dentro do círculo de Seus propósitos salvíficos. “Em outras palavras”, ele diz, “Ele marcou um destino particular para eles” [6].
Este destino é se tornar como Jesus Cristo.
Dois tipos de Chamado
O próximo passo nesta corrente de cinco elos é o que os téologos chamam de chamado eficaz. É importante usar o adjetivo eficaz neste ponto, porque há dois tipos de chamados referidos na Bíblia, e é fácil se confundir quanto a eles.
Um tipo de chamado é externo, geral e universal. É um convite aberto a todas as pessoas a se arrependerem de seus pecados, voltarem-se ao Senhor Jesus Cristo, e serem salvas. É isto que Jesus disse quando falou “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28). Ou também, quando ele diz “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba” (João 7.37). O problema com este tipo de chamado é que, por sua própria conta, nenhum homem ou mulher jamais responderá positivamente. Eles ouvem o chamado, mas dão as costas, preferindo seus próprios caminhos a Deus. É por isto que Jesus também diz que “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer” (João 6.44).
O outro tipo de chamado é interno, específico e efetivo. Isto é, não somente faz o convite, como também providencia a habilidade ou desejo de responder positivamente. É a atração de Deus para Si mesmo ou o trazer à vida espiritual aquele que sem este chamado continuaria morto e distante dEle.
Não há maior ilustração disto que o chamado de Jesus para Lázaro, irmão de Maria e Marta, que havia morrido quatro dias antes. Lázaro em seu túmulo é um retrato de todo ser humano em seu estado natural – morto de corpo e alma, amarrado com faixas, deitado em uma tumba, selada por uma grande pedra. Vamos chamá-lo de volta: “Lázaro, Lázaro. Vem para fora, Lázaro. Nós queremos você de volta. Nós sentimos sua falta. Se você apenas se levantasse pra fora dessa tumba e voltasse para nós, você verá que nós estamos todos ansiosos por ter você de volta. Ninguém aqui irá pôr qualquer empecilho no seu caminho”.
O quê? Lázaro não virá? Ele não quer estar conosco?
O problema é que Lázaro não tem a capacidade de voltar. O chamado é dado, mas ele não pode vir.
Ah, mas deixe Jesus tomar lugar diante do túmulo. Deixe Jesus dizer “Lázaro, vem para fora”, e a história é bastante diferente. As palavras são as mesmas, mas agora o chamado não é um mero convite. É um chamado eficaz. O mesmo Deus que originalmente chamou a criação do nada está agora chamando a vida da morte, e Seu chamado é ouvido. Lázaro, mesmo que estivesse morto há quatro dias, ouve Jesus e obedece à voz do Mestre.
É assim que Deus chama aqueles que ele conheceu de antemão e predestinou à salvação.
Chamado e Justificação
O próximo passo na grande corrente divina de atos salvíficos é a justificação. Já discutimos muito sobre justificação no volume 1 desta série, então não precisamos discutí-la em detalhes aqui. Resumidamente é um ato judicial pelo qual Deus declara pessoas pecadoras como justas diante dEle, não baseado em seus próprios méritos, por eles terem feito algo, mas com base naquilo que Cristo fez por eles, por morrer em seus lugares na cruz. Jesus carregou seus castigos, tomando sobre si a punição pelos pecados dessas pessoas. Tendo sido punidos estes pecados, Deus então imputa a perfeita justiça de Jesus Cristo na conta deles.
O que precisa ser discutido aqui é a relação do chamado eficaz com a justificação. Ou, colocando na forma de uma questão: Por que Paulo coloca o chamado neste lugar da corrente? Por que chamado vem entre conhecimento e predestinação de um lado, e justificação e glorificação no outro?
Existem duas razões.
Primeiro, o chamado é o ponto em que as coisas determinadas de antemão na mente e conselho de Deus entram no tempo. Nós falamos de “pré” conhecimento e “pré” destinação. Mas estas duas referências ao tempo só têm significado para nós. Estritamente falando, isto não é um instante de tempo em Deus. Porque o fim é o começo e o começo é o fim, “antemão” e “pré” nada significam para Ele. Deus simplesmente “conhece” e “determina”, e isto eternamente. Mas o que Ele já decretou na eternidade torna-se real no tempo, e o chamado é o ponto em que Seu conhecimento eterno de alguns e Sua predestinação daqueles à salvação encontram o que chamaríamos de manifestação concreta. Somos criaturas no tempo. Então é pelo chamado específico de Deus à fé, no tempo, que nós somos salvos.
Segundo, justificação, que vem logo após o chamado na lista de ações divinas, está sempre conectada com fé ou crença, e é por meio do chamado divino ao indivíduo que a fé é imputada na pessoa. O chamado de Deus cria ou estimula a fé. Ou, como nós poderíamos portanto dizer mais acuradamente, é o chamado de Deus que traz para fora a vida espiritual, da qual a fé é o a primeira evidência real ou prova.
Romanos 8.29-30 não contém uma lista completa dos passos na experiência de salvação de alguém, somente cinco dos mais importantes passos tomados por Deus em benefício dos cristãos. Se o texto incluísse todos os passos, o que os teólogos chamam de ordo salutis, teria de listar estes: pré-conhecimento, predestinação, chamado, regeneração, fé, arrependimento, justificação, adoção, santificação, perseverança e glorificação [7]. A lista completa apresenta o assunto. Depois da predestinação, o passo imediato é nosso chamado, de onde vem a fé que leva à justificação.
A Bíblia nunca diz que nós somos salvos por causa da nossa fé. Isto faria da fé algo bom em nós que, de alguma forma, contribuiria com o processo. Mas é dito que nós somos salvos por meio ou através da fé, significando que Deus deve criá-la em nós antes que nós possamos ser justificados.
Glorificou (Tempo Passado)
Glorificação também é algo que estudamos antes, e agora voltamos ao assunto novamente antes que completemos estes estudos de Romanos 8. Significa ser feito como Jesus Cristo, que é o que Paulo disse antes. Mas aqui há algo que devemos notar. Quando Paulo menciona glorificação, ele se refere a isto no passado (“glorificou”) ao invés do futuro (“glorificará”) ou num futuro passivo (“serão glorificados”), algo que talvez esperássemos que ele deveria fazer.
Por que isto? A única possível e também óbvia razão é que ele está pensando no passo final de nossa salvação como sendo tão certa que é possível referir-se a ela como se já houvesse acontecido. E, é claro, ele faz isto deliberadamente para nos assegurar que é exatamente o que acontecerá. Lembra o que ele diz em sua carta aos cristãos em Filipos? Ele escreve “Fazendo sempre com alegria oração por vós... tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Filipenses 1.4,6). Este é um atalho para o que estamos descobrindo em Romanos. Deus começou a “boa obra” por conhecer de antemão, predestinar, chamar e justificar. E porque Ele nunca volta atrás naquilo que Ele disse, ou muda Sua mente, nós podemos saber que Ele aperfeiçoará a boa obra até o dia em que nós seremos como Jesus Cristo, sendo glorificados.
Tudo de Deus
Tenho uma conclusão simples, lembrar você novamente que todas estas coisas foram feitas por Deus. São os pontos importantes, os pontos que realmente importam. Sem eles, nenhum de nós seria salvo. Ou se fôssemos “salvos” nenhum de nós continuaria nesta salvação.
Nós temos de acreditar. É claro, nós temos. Paulo já falou da natureza e necessidade da fé nos capítulos 3 e 4 de Romanos. Mas mesmo nossa fé é de Deus ou, como nós provavelmente diríamos melhor, é resultado de Seu trabalho em nós. Em Efésios Paulo diz “porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9). Quando somos salvos, primeiramente pensamos naturalmente que temos uma grande participação nisto, talvez por causa de ensinamentos errôneos ou superficiais, mas muito comumente apenas porque sabemos mais sobre nossos próprios pensamentos e sentimentos do que conhecemos de Deus. Mas, há quanto mais tempo alguém é cristão, mais ele se distancia de qualquer sentimento de que somos responsáveis por nossa salvação ou mesmo alguma parte dela, e mais próximos chegamos à conclusão de que é tudo de Deus.
É algo bom que seja de Deus, também! Porque fosse cumprido por nós, nós poderíamos simplesmente descumprí-la e não há dúvida que o faríamos. Se Deus é o autor, a salvação é algo que é feita sabiamente, bem e eternamente.
Robert Haldane, um dos grandes comentarista de Romanos, provê este resumo.
Ao rever esta passagem, devemos observar que em tudo que é dito, o homem não atua em nenhuma parte, mas é passivo, e tudo é feito por Deus. O homem é eleito, predestinado, chamado, justificado e glorificado por Deus. O Apóstolo estava aqui concluindo tudo o que ele havia dito antes ao enumerar tópicos de consolação aos crentes, e está agora pronto para apresentar que Deus é “por nós”, ou em favor de Seu povo. Poderia alguma coisa, então, ser mais consoladora àqueles que amam a Deus, que desta maneira serem assegurados de que a grande preocupação quanto a sua salvação não é deixada aos seus cuidados? Deus cuida até mesmo da promessa deles. Deus, tomando tudo sobre Ele mesmo. Ele se fez responsável por eles. Não há lugar, então, para risco ou mudança. Ele fará perfeito aquilo que concernia a eles [8].
Anos atrás, Harry A. Ironside, um grande mestre da Bíblia, contou uma história sobre um velho cristão a quem pediram que desse seu testemunho. Ele contou como Deus o procurou e encontrou, como Deus o amou, chamou, salvou, libertou, purificou e curou – um grande testemunho da graça, poder e glória de Deus. Mas depois do encontro um irmão provavelmente legalista o chamou num canto e criticou seu testemunho, como certamente alguns de nós faríamos. Ele disse “eu apreciei tudo o que você contou sobre o que Deus fez por você. Mas você não mencionou a sua parte nisto. Salvação é na verdade participação nossa e participação de Deus. Você deveria ter mencionado algo sobre a sua parte”.
“Ah, claro”, o velho cristão respondeu. “Peço desculpas por isso. Me perdoe. Eu realmente deveria ter dito alguma coisa sobre a minha parte. Minha participação foi fugir e a participação de Deus foi correr atrás de mim até que pudesse me pegar” [9].
Todos nós fugimos. Mas Deus colocou Seu amor em nós, nos prdestinou a tornar-nos como Jesus Cristo, nos chamou à fé e arrependimento, nos justificou e, sim, até mesmo nos glorificou, tão certo de que Seu plano será completo. Que apenas Ele seja louvado!
NOTAS:
[1] - John R. W. Stott, Men Made New: An Exposition of Romans 5-8 (Grand Rapids: Baker Book House, 1984), p. 101.
[2] - Nota do Tradutor: preferi manter a linguagem do autor em alguns trechos. No nosso caso, é conheceu de antemão e nao “pré-conheceu” ou “presciência”.
[3] - Em nosso caso, Almeida Fiel e Corrigida[4] - John Murray, The Epistle to the Romans (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 968), p. 316.
[5] - Ibid., p. 318.
[6] - D. M. Lloyd Jones, Romans, An Exposition of Chapter 8:17-39, The Final Perseverance of the Saints (Grand Rapids: Zondervan, 1976), p. 241
[7] - Há uma clássica exposição da ordo salutis em Redenção – Consumada e Aplicada, de John Murray
[8] - Robert Haldane, An Exposition of the Epistle to the Romans (MacDill AFB: MacDonald Publishing, 1958), pp. 407, 408.
[9] - História contada em Ray C. Stedman, From Guilt to Glory. Vol. 1, Hope for the Helpless (Portland Multnomah Press 1978), p. 302

