10:18

Cremos e Confessamos— Proposições da Fé Reformada —

por
Ewerton Barcelos Tokashiki
I. Das Escrituras Sagradas
1. É a Palavra de Deus;2. É a especial revelação de Deus;3. É uma revelação histórico-progressiva;4. É cessada a transmissão desta revelação especial;5. É inspirada verbal, plenária e organicamente pelo Espírito;6. É dada através de homens escolhidos e capacitados;7. É inerrante em cada uma das suas declarações;8. É claramente inteligível a todos;9. É iluminada pelo Espírito para o nosso entendimento espiritual;10. É completo o seu conteúdo;11. É suficiente para a nossa salvação;12. É pública, ou seja, todos têm direito ao livre exame;13. É necessário traduzi-la em língua vernáculo;14. É autoridade final em toda discussão;15. É a nossa única fonte e regra de fé e prática.
II. De Deus
1. É um só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo;2. É perfeito, imutável, independente, infinito, eterno;3. É pessoal em toda relação com a Sua criação;4. É santo, bondoso, sábio, justo, verdadeiro em Seu Ser;5. É possível conhecê-lo suficientemente;6. É impossível compreendê-lo exaustivamente;7. É criador de todas as coisas em seu estado de perfeição;8. É providente em todas as Suas obras;9. É absolutamente soberano sobre tudo e todos.
III. Do Homem
1. É criado à imagem de Deus;2. É constituído de corpo e alma;3. É ordenado a formar uma família: homem e mulher;4. É decaído em pecado;5. É escravo do pecado e perdeu o seu livre-arbítrio;6. É sofredor das conseqüências do seu pecado;7. É incapaz de se salvar, ou de preparar-se para isso;8. É maldito e condenado por causa do seu pecado;9. É imputado o seu pecado sobre toda a sua descendência;10. É uma única família em várias raças.
IV. De Jesus Cristo
1. É Deus-homem;2. É verdadeiro Deus em todos os Seus atributos;3. É verdadeiro homem em toda a Sua constituição;4. É encarnado da virgem Maria por obra sobrenatural do Espírito;5. É impecável, todavia, podia ser tentado;6. É nosso único representante diante de Deus;7. É nosso Mediador na Nova Aliança;8. É o prometido Profeta que nos traz a Palavra do Pai;9. É o perfeito Sacerdote que intercede por nós;10. É o soberano Rei que inaugura o Reino de Deus sobre nós;11. É nosso suficiente e definitivo sacrifício;12. É intercessor eficaz à destra do Pai;13. É esperado o seu retorno físico num futuro não revelado.
V. Da Salvação
1. É planejada na eternidade;2. É garantida pela graciosa e livre eleição de Deus;3. É baseada na obra expiatória de Cristo;4. É aplicada em nós pelo Espírito Santo;5. É iniciada em nós na regeneração;6. É proclamada pelo sincero chamado do evangelho;7. É evidenciada pela fé e arrependimento;8. É declarada na justificação;9. É familiarizada na adoção;10. É comprovada pela santificação;11. É continuada pela preservação na poderosa graça;12. É consumada na glorificação, após o juízo final.
VI. Do Espírito Santo
1. É verdadeiro Deus em todos os Seus atributos;2. É o consolador prometido procedente do Pai e do Filho;3. É testemunha da obra de Cristo por nós;4. É aquele que internaliza a obra da salvação em nós;5. É quem convence-nos do pecado, da justiça e do juízo;6. É o penhor e selo de nossa salvação;7. É quem frutifica as virtudes da santificação;8. É comunicador de nossos dons;9. É agente que torna real nossa comunhão com toda a Igreja.
VII. Da Igreja
1. É o glorioso corpo de Cristo;2. É composta de todos os eleitos de Deus;3. É visível pela confissão pública de fé em Cristo;4. É una, santa e universal;5. É pura pela fiel pregação da Palavra de Deus6. É confirmada pura pelo correto exercício dos Sacramentos7. É purificada pela justa aplicação da Disciplina8. É testemunha da glória de Deus;9. É comunicadora do Evangelho da salvação;10. É serva num mundo corrompido pelo pecado;11. É adoradora do soberano Deus Trino.
VIII. Das Últimas Coisas
1. É inaugurado, mas não consumado (já-ainda-não) o Reino de Deus;2. É pessoal na sua realização;3. É universal em sua extensão;4. É esperado o retorno físico de Cristo Jesus;5. É verdadeira a promessa da ressurreição final;6. É absolutamente certa a vitória sobre o mal e seus agentes;7. É inevitável o julgamento de todos os homens;8. É real o lugar de punição eterna que os condenados sofrerão;9. É ansiada a restauração de toda a criação;10. É a consumação final de toda obra da providência;11. É gracioso o galardão que os salvos receberão;12. É eterna a habitação com Deus e o Seu povo escolhido.