Tradução livre: Josaías Cardoso Ribeiro Jr. Brasília-DF, 04 de Outubro de 2004.

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14:03

A Finalidade da Cruz

por :Dave Hunt

“Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim...” (Gl 2.19b-20).

A ilusão do "símbolo" do cristianismo
Os elementos anticristãos do mundo secular dariam tudo para conseguir eliminar manifestações públicas da cruz. Ainda assim, ela é vista no topo das torres de dezenas de milhares de igrejas, nas procissões, sendo freqüentemente feita de ouro e até ornada com pedras preciosas. A cruz, entretanto, é exibida mais como uma peça de bijuteria ao redor do pescoço ou pendurada numa orelha do que qualquer outra coisa. É preciso perguntarmos através de que tipo estranho de alquimia a rude cruz, manchada do sangue de Cristo, sobre a qual Ele sofreu e morreu pelos nossos pecados se tornou tão limpa, tão glamourizada.
Não importa como ela for exibida, seja até mesmo como joalheria ou como pichação, a cruz é universalmente reconhecida como símbolo do cristianismo – e é aí que reside o grave problema. A própria cruz, em lugar do que nela aconteceu há 19 séculos, se tornou o centro da atenção, resultando em vários erros graves. O próprio formato, embora concebido por pagãos cruéis para punir criminosos, tem se tornado sacro e misteriosamente imbuído de propriedades mágicas, alimentando a ilusão de que a própria exibição da cruz, de alguma forma, garante proteção divina. Milhões, por superstição, levam uma cruz pendurada ao pescoço ou a tem em suas casas, ou fazem "o sinal da cruz" para repelir o mal e afugentar demônios. Os demônios temem a Cristo, não uma cruz; e qualquer um que não foi crucificado juntamente com Ele, exibe a cruz em vão.
A "palavra da cruz": poder de Deus
Paulo afirmou que a “palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” (1 Co 1.18). Assim sendo, o poder da cruz não reside na sua exibição, mas sim na sua pregação; e essa mensagem nada tem a ver com o formato peculiar da cruz, e sim com a morte de Cristo sobre ela, como declara o evangelho. O evangelho é “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16), e não para aqueles que usam ou exibem, ou até fazem o sinal da cruz.
O que é esse evangelho que salva? Paulo afirma explicitamente: “venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei... por ele também sois salvos... que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15.1-4). Para muitos, choca o fato do evangelho não incluir a menção de uma cruz. Por quê? Porque a cruz não era essencial à nossa salvação. Cristo tinha que ser crucificado para cumprir a profecia relacionada à forma de morte do Messias (Sl 22), não porque a cruz em si tinha alguma ligação com nossa redenção. O imprescindível era o derramamento do sangue de Cristo em Sua morte como prenunciado nos sacrifícios do Antigo Testamento, pois "sem derramamento de sangue não há remissão" (Hb 9.22); “é o sangue que fará expiação em virtude da vida” (Lv 17.11).
Não dizemos isso para afirmar que a cruz em si é insignificante. O fato de Cristo ter sido pregado numa cruz revela a horripilante intensidade da maldade inata ao coração de cada ser humano. Ser pregado despido numa cruz e ser exibido publicamente, morrer lentamente entre zombarias e escárnios, era a morte mais torturantemente dolorosa e humilhante que poderia ser imaginada. E foi exatamente isso que o insignificante ser humano fez ao seu Criador! Nós precisamos cair com o rosto em terra, tomados de horror, em profundo arrependimento, dominados pela vergonha, pois não foram somente a turba sedenta de sangue e os soldados zombeteiros que O pregaram à cruz, mas sim nossos pecados!
A cruz revela a malignidade do homem e o amor de Deus
Assim sendo, a cruz revela, pela eternidade adentro, a terrível verdade de que, abaixo da bonita fachada de cultura e educação, o coração humano é “enganoso... mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto” (Jr 17.9), capaz de executar o mal muito além de nossa compreensão, até mesmo contra o Deus que o criou e amou, e que pacientemente o supre. Será que alguém duvida da corrupção, da maldade de seu próprio coração? Que tal pessoa olhe para a cruz e recue dando uma reviravolta, a partir de seu ser mais interior! Não é à toa que o humanista orgulhoso odeia a cruz!
Ao mesmo tempo que a cruz revela a malignidade do coração humano, entretanto, ela revela a bondade, a misericórdia e o amor de Deus de uma maneira que nenhuma outra coisa seria capaz. Em contraste com esse mal indescritível, com esse ódio diabólico a Ele dirigido, o Senhor da glória, que poderia destruir a terra e tudo o que nela há com uma simples palavra, permitiu-se ser zombado, injuriado, açoitado e pregado àquela cruz! Cristo “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.8). Enquanto o homem fazia o pior, Deus respondia com amor, não apenas Se entregando a Seus carrascos, mas carregando nossos pecados e recebendo o castigo que nós justamente merecíamos.
A cruz prova que existe perdão para o pior dos pecados
Existe, ainda, um outro sério problema com o símbolo, e especialmente o crucifixo católico que exibe um Cristo perpetuamente pendurado na cruz, assim como o faz a missa. A ênfase está sobre o sofrimento físico de Cristo como se isso tivesse pago os nossos pecados. Pelo contrário, isso foi o que o homem fez a Ele e só podia nos condenar a todos. Nossa redenção aconteceu através do fato de que Ele foi ferido por Jeová e “sua alma [foi dada] como oferta pelo pecado” (Is 53.10); Deus fez “cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (Is 53.6); e “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1 Pe 2.24).
A morte de Cristo é uma evidência irrefutável de que Deus precisa, em Sua justiça, punir o pecado, que a penalidade precisa ser paga, caso contrário não pode haver perdão. O fato de que o Filho de Deus teve que suportar a cruz, mesmo depois de ter clamado a Seu Pai ao contemplar em agonia o carregar de nossos pecados [“Se possível, passe de mim este cálice!” (Mt 26.39)], é prova de que não havia outra forma de o ser humano ser redimido. Quando Cristo, o perfeito homem, sem pecado e amado de Seu Pai, tomou nosso lugar, o juízo de Deus caiu sobre Ele em toda sua fúria. Qual deve ser, então, o juízo sobre os que rejeitam a Cristo e se recusam a receber o perdão oferecido por Ele! Precisamos preveni-los!
Ao mesmo tempo e no mesmo fôlego que fazemos soar o alarme quanto ao julgamento que está por vir, precisamos também proclamar as boas notícias de que a redenção já foi providenciada e que o perdão de Deus é oferecido ao mais vil dos pecadores. Nada mais perverso poderia ser concebido do que crucificar o próprio Deus! E ainda assim, foi estando na cruz que Cristo, em seu infinito amor e misericórdia, orou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). Assim sendo, a cruz também prova que existe perdão para o pior dos pecados, e para o pior dos pecadores.
Cuidado: não anule a cruz de Cristo!
A grande maioria da humanidade, entretanto, tragicamente rejeita a Cristo. E é aqui que enfrentamos outro perigo: é que em nosso sincero desejo de vermos almas salvas, acabamos adaptando a mensagem da cruz para evitar ofender o mundo. Paulo nos alertou para tomarmos cuidado no sentido de não pregar a cruz “com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo” (1 Co 1.17). Muitos pensam: “É claro que o evangelho pode ser apresentado de uma forma nova, mais atraente do que o fizeram os pregadores de antigamente. Quem sabe, as técnicas modernas de embalagem e vendas poderiam ser usadas para vestir a cruz numa música ou num ritmo, ou numa apresentação atraente assim como o mundo comumente faz, de forma a dar ao evangelho uma nova relevância ou, pelo menos, um sentido de familiaridade. Quem sabe poder-se-ia lançar mão da psicologia, também, para que a abordagem fosse mais positiva. Não confrontemos pecadores com seu pecado e com o lado sombrio da condenação do juízo vindouro, mas expliquemos a eles que o comportamento deles não é, na verdade, culpa deles tanto quanto é resultante dos abusos dos quais eles têm sido vitimados. Não somos todos nós vítimas? E Cristo não teria vindo para nos resgatar desse ato de sermos vitimados e de nossa baixa perspectiva de nós mesmos e para restaurar nossa auto-estima e auto-confiança? Mescle a cruz com psicologia e o mundo abrirá um caminho para nossas igrejas, enchendo-as de membros!” Assim é o neo-evangelicalismo de nossos dias.
Ao confrontar tal perversão, A. W. Tozer escreveu: “Se enxergo corretamente, a cruz do evangelicalismo popular não é a mesma cruz que a do Novo Testamento. É, sim, um ornamento novo e chamativo a ser pendurado no colo de um cristianismo seguro de si e carnal... a velha cruz matou todos os homens; a nova cruz os entretêm. A velha cruz condenou; a nova cruz diverte. A velha cruz destruiu a confiança na carne; a nova cruz promove a confiança na carne... A carne, sorridente e confiante, prega e canta a respeito da cruz; perante a cruz ela se curva e para a cruz ela aponta através de um melodrama cuidadosamente encenado – mas sobre a cruz ela não haverá de morrer, e teimosamente se recusa a carregar a reprovação da cruz”.
A cruz é o lugar onde nós morremos em Cristo
Eis o “x” da questão. O evangelho foi concebido para fazer com o eu aquilo que a cruz fazia com aqueles que nela eram postos: matar completamente. Essa é a boa notícia na qual Paulo exultava: “Estou crucificado com Cristo”. A cruz não é uma saída de incêndio pela qual escapamos do inferno para o céu, mas é um lugar onde nós morremos em Cristo. É só então que podemos experimentar “o poder da sua ressurreição” (Fp 3.10), pois apenas mortos podem ser ressuscitados. Que alegria isso traz para aqueles que há tempo anelam escapar do mal de seus próprios corações e vidas; e que fanatismo isso aparenta ser para aqueles que desejam se apegar ao eu e que, portanto, pregam o evangelho que Tozer chamou de “nova cruz”.
Paulo declarou que, em Cristo, o crente está crucificado para o mundo e o mundo para ele (Gl 6.14). É linguagem bem forte! Este mundo odiou e crucificou o Senhor a quem nós amamos – e, através desse ato, crucificou a nós também. Nós assumimos uma posição com Cristo. Que o mundo faça conosco o que fez com Ele, se assim quiser, mas fato é que jamais nos associaremos ao mundo em suas concupiscências e ambições egoístas, em seus padrões perversos, em sua determinação orgulhosa de construir uma utopia sem Deus e em seu desprezo pela eternidade.
Crer em Cristo pressupõe admitir que a morte que Ele suportou em nosso lugar era exatamente o que merecíamos. Quando Cristo morreu, portanto, nós morremos nEle: “...julgando nós isto: um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5.14-15).
“Mas eu não estou morto”, é a reação veemente. “O eu ainda está bem vivo”. Paulo também reconheceu isso: “...não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7.19). Então, o que é que “estou crucificado com Cristo” realmente significa na vida diária? Não significa que estamos automaticamente “mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus” (Rm 6.11). Ainda possuímos uma vontade e ainda temos escolhas a fazer.
O poder sobre o pecado
Então, qual é o poder que o cristão tem sobre o pecado que o budista ou o bom moralista não possui? Primeiramente, temos paz com Deus “pelo sangue da sua cruz” (Cl 1.20). A penalidade foi paga por completo; assim sendo, nós não tentamos mais viver uma vida reta por causa do medo de, de outra sorte, sermos condenados, mas sim por amor Àquele que nos salvou. “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1 Jo 4.19); e o amor leva quem ama a agradar o Amado, não importa o preço. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra” (Jo 14.23), disse o nosso Senhor. Quanto mais contemplamos a cruz e meditamos acerca do preço que nosso Senhor pagou por nossa redenção, mais haveremos de amá-lO; e quanto mais O amarmos, mais desejaremos agradá-lO.
Em segundo lugar, ao invés de “dar duro” para vencer o pecado, aceitamos pela fé que morremos em Cristo. Homens mortos não podem ser tentados. Nossa fé não está colocada em nossa capacidade de agirmos como pessoas crucificadas mas sim no fato de que Cristo foi crucificado de uma vez por todas, em pagamento completo por nossos pecados.
Em terceiro lugar, depois de declarar que estava “crucificado com Cristo”, Paulo acrescentou: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20). O justo “viverá por fé” (Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38) em Cristo; mas o não-crente só pode colocar sua fé em si mesmo ou em algum programa de auto-ajuda, ou ainda num guru desses bem esquisitos.
A missa: negação da suficiência da obra de Cristo na cruz
Tristemente, a fé católica não está posta na redenção realizada por Cristo de uma vez para sempre na cruz, mas na missa, que, alegadamente, é o mesmo sacrifício como o que foi feito na cruz, e confere perdão e nova vida cada vez que é repetida. Reivindica-se que o sacerdote transforma a hóstia e o vinho no corpo literal e no sangue literal de Cristo, fazendo com que o sacrifício de Cristo esteja perpetuamente presente. Mas não há como trazer um evento passado ao presente. Além do mais, se o evento passado cumpriu seu propósito, não há motivo para querer perpetuá-lo no presente, mesmo que pudesse ser feito. Se um benfeitor, por exemplo, paga ao credor uma dívida que alguém tem, a dívida sumiu para sempre. Seria sem sentido falar-se em reapresentá-la ou reordená-la ou perpetuar seu pagamento no presente. Poder-se-ia lembrar com gratidão que o pagamento já foi feito, mas a reapresentação da dívida não teria valor ou sentido uma vez que já não existe dívida a ser paga.
Quando Cristo morreu, Ele exclamou em triunfo: “Está consumado” (Jo 19.30), usando uma expressão que, no grego, significa que a dívida havia sido quitada totalmente. Entretanto, o novo Catecismo da Igreja Católica diz: “Como sacrifício, a Eucaristia é oferecida como reparação pelos pecados dos vivos e dos mortos, e para obter benefícios espirituais e temporais de Deus” (parágrafo 1414, p. 356). Isso equivale a continuar a pagar prestações de uma dívida que já foi plenamente quitada. A missa é uma negação da suficiência do pagamento que Cristo fez pelo pecado sobre a cruz! O católico vive na incerteza de quantas missas ainda serão necessárias para fazê-lo chegar ao céu.
Segurança para o presente e para toda a eternidade
Muitos protestantes vivem em incerteza semelhante, com medo de que tudo será perdido se eles falharem em viver uma vida suficientemente boa, ou se perderem sua fé, ou se voltarem as costas a Cristo. Existe uma finalidade abençoada da cruz que nos livra dessa insegurança. Cristo jamais precisará ser novamente crucificado; nem os que “foram crucificados com Cristo” ser “descrucificados” e aí “recrucificados”! Paulo declarou: “porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus” (Cl 3.3). Que segurança para o presente e para toda a eternidade!