17:45

Prontos pra batalhar pela fé?

Lembro-me do dia que fui alertado, alguém me disse algo parecido com isso "um calvinista precisa estar preparado para enfrentar as perseguições". Ao ouvir essa declaração não acreditei que fosse verídica, mas hoje algum tempo depois percebo, que a afirmação procede. Crer nas antigas "Doutrinas da Graça" é estar colocando a cabeça para ser decepada pela guilhotinha. O que seria de mim se a inquisição tivesse operante ainda, com certeza não somente eu mais todos os reformados experimentariamos, as chamas furiosas que se levantariam sobre nós, para nos consumir...Uma coisa é certa, apesar de tudo...grandes coisas fez o Senhor por nós e por isso estamos alegre.

17:41

Predestinação: Cinco Afirmações Incontestáveis

por
John Stott
Comentário Sobre Romanos 8:28-30


“A predestinação para a vida é o eterno propósito de Deus, pelo qual (antes de lançados os fundamentos do mundo) tem constantemente decretado por seu conselho, a nós oculto, livrar da maldição e condenação os que elegeu em Cristo dentre o gênero humano, e conduzi-los por Cristo à salvação eterna, como vasos feitos para honra. Por isso os que se acham dotados de um tão excelente benefício de Deus, são chamados segundo o propósito de Deus, por seu Espírito operando em tempo devido; pela graça obedecem à vocação; são justificados gratuitamente; são feitos filhos de Deus por adoção; são criados conforme à imagem de seu Unigênito Filho Jesus Cristo; vivem religiosamente em boas obras, e, enfim, chegam, pela misericórdia de Deus, à felicidade eterna”. (XVII Artigo de Religião – Predestinação e Eleição).
“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou, também justificou; aos que justificou também glorificou” (Romanos 8:28-30). Nestes dois versículos Paulo esclarece o que quis dizer no versículo 28 ao referir-se ao “propósito” de Deus, segundo o qual ele nos chamou e age para que tudo contribua para o nosso bem. Ele analisa o “bem” segundo os parâmetros de Deus, bem como o seu propósito de salvação, através de cinco estágios, desde que a idéia surgiu em sua mente até a consumação do seu plano na glória vindoura. Segundo o apóstolo, esses estágios são: presciência, predestinação, chamado, justificação e glorificação. Primeiro há uma referência a aqueles que Deus de antemão conheceu. Essa alusão a “conhecer de antemão”, isto é, saber de alguma coisa antes que ela aconteça, tem levado muitos comentaristas, tanto antigos como contemporâneos, a concluir que Deus prevê quem irá crer e que essa presciência seria a base para a predestinação. Mas isso não pode estar certo, pelo menos por duas razões. A primeira é que neste sentido Deus conhece todo mundo e todas as coisas de antemão, ao passo que Paulo está se referindo a um grupo específico. Segundo, se Deus predestina as pessoas porque elas haverão de crer, então a salvação depende de seus próprios méritos e não da misericórdia divina; Paulo, no entanto, coloca toda a sua ênfase na livre iniciativa da graça de Deus. Assim, outros comentaristas nos fazem lembrar que no hebraico o verbo “conhecer” expressa muito mais do que mera cognição intelectual; ele denota um relacionamento pessoal de cuidado e afeição. Portanto, se Deus “conhece” as pessoas, ele sabe o que passa com elas [138]; e quando se diz que ele “conhecia” os filhos de Israel no deserto, isto significa que ele cuidava e se preocupava com eles.