Traduzido por: Eros Pasquini Jr.
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13:56

A Cruz e o Ego

por Arthur W. Pink

Então, disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz, e siga-me” — (Mateus 16:24).
Antes de desenvolver o tema deste verso, comentemos os seus termos. “Se alguém”: o dever imposto é para todos os que desejam se unir aos seguidores de Cristo e alistar sob a Sua bandeira. “Se alguém quer”: o grego é muito enfático, significando não somente o consentimento da vontade, mas o pleno propósito de coração, uma resolução determinada. “Vir após mim”: como um servo sujeito ao seu Mestre, um estudante ao seu Professor, um soldado ao seu Capitão. “Negue”: o grego significa “negar totalmente”. Negar a si mesmo: sua natureza pecaminosa e corrompida. “E tome”: não passivamente sofra ou suporte, mas assuma voluntariamente, adote ativamente. “Sua cruz”: que é desprezada pelo mundo, odiada pela carne, mas que é a marca distintiva de um cristão verdadeiro. “E siga-me”: viva como Cristo viveu — para a glória de Deus.
O contexto imediato é mais solene e impressionante. O Senhor Jesus tinha acabado de anunciar aos Seus apóstolos, pela primeira vez, a aproximação de Sua morte de humilhação (v. 21). Pedro se assustou, e disse, “Tem compaixão de Ti, Senhor” (v. 22). Isto expressou a política da mente carnal. O caminho do mundo é a procura para si mesmo e a defesa de si mesmo. “Tenha compaixão de ti” é a soma de sua filosofia. Mas a doutrina de Cristo não é “salva a ti mesmo”, mas sacrifica a ti mesmo. Cristo discerniu no conselho de Pedro uma tentação de Satanás (v. 23), e imediatamente a rejeitou. Então, voltando-se para Pedro, disse: Não somente “deve” o Cristo subir à Jerusalém e morrer, mas todo aquele que desejar ser um seguidor dEle, deve tomar sua cruz (v. 24). O “deve” é tão imperativo num caso como no outro. Mediatoriamente, a cruz de Cristo permanece sozinha; mas experiencialmente, ela é compartilhada por todos que entram na vida.
O que é um “cristão”? Alguém que sustenta membresia em alguma igreja terrena? Não. Alguém que crê num credo ortodoxo? Não. Alguém que adota um certo modo de conduta? Não. O que, então, é um cristão? Ele é alguém que renunciou a si mesmo e recebeu a Cristo Jesus como Senhor (Colossenses 2:6). Ele é alguém que toma o jugo de Cristo sobre si e aprende dEle que é “manso e humilde de coração”. Ele é alguém que foi “chamado à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Coríntios 1:9): comunhão em Sua obediência e sofrimento agora, em Sua recompensa e glória no futuro sem fim. Não há tal coisa como pertencer a Cristo e viver para agradar a si mesmo. Não cometa engano neste ponto, “E qualquer que não tomar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:27), disse Cristo. E novamente Ele declarou, “Mas aquele (ao invés de negar a si mesmo) que me negar diante dos homens (não “para” os homens: é conduta, o caminhar, que está aqui em vista), também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mateus 10:33).
A vida cristã começa com um ato de auto-renúncia, e é continuada pela auto-mortificação (Romanos 8:13). A primeira pergunta de Saulo de Tarso, quando Cristo o apreendeu, foi, “Senhor, que queres que eu faça?”. A vida cristã é comparada com uma “corrida”, e o corredor é chamado para “deixar todo embaraço e o pecado que tão de perto nos assedia” (Hebreus 12:1), cujo “pecado” é o amor por si mesmo, o desejo e a determinação de ter o nosso “próprio caminho” (Isaías 53:6). O grande alvo, fim e tarefa posta diante do Cristão é seguir a Cristo — seguir o exemplo que Ele nos deixou (1 Pedro 2:21), e Ele “não agradou a si mesmo” (Romanos 15:3). E há dificuldades no caminho, obstáculos na estrada, dos quais o principal é o ego. Portanto, este deve ser “negado”. Este é o primeiro passo para se “seguir” a Cristo.
O que significa para um homem “negar a si mesmo” totalmente? Primeiro, isto significa a completa repudiação de sua própria bondade. Significa cessar de descansar sobre quaisquer obras nossas, para nos recomendar a Deus. Significa uma aceitação sem reservas do veredicto de Deus que “todas as nossas justiças [nossas melhores performances], são como trapo da imundícia” (Isaías 64:6). Foi neste ponto que Israel falhou: “Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus” (Romanos 10:3). Agora, contraste com a declaração de Paulo: “E seja achado nEle, não tendo justiça própria” (Filipenses 3:9).
Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente sua própria sabedoria. Ninguém pode entrar no reino dos céus, a menos que tenha se tornado “como criança” (Mateus 18:3). “Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito!” (Isaías 5:21). “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Romanos 1:22). Quando o Espírito Santo aplica o Evangelho em poder numa alma, é para “destruir os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10:5). Um moto sábio para o todo cristão adotar é “não te estribes no teu próprio entendimento” (Provérbios 3:5).
Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente sua própria força. É “não confiar na carne” (Filipenses 3:3). É o coração se curvando à declaração positiva de Cristo: “Sem mim, nada podeis fazer” (João 15:5). Este é o ponto no qual Pedro falhou: (Mateus 26:33). “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Provérbios 16:18). Quão necessário é, então, que prestemos atenção à 1 Coríntios 10:12: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia”! O segredo da força espiritual reside em reconhecer nossa fraqueza pessoal: (veja Isaías 40:29; 2 Crônicas 12:9). Então, “fortifiquemo-nos na graça que há em Cristo Jesus” (2 Timóteo 2:1).
Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente sua própria vontade. A linguagem do não-salvo é, “Não queremos que este Homem reine sobre nós” (Lucas 19:14). A atitude do cristão é, “Para mim, o viver é Cristo” (Filipenses 1:21) — honrá-Lo, agradá-Lo, servi-Lo. Renunciar sua própria vontade significa atender à exortação de Filipenses 2:5, “Que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”, o qual é definido nos versos que imediatamente seguem como de abnegação. É o reconhecimento prático de que “não sois de vós mesmos, porque fostes comprados por bom preço” (1 Coríntios 6:19,20). É dizer com Cristo, “Não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres” (Marcos 14:36).
Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente suas luxúrias ou desejos carnais. “O ego do homem é um feixe de ídolos” (Thomas Manton, Puritano), e estes ídolos devem ser repudiados. Os não-cristãos são “amantes de si mesmos” (2 Timóteo 3:1); mas aquele que foi regenerado pelo Espírito diz com Jó, “Eis que sou vil” (40:4), “Eu me abomino” (42:6). Dos não-cristãos está escrito, “todos buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus” (Filipenses 2:21); mas dos santos de Deus está registrado,“eles não amaram a sua vida até à morte” (Apocalipse 12:11). A graça de Deus está “ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tito 2:12).
Esta negação do ego que Cristo requer de todos os Seus seguidores deve ser universal. Não há nenhuma reserva, nenhuma exceção feita: “Nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Romanos 13:14). Deve ser constante, não ocasional: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23). Deve ser espontânea, não forçada, realizada com satisfação, não relutantemente: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens” (Colossenses 3:23). Ó, quão impiamente o padrão que Deus colocou diante de nós tem sido rebaixado! Como isso condena a vida acomodada, agradável à carne e mundana de tantos que professam (mas, de maneira vã) que eles são “cristãos”!
“E tome a sua cruz”. Isto se refere não à cruz como um objeto de fé, mas como uma experiência na alma. Os benefícios legais do Calvário são recebidos através do crer, quando a culpa do pecado é cancelada, mas as virtudes experimentais da Cruz de Cristo são somente desfrutadas à medida que somos, de um modo prático, “conformados com a Sua morte” (Filipeneses 3:10). É somente à medida que realmente aplicamos a cruz às nossas vidas diárias, regulamos nossa conduta pelos seus princípios, que ela se torna eficaz sobre o poder do pecado que habita em nós. Não pode haver ressurreição onde não há morte, e não pode haver andar prático “em novidade de vida” até que “carreguemos no corpo o morrer do Senhor Jesus” (2 Coríntios 4:10). A “cruz” é o sinal, a evidência, do discipulado cristão. É sua “cruz”, e não o seu credo, que distingue um verdadeiro seguidor de Cristo do mundano religioso.
Agora, no Novo Testamento a “cruz” tem o significado de realidades definidas. Primeiro, ela expressa o ódio do mundo. O Filho de Deus veio aqui não para julgar, mas par salvar; não para punir, mas para redimir. Ele veio aqui “cheio de graça e verdade”. Ele sempre esteve à disposição dos outros: ministrando aos necessitados, alimentando os famintos, curando os enfermos, libertando os possessos pelo demônio, ressuscitando os mortos. Ele era cheio de compaixão: gentil como um cordeiro; inteiramente sem pecado. Ele trouxe com Ele felizes notícias de grande alegria. Ele procurou os perdidos, pregou aos pobres, todavia, não desdenhou dos ricos; Ele perdoou pecadores. E, como Ele foi recebido? Que tipo de recepção os homens Lhe deram? Eles O “desprezaram e rejeitaram” (Isaías 53:3). Ele declarou, “Eles Me odeiam sem uma causa” (João 15:25). Eles tiveram sede de Seu sangue. Nenhuma morte ordinária os apaziguaria. Eles demandaram que Ele deveria ser crucificado. A Cruz, então, foi a manifestação do ódio inveterado do mundo pelo Cristo de Deus.
O mundo não mudou, não mais do que o etíope pode mudar sua pele ou o leopardo suas manchas. O mundo e Cristo ainda estão em aberto antagonismo. Por conseguinte, está escrito: “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4). É impossível andar com Cristo e comungar com Ele, até que tenhamos nos separado do mundo. Andar com Cristo necessariamente envolve compartilhar Sua humilhação: “Saiamos, pois, a Ele, fora do arraial, levando o seu vitupério” (Hebreus 13:13). Isto foi o que Moisés fez (veja Hebreus 11:24-26). Quanto mais próximo eu andar de Cristo, mais eu serei mal-entendido (1 João 3:2), ridicularizado (Jó 12:4) e detestado pelo mundo (João 15:19). Não cometa engano aqui: é extremamente impossível continuar com o mundo e ter comunhão com o Santo Cristo. Portanto, “tomar” minha “cruz” significa, que eu deliberadamente convido a inimizade do mundo através da minha recusa em ser “conformado” a ele (Romanos 12:2). Mas, o que importa o olhar carrancudo do mundo, se estou desfrutando os sorrisos do Salvador?
Tomar minha “cruz” significa uma vida voluntariamente rendida a Deus. Como o ato dos homens ímpios, a morte de Cristo foi um assassinato; mas como o ato do próprio Cristo, foi um sacrifício voluntário, oferecendo a Si mesmo a Deus. Foi também um ato de obediência a Deus. Em João 10:18 Ele disse, “Ninguém a [Sua vida] tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou”. E por que Ele o fez? Suas próximas palavras nos dizem: “Este mandato recebi de meu Pai”. A cruz foi a suprema demonstração da obediência de Cristo. Nesta Ele foi o nosso Exemplo. Uma vez mais citamos Filipenses 2:5: “Que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”. E nos versos seguintes nós vemos o Amado do Pai tomando a forma de um Servo, e tornando-Se “obediente até a morte, e morte de cruz”. Agora, a obediência de Cristo deve ser a obediência do cristão — voluntária, alegre, sem reservas, contínua. Se esta obediência envolve vergonha e sofrimento, acusação e perda, não devemos nos acovardar, mas por o nosso rosto “como um seixo” (Isaías 50:7). A cruz é mais do que o objeto da fé do cristão, ela é o sinal de discipulado, o princípio pelo qual sua vida deve ser regulada. A “cruz” significa rendição e dedicação a Deus: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12:1).
A “cruz” significa serviço vicário e sofrimento. Cristo deu a Sua vida pelos outros, e Seus seguidores são chamados a estarem dispostos para fazerem o mesmo: “Devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1 João 3:16). Esta é a lógica inevitável do Calvário. Somos chamados para seguir o exemplo de Cristo, para a companhia de Seus sofrimentos, e para ser participantes em Seu serviço. Assim como Cristo “a si mesmo se esvaziou” (Filipenses 2:7), assim devemos fazer. Assim como Ele “veio para servir, e não para ser servido” (Mateus 20:28), assim devemos ser. Assim como Ele “não agradou a si mesmo” (Romanos 15:3), assim devemos fazer. Assim como Ele lembrou dos outros, assim devemos lembrar: “Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os maltratados” (Hebreus 13:3).
“Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á” (Mateus 16:25). Palavras quase idênticas a estas são encontradas novamente em Mateus 10:39. Marcos 8:35, Lucas 9:24; 17:33, João 12:25. Certamente, tal repetição mostra a profunda importância de notar e prestar atenção a este dito de Cristo. Ele morreu para que nós pudéssemos viver (João 12:24), e assim devemos fazer (João 12:25). Como Paulo, devemos ser capazes de dizer “Em nada tenho a minha vida por preciosa” (Atos 20:24). A “vida” que é vivida para a gratificação do ego neste mundo, está “perdida” para eternidade; a vida que é sacrificada para os interesses próprios e rendida a Cristo, será “achada” novamente, e preservada durante toda a eternidade.
Um jovem universitário graduado, com prospectos brilhantes, respondeu ao chamado de Cristo para uma vida de serviço a Ele na Índia, entre a casta mais baixa dos nativos. Seus amigos exclamaram: “Que tragédia! Uma vida lançada fora!” Sim, “perdida”, até onde diz respeito a este mundo, mas “achada” novamente no mundo porvir !