[139] Na verdade Israel foi o único povo dentre todas as famílias da terra a quem Javé “conheceu”, ou seja, amou, escolheu e estabeleceu com ele uma aliança. [140] O significado de “presciência” no Novo Testamento é similar. “Deus não rejeitou o seu povo [Israel], o qual de antemão conheceu”, isto é, a quem ele amou e escolheu (11:2). [141] À luz deste uso bíblico John Murray escreve: “’Conhecer’... É usado em um sentido praticamente sinônimo de ‘amar’... Portanto, ‘aqueles que ele conheceu de antemão’... é virtualmente equivalente a ‘aqueles que ele amou de antemão”.[142] Presciência é “amor peculiar e soberano”. [143] Isto se encaixa com a grande declaração de Moisés: “Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu, porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo... mas porque o Senhor vos amava...”. [144] A única fonte de eleição e predestinação divina é o amor divino.
Segundo, aqueles que [Deus] de antemão conheceu, ou que amou de antemão, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (29). O verbo predestinou é uma tradução de proorizõ que significa “decidiu de antemão” (BAGD), como se vê em Atos.4:28 (“Fizeram o que o teu poder e tua vontade haviam decidido de antemão que acontecesse”). É, pois, evidente que o processo de tornar-se um cristão implica uma decisão; antes de ser nossa, porém, tem de ser uma decisão de Deus. Com isso não estamos negando o fato de que nós “nos decidimos por Cristo”, e isso livremente; o que estamos afirmando é que, se o fizemos, é só porque, antes disso, ele já havia “decidido por nós”. Esta ênfase na decisão ou escolha soberana e graciosa de Deus é reforçada pelo vocabulário com o qual ela está associada. Por um lado, ela é atribuída ao “prazer” de Deus, a sua “vontade”, “plano” e “propósito”, [145] e por outro lado, já existia “antes da criação do mundo” [146] ou “antes do princípio das eras”. [147] C. J. Vaughan resume esta questão nas seguintes palavras:
Cada um que se salva no final só pode atribuir sua salvação, do primeiro ao último passo, ao favor e à ação de Deus. O mérito humano tem de ser excluído: e isto só pode acontecer voltando às origens do que foi feito e que se encontra muito além da obediência que evidencia a salvação, ou mesmo da fé a que ela é atribuída; ou seja, um ato de espontâneo favor da parte daquele Deus que antevê e pré-ordena desde a eternidade todas as suas obras. [148]
Este ensino não pode se minimizado. Nem a Escritura nem a experiência nos autoriza faze-lo. Se apelarmos para a Escritura, veremos que no decorrer de todo o Antigo Testamento se reconhece ser Israel “a única nação na terra” a quem Deus decidiu “resgatar para ser seu povo”, escolhido para ser sua “propriedade peculiar”; [149] e em todo o Novo Testamento se admite que os seres humanos são por natureza cegos, surdos e mortos, de forma que sua conversão é impossível, a menos que Deus lhes dê vista, audição e vida. Nossa própria experiência confirma isso. O Dr. J. I. Packer, em sua excelente obra O Evangelismo e a Soberania de Deus,[150] aponta que, mesmo que neguem isso, a verdade é que os cristãos crêem na soberania de Deus na salvação. “Dois fatos demonstram isso”, ele escreve. “Em primeiro lugar, o crente agradece a Deus pela sua conversão. Ora, por que o crente age assim? Porque sabe em seu coração que Deus foi inteiramente responsável por ela. O crente não se salvou a si mesmo; Deus o salvou. (…) Há um segundo modo pelo qual o crente reconhece que Deus é soberano na salvação. O crente ora pela conversão de outros... roga a Deus para que opere neles tudo quanto for necessário para a salvação deles”. Assim os nossos agradecimentos e a nossa intercessão provam que nós cremos na soberania divina. “Quando estamos de pé podemos apresentar argumentos sobre a questão; mas, postados de joelhos, todos concordamos implicitamente”. [151] Mesmo assim há mistérios que permanecem. E, como criaturas caídas e finitas que somos, não