Tradução: Felipe Sabino de Araújo NetoCuiabá-MT, 22 de Janeiro de 2005.
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07:43

A Justificação pela Fé e os Pais Eclesiásticos

Outro dia vi alguém acusando Lutero de ter inventado a doutrina da Justificação somente pela fé (graça) - pelos méritos exclusivos de Cristo. Na verdade, como é exatamente isso que a Bíblia ensina, a acusação é vazia. Mais é verdade que tembém os Pais Eclesiásticos afirmavam e a ensinavam muito antes da Reforma.Clemente de Roma (A tradição diz ser o mesmo mencionado em Filipenses 4.3) - Em sua carta aos Coríntios diz: "Nós também, sendo chamados mediante Sua vantade em Cristo, não somos justificados por nós mesmos, nem por nossa própria sabedoria, ou entendimento, ou piedade, ou obras que temos feito com pureza de coração, porém, pela fé... (Epístola aos Coríntios).Inácio - um discípulo do apóstolo João, escreveu: "A Sua cruz, a Sua morte, a Sua ressurreição e a fé que vem por meio dEle, são as minhas garantias imaculadas; nessas, pelas suas orações, acredito que tenho sido justificado" (Epístola aos de Filadélfia).Policarpo (falecido em 155 dC) - também um discípulo de João, escreveu: "Eu sei que mediante a graça você é salvo, não por obras, mas sim, pela vontade de Deus em Jesus Cristo." (Epístola aos Filipenses)Justino Mártir (falecido em 165 dC), escreveu: "Não mais pelo sangue de bodes e carneiros, nem pela cinzas de uma novilha... são purificados os pecados, e sim pela fé, mediante o sangue de Cristo e de Sua morte, que por essa razão morreu" (diálogo com Trifa). "... o que poderia encobrir os nossos pecados, senão a Sua justiça? Quem possibilitou a justificação de transgressores e impiedosos, tais como nós...Quão maravilhoso é obenefício inesperado, que a transgressão de muitos pudesse ser escondida em uma só Pessoa justa e que a a justiça de Um só pudesse justificar a muitos transgressores" (para Diagneto)Irineu (Falecido no início do terceiro século), um discípulo do Policarpo: "...através da obediência de um homem, que primeiro nasceu da virgem, para que muitos pudessem ser justificados e receber a salvação".Cipriano (falecido em 258 dC), bispo na igreja da África do Norte: "Quando Abraão creu em Deus, isso lhe foi imputado para justiça, portanto, cada um que crê em Deus e vive pela fé, será considerado como uma pessoa justa"Atanásio , bispo de Alexandria durante 46 anos ( falecido em 373 dC): "Nem por esses ( isto é, esforços humanos), mas, à semelhança de Abraão, o homem é justificado pela fé".Basílio, bispo de Capodácia (falecido em 379 dC), foi um grande escritor...: "O verdadeiro e perfeito gloriar-se em Deus é isto: é quando o homem não se exalta por causa sua própria justiça; é quando ele sabe por si mesmo que carece da verdadeira justiça e que a justificação é somente pela fé em Cristo".Apesar de toda a decadência na Igreja até que o grito da Reforma fosse dado por Lutero, sempre houve homens proclamando a Justificação somento por fé.Ambrósio, bispo de Milão (Falecido em 397 dC): "Para o homem ímpio, para que um gentio que crê em Cristo, a sua fé lhe é imputado como justiça, sem as obras da lei, como também aconteceu com Abraão"Orígenes , o grande professor, pensador... do cristianismo (falecido em 253 dC): "Pela fé, sem as obras da lei, o ladrão na cruz foi justificado; porque... O Senhor não indagou a respeito de suas obras anteriores, nem aguardava a realização de qualquer obra depois de crer, antes... Ele o tomou para Si mesmo como companheiro, justificado somente na base de sua confissão".Jerônimo, o grande tradudor da íblia para o latim (falecido em 420 dC): "Quando o homem ímpio é convertido, Deus o justifica somente por meio da fé, não por causa de boas obras que, na realidade, não possuía".Crisóstomo, talvez o maior pregador de todos os Pais Eclesiásticos (falecido em 407dC): "Então, o que é que Deus fez? Ele fez com que um homem justo (Cristo) Se fizesse pecador, (como Paulo afirma) - para que Ele pudesse justificar pecadores... quando nós somos justificados, é pela justiça de Deus, não por obras... mas pela graça, pela qual todo pecado desaparece".Agostinho, bispo de Hipona, perto de Cartago, um dos maiores expositores da teologia da salvação somente pela graça de Deus (falecido em 420 dC): "A graça é algo doado; o salário é algo pago... é chamada graça porque ela é concedida gratuitamente. Você não comprou por nenhum mérito pessoal o que tem recebido. Portanto, em primeiro lugar, o pecador recebe a graça para que sejam perdoados os seus pecados... na pessoa justificada, as boas obras vêm depois; elas não precedem a graça, a fim de que a pessoa seja justificada... as boas obras que seguem a justificação manifestam o que o homem tem recebido".Anselmo, de Cantuária (falecido em 1109 dC) - um grande teólogo, e mais conhecido por causa de seu estudo sobre a expiação do pecado por Cristo: "Você acredita que não pode ser salvo, senão pela morte de Cristo? Então vá,e... ponha toda a sua confiança unicamente em Sua morte. Se Deus lhe disser: "você é um pecador", então responda: "coloco a morte de nosso Senhor Jesus Cristo entre mim e o pecado"Bernardo de Claraval, considerado como o último dos Pais Eclesiásticos (falecido em 1153): "Acaso a nossa justiça não seria apenas uma injustiça e imperfeição? Então, o que será dos nosso pecados, quando a nossa justiça não é suficiente para defender-se a si mesma? Vamos, portanto, com toda humildade, refugiar-nos na misericórdia, porque ela somente pode salvar as nossas almas... qualquer um que tenha fome e sede de justiça, que creis nAquele que "justifica o ímpio", e assim sendo justificado somente pela fé, terá paz com Deus".A Justificação por fé é mera invenção de Lutero e Calvino? Não! É puro ensino bíblico. É ensino fundamental. Sem isso tudo o mais se torna inútil.Embora muitas heresias, superstições... estivessem corroendo a Igreja durante os primeiros séculos - paralelamente a isso - uma corrente contínua de escritores, pregadores, pensadores, teólogos... ensinaram e proclamaram esta doutrina.

este texto foi retirado do blog de Josemar Bessa http://jbpatristica.blogspot.com/

13:10

Eu Não Sei

Postado por Augustus Nicodemus Lopes

Recentemente li uma crítica feita aos calvinistas que eles costumam escapar de dilemas teológicos resultantes de sua própria lógica recorrendo ao conceito de “mistério”. Ou seja, os calvinistas, depois de se colocarem a si mesmos numa encruzilhada teológica, candidamente confessam que não sabem a resposta para a mesma.
A crítica em particular era sobre a doutrina da predestinação. Segundo a crítica, os calvinistas insistem que Deus decretou tudo que existe, mas quando chega o momento de explicar a existência do mal no mundo, a liberdade humana e a responsabilidade na evangelização, eles simplesmente dizem que não sabem a resposta para os dilemas lógicos criados: se Deus predestinou os que haveriam de ser salvos e condenados, como podemos responsabilizar os que rejeitam a mensagem do Evangelho? Os calvinistas, então, de acordo com a crítica, recorrem ao que é denominado de antinômio, a existência pacífica de duas proposições bíblicas aparentemente contraditórias que não podem ser harmonizadas pela lógica humana.
A verdade é que, além da soberania de Deus, temos outras doutrinas na mesma condição, como a definição clássica da Trindade, mantida não somente pelos calvinistas, mas pelo Cristianismo histórico em geral. Por um lado, ela afirma a existência de um único Deus. Por outro, afirma a existência de três Pessoas que são divinas, sem admitir a existência de três deuses.
Ao longo da história da Igreja vários tentaram resolver logicamente o dilema causado pela afirmação simultânea de duas verdades aparentemente incompatíveis. Quanto ao mistério da Trindade, as soluções invariavelmente correram na direção da negação da divindade de Cristo ou da personalidade e divindade do Espírito Santo; ou ainda, na direção da negação da existência de três Pessoas distintas. Todas essas tentativas sempre foram rechaçadas pela Igreja Cristã por negarem algum dos lados do antinômio.
Um outro exemplo foram as tentativas de resolver a tensão entre as duas naturezas de Cristo. Os gnósticos tendiam a negar a sua humanidade para poder manter a sua divindade. Já arianos, e mais tarde, liberais, negaram a sua divindade para manter a sua humanidade. Os conservadores, por sua vez, insistiram em manter as duas naturezas e confessar que não se pode saber como elas podem coexistir simultânea e plenamente numa única pessoa.
No caso em questão, as tentativas de solucionar o aparente dilema entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana sempre caminharam para a redução e negação da soberania de Deus ou, indo na outra direção, para a anulação da liberdade humana. No primeiro caso, temos os pelagianos e arminianos. No outro, temos os hipercalvinistas, que por suas posições deveriam mais ser chamados de “anticalvinistas”. Mais recentemente, os teólogos relacionais chegaram mesmo a negar a presciência de Deus pensando assim em resguardar a liberdade humana.
Há várias razões pelas quais eu resisto à tentação de descobrir a chave desses enigmas. A primeira e a mais importante é o fato que a Bíblia simplesmente apresenta vários fatos sem explicá-los. Ela afirma que há um Deus e que há três Pessoas que são Deus. Não nos dá nenhuma explicação sobre como isso pode acontecer, mesmo diante da aparente impossibilidade lógica do ponto de vista humano. Os próprios escritores bíblicos, inspirados por Deus, preferiram afirmar essas verdades lado a lado, sem elucidar a relação entre elas. Em seu sermão no dia de Pentecostes, Pedro afirma que a morte de Jesus foi predeterminada por Deus ao mesmo tempo em que responsabiliza os judeus por ela. Não há qualquer preocupação da parte de Pedro com o dilema lógico que ele cria: se Deus predeterminou a morte de Jesus, como se pode responsabilizar os judeus por tê-lo matado? Da mesma forma, Paulo, após tratar deste que é um dos mais famosos casos de antinomínia do Novo Testamento (predestinação e responsabilidade humana), reconhece a realidade de que os juízos de Deus são insondáveis e seus caminhos inescrutáveis (Rm 11.33).
A segunda razão é a natureza de Deus e a revelação que ele fez de si mesmo. Para mim, Deus está acima de nossa possibilidade plena de compreensão. Não estou concordando com os neo-ortodoxos que negam qualquer possibilidade de até se falar sobre Deus. Mas, é verdade que ninguém pode compreender Deus de forma exaustiva, completa e total. Dependemos da revelação que ele fez de si mesmo. Contudo, essa revelação, na natureza e especialmente nas Escrituras, mesmo suficiente, não é exaustiva. Não sendo exaustiva, ela se cala sobre diversos pontos – e entre eles estão o relacionamento lógico entre os pontos que compõem a doutrina da Trindade, da pessoa de Cristo e da soberania de Deus.
A terceira razão é que existe um pressuposto por detrás das tentativas feitas de explicar racionalmente os mistérios bíblicos, pressuposto esse que eu rejeito: que somente é verdadeiro aquilo que podemos entender. Não vou dizer que isso é exclusivamente fruto do Iluminismo do séc. XVII pois antes dele essa tendência já existia. O racionalismo acaba subordinando as Escrituras aos seus cânones. Prefiro o lema de Paulo, “levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Coríntios 10.5). Parece que os racionalistas esquecem que além de limitados em nosso entendimento por sermos criaturas finitas, somos limitados também por nossa pecaminosidade. É claro que mediante a regeneração e a iluminação do Espírito podemos entender salvadoramente aquilo que Deus nos revelou em sua Palavra. Contudo, não há promessas de que regenerados e iluminados descortinaremos todos os mistérios de Deus. A regeneração e a iluminação não nos tornam iguais a Deus.
Além dos mistérios mencionados, existem outros relacionados com a natureza de Deus e seus caminhos. Diante de todos eles, procuro calar-me onde os escritores bíblicos se calaram, após esgotar toda análise das partes do mistério que foram reveladas. Não estou dizendo que não podemos ponderar sobre o que a Bíblia não fala – mas que o façamos conscientes de que estamos apenas especulando, no bom sentido, e que os resultados dessas especulações não podem ser tomados como dogmas.