nos cabe o direito de exigir explicações ao nosso Criador, que é perfeito e infinito. Não obstante, ele lançou luz sobre o nosso problema de tal maneira a contradizer as principais objeções que são levantadas e a mostrar que a predestinação gera conseqüências bem diferentes do que se costuma supor. Vejamos cinco exemplos: 1. Dizem que a predestinação gera arrogância, uma vez que (alega-se) os eleitos de Deus se gloriam de sua condição privilegiada. Mas o que acontece é justamente o contrário: a predestinação exclui a arrogância, pois afinal, não dá para entender como Deus pode se compadecer de pecadores indignos como eles! Humilhados diante da cruz, eles só querem gastar o resto de suas vidas “para o louvor da sua gloriosa graça” [152] e passar a eternidade adorando o Cordeiro que foi morto. [153]2. Dizem que a predestinação produz incerteza e que cria nas pessoas uma ansiedade neurótica quanto a serem ou não predestinadas e salvas. Mas não é bem assim. Quando se trata de incrédulos, eles nem se preocupam com a sua salvação – até que, e a não ser que, o Espírito Santo os convença do pecado, como um prelúdio para a sua conversão. Mas, se são crentes, mesmo que estejam passando por um período de dúvida, eles sabem que no final a sua única certeza consiste na eterna vontade predestinadora de Deus. Não há nada que proporcione mais segurança e conforto do que isso. Como escreveu Lutero ao comentar o versículo 28, a predestinação “é uma coisa maravilhosamente doce para quem tem o Espírito”. [154]3. Dizem que a predestinação leva à apatia. Afinal, se a salvação depende inteiramente de Deus e não de nós, argumentam, então toda responsabilidade humana diante de Deus perde a razão de ser. Uma vez mais, isso não é verdade. A Escritura, ao enfatizar a soberania de Deus, deixa muito claro que isso não diminui em nada a nossa responsabilidade. Pelo contrário, as duas estão lado a lado em uma antinomia, que é uma aparente contradição entre duas verdades. Diferentemente de um paradoxo, uma antinomia “não é deliberadamente produzida; ela nos é imposta pelos próprios fatos... Nós não a inventamos e não conseguimos explicá-la. Não há como nos livrar dela, a não ser que falsifiquemos os próprios fatos que nos levaram a ela”. [155] Um bom exemplo se encontra no ensino de Jesus quando declarou que “ninguém pode vir a mim, se o Pai... não o atrair” [156] e que “vocês não querem vir a mim para terem vida”. [157] Por que as pessoas não vão a Jesus? Será porque não podem? Ou é porque não querem? A única resposta compatível com o próprio ensino de Jesus é: “Pelas duas razões, embora não consigamos conciliá-las”. 4. Dizem que a predestinação produz complacência e gera antinomianos. Afinal, se Deus nos predestinou para a salvação eterna, por que não podemos viver como nos agrada, sem restrições morais, e desafiar a lei divina? Paulo já respondeu esta questão no capítulo 6. Aqueles que Deus escolheu e chamou, ele os uniu com Cristo em sua morte e ressurreição. E agora, mortos para o pecado, eles renasceram para viver para Deus. Paulo escreve também em outro lugar que “Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença”. [158] Ou melhor, ele nos predestinou para sermos conformes à imagem de seu Filho (29). 5. Dizem que a predestinação deixa as pessoas bitoladas, pois os eleitos de Deus passam a viver voltados apenas para si mesmos. Mas o que acontece é o contrário. Deus chamou um único homem, Abraão, e sua família apenas, não para que somente eles fossem abençoados, mas para que através deles todas as famílias da terra pudessem ser abençoadas. [159] Semelhantemente, a razão pela qual Deus escolheu seu Servo, a figura simbólica de