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13:10

Homossexualismo

O Brasil está sob o sério risco de dar o último suspiro de liberdade religiosa
Alerta gravíssimo:Enquanto muitos estão com a atenção voltada para o PLC 122/2006, por sua ameaça à liberdade religiosa e de expressão, os militantes da causa homossexual conseguiram, literalmente, passar a perna nos católicos e evangélicos no Congresso Nacional.Dr. Zenóbio Fonseca, assessor jurídico do Dep. Est. Édino Fonseca com a colaboração de Julio SeveroAtualmente estamos vivendo um momento de grande mobilização nacional contra a aprovação do PLC 122/2006 do Senado Federal, que trata da criminalização da homofobia. Esse projeto é essencialmente e inconstitucionalmente um atentado violento contra a liberdade de expressão religiosa dos evangélicos, católicos, judeus e muçulmanos.O PLC 122/2006 enfrenta resistências jurídicas no Senado, apesar de todo apoio político do atual governo e seus aliados, pois foi tecnicamente mal elaborado, ferindo diversos princípios da constituição federal e do código penal. Entretanto, toda a militância gay e seus representantes políticos na Câmara dos Deputados e no Senado, com o total apoio do partido do governo, atuaram nos bastidores desta batalha legislativa para avançar a qualquer custo a criminalização da homofobia e criar uma grande mordaça gay, para que ninguém possa discordar e expressar opiniões contrárias ao homossexualismo.Ficamos estarrecidos com o que está acontecendo em Brasília, no Senado e na Câmara Federal, pois agora já é hora avançada nesta madrugada do dia 07/08/08 e acabamos de tomar conhecimento da tramitação do PL 6418/2005 da Câmara Federal, que transforma em crime, entre outras coisas, o “preconceito por orientação sexual”. Na prática, esse novo projeto, que avançou sem que ninguém no Brasil fosse alertado antes, protegerá o homossexualismo em detrimento da liberdade de expressão e da liberdade religiosa.O conteúdo do PL 6418/2005 é pior do que o PLC 122, pois esse projeto, que avançou sorrateiramente, é a junção de vários projetos do Congresso Nacional que tratam das discriminações por preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. Como ocorreu a tramóia:Em 2004 o Senador Paulo Paim (PT/RS) apresentou o PLS 309/2004, que tratava das diversas formas de discriminações e dava outras providências. Seu projeto tramitou no Senado sem maiores objeções e foi aprovado rapidamente, sendo encaminhado para a Câmara dos Deputados para tramitação e depois sanção presidencial.Contudo, os ativistas pró-homossexualismo já estavam trabalhando nos bastidores, bem longe dos olhos de todos. Na Câmara dos Deputados, o projeto do Senador Paim recebeu o número de PL 6418/2005, e sua tramitação foi rapidíssima! Em pouco mais de 18 meses, o projeto estava pronto para ser aprovado na Comissão de mérito de Seguridade Social e Família, com parecer aprovado com substitutivo da Deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP), em 02/05/2007. O projeto, até então, não incluía o termo orientação sexual e em nada feria a liberdade de expressão e religião. Aliás, a própria relatora garantiu em seu parecer:“Por fim, não achamos oportuno incluir a discriminação por motivo de orientação sexual na proposta principal, por tratar-se de questão que está sendo melhor abordada e sistematizada em outras proposições em trâmite no Congresso Nacional.”No entanto, vendo que o PLC 122/06, que tramita no Senado, está enfrentando fortes resistências, os ativistas e parlamentares pró-homossexualismo agiram de forma sigilosa para aprovar a criminalização da homofobia o mais rápido possível e da “melhor” forma jurídica e redacional. A estratégia deles foi simplesmente usar o projeto do Senador Paim.A mesma relatora do PL 6418/2005 mudou o seu parecer oferecido em 02/05/07 e apresentou novo parecer, em 11/07/2007, com profunda criminalização nas questões de orientação sexual, com repercussões gravíssimas para a liberdade de expressão religiosa no país.Enquanto esse projeto camaleônico avançava como um escorpião, não houve nenhum tipo de divulgação na mídia secular ou através das assessorias parlamentares da Câmara dos Deputados.Ficamos sabendo desse projeto há poucas horas, e sacrificamos nossa noite de sono para preparar este alerta necessário, por causa da urgência e gravidade da situação. O PL do Senador Paim, que agora é um dos piores projetos anti-homofobia do Brasil, terá sua votação decisiva na quarta-feira, dia 8 de agosto de 2007. (Não sabemos se foi votado)Temos dificuldade de entender como as assessorias dos parlamentares cristãos não divulgaram mais cedo tamanha ameaça. O PL do Senador Paim atende aos “interesses” políticos dos ativistas pró-homossexualismo e é um forte contra-ataque e represália à oposição que o povo vem fazendo ao infame PLC 122/06 do Senado Federal.O assunto é grave e urgente, pois o substitutivo será votado na próxima quarta-feira dia 08/08/07. A única coisa que pode ser feita no momento é o pedido de vista do parecer na sessão da Comissão da Seguridade Social por algum deputado, mas tal fato representa a saída do projeto da pauta por apenas 2 sessões. Aí o projeto volta para votação e aprovação na comissão, só cabendo a apresentação de um voto em separado com novo parecer ao substitutivo. Melhor seria se fosse aprovada uma audiência pública para discussão da matéria, pois haveria mais tempo para divulgação e mobilização de todo povo cristão e seus representantes em Brasília.Por isso, precisamos mobilizar a todos, pois os parlamentares cristãos da Câmara dos Deputados falharam em sua vigilância, da mesma forma que não vigiaram na aprovação do PL 5003/2001, que passou sem nenhuma dificuldade ou emenda.Ainda há tempo para mudarmos este cenário sombrio, pois a exposição e publicidade dos atos legislativo nos dão esta opção.Passaremos a rapidamente a comentar o teor do novo substitutivo apresentado ao PL 6418/2005, onde neste momento o importante é divulgarmos a situação e não esgotarmos a interpretação jurídica, pois estamos na madrugada do dia 07/08/08.O SUBSTITUTIVO:“Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação e preconceito de raça, cor, religião, orientação sexual, descendência ou origem nacional ou étnica. Parágrafo único: Para efeito desta Lei, entende-se por discriminação toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, religião, orientação sexual, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em igualdade de condições de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública.”Observe que no artigo 1º é inserido a tipificação penal da orientação sexual como crime de discriminação, sendo igualado as crimes de raça, etnias e religião. De igual forma, o parágrafo único deste artigo define a discriminação de maneira ampla unindo o seu conteúdo ao princípio da dignidade da pessoa humana e às liberdades fundamentais no campo político (discursos contrários ao homossexualismo), cultura (valores da sociedade), ou qualquer outro campo da vida pública (cria uma mordaça para as atividades públicas contrárias ao homossexualismo).“Discriminação resultante de preconceito de raça, cor, religião, orientação sexual, descendência ou origem nacional ou étnica. Art. 2º. Negar, impedir, interromper, restringir ou dificultar por motivo de preconceito de raça, cor, religião, orientação sexual, descendência ou origem nacional ou étnica o reconhecimento, gozo ou exercício de direito assegurado a outra pessoa. Pena – reclusão, de um a três anos. § 1° No mesmo crime incorre quem pratica, difunde, induz ou incita a discriminação ou preconceito de raça, cor, religião, orientação sexual, descendência ou origem nacional ou étnica ou injuria alguém, ofendendo-lhe a dignidade e o decoro, com a utilização de elementos referentes à raça, cor, religião, orientação sexual, descendência ou origem nacional ou étnica.” No artigo 2º aplica-se todo o conteúdo do PLC 122/2006 e aperfeiçoa-se a redação jurídica, pois o artigo possui um elemento subjetivo específico (por motivo de preconceito) e um objeto de ação objetivo (o gozo ou exercício de direito assegurado à outra pessoa). Esse artigo muito acentua a proteção de valores fundamentais assegurados pela Constituição Federal, porém a orientação sexual é introduzida no mesmo nível, fazendo com que esse novo direito seja respeitado não apenas pelo Estado, mas também por todas as pessoas, grupos e entidades particulares.“ Discriminação no mercado de trabalho: Art. 3º Deixar de contratar alguém ou dificultar sua contratação por motivo de preconceito de raça, cor, religião, orientação sexual, descendência ou origem nacional ou étnica. § 2º Nas mesmas penas incorre quem, durante o contrato de trabalho ou relação funcional, discrimina alguém por motivo de preconceito de raça, cor, religião, orientação sexual, descendência ou origem nacional ou étnica. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 2º Nas mesmas penas incorre quem, durante o contrato de trabalho ou relação funcional, discrimina alguém por motivo de preconceito de raça, cor, religião, orientação sexual, descendência ou origem nacional ou étnica.”De modo muito parecido com o PLC 122/06, artigo 3º e seu § 2º do PL 6418/2005 tratam da questão da discriminação nas relações trabalhistas ou funcionais e, ao analisarmos também o artigo 1º e seu parágrafo único, verificamos a sua abrangência na incidência, tornando instável qualquer situação hipotética de pessoa que afirme estar sendo discriminada por sua orientação sexual e não problemas de ordem de qualificação profissional ou situação de confiança, etc. Em outras palavras, ficará bem fácil para um homossexual alegar discriminação ao ser despedido, restando pouca proteção aos empregadores.“Associação criminosa: Art. 5º Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, sob denominação própria ou não, com o fim de cometer algum dos crimes previstos nesta Lei: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem financia ou de qualquer modo presta assistência à associação criminosa.”Esse artigo 5º inclui qualquer grupo de 3 (três) ou mais pessoas que discordem do homossexualismo e expressem opiniões, por exemplo, no campo político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública (parágrafo único do artigo 1º). Há também a hipótese de que se possa rotular de associação criminosa uma reunião de igreja evangélica ou católica onde se pregam valores contrários ao homossexualismo com base na Bíblica Sagrada, trazendo risco de prisão a todos os envolvidos. “Art. 7º Os crimes previstos nesta Lei são inafiançáveis e imprescritíveis, na forma do art. 5º, XLII, da Constituição Federal.”Esse artigo aumenta-se o rol de crimes não sujeitos o pagamento de fiança para a responder em liberdade ao processo criminal e declara que a sua pena jamais deixará de ser punível em razão do tempo do ato da conduta.“Art. 9°. Nas hipóteses dos artigos 2º e 5º, o juiz pode determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo; II – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas; III – a suspensão das atividades da pessoa jurídica que servir de auxílio à associação criminosa.”O artigo 9º, inciso I, confere poderes ao Magistrado. Verifica-se que, mesmo sem a instauração da investigação policial, um juiz poderá determinar, por exemplo: a retirada de um livro de conteúdo religioso que conta o testemunho de uma pessoa que deixou de vivenciar a homossexualidade para viver uma vida transformada. A autoridade poderá determinar o recolhimento das Bíblias ou as folhas em que falam contra o comportamento homossexual;No Inciso II, pode-se determinar a retirada do ar das transmissões de rádio e de televisão de programas de cunho religioso onde sejam abordados temas contrários ao homossexualismo.No inciso III, pode-se concluir hipoteticamente o fechamento de igrejas, associações de ajuda mútua na questão da saída do homossexualismo, seminários católicos e evangélicos e ONGs que em seu objeto discordem do homossexualismo.Tal fato se dá em razão de as igreja estarem inseridas dentro do Código Civil brasileiro como pessoas jurídicas de direito privado, embora como entidades religiosas.Assim não restam dúvidas que o atual substitutivo apresentado nesse PL 6418/2005 é de conteúdo ameaçador idêntico ao conteúdo do PLC 122/06, embora sem os vícios jurídicos que impossibilitam sua aprovação.Portanto, todos precisam agir com urgência, pois a sessão plenária será nas próximas 24 horas e, sendo aprovado, estará pronto para aprovação na Comissão de Justiça e depois no plenário da Câmara dos Deputados. Em seguida, o Senado apenas analisará as mudanças, restando a aprovação do Presidente Lula.Atualmente, os ativistas pró-homossexualismo têm representantes em maioria na Câmara dos Deputados, mas o clamor de toda a população cristã irá mudar a história desta nação.Divulgue esta mensagem a todos, em especial os parlamentares de sua base eleitoral.*Comentário do CACP: Orem pelo Brasil, pois se dependermos dos políticos cristãos - estamos perdidos!!!

Texto retirado do site: http://www.cacp.org.br/movimentos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=967&menu=12&submenu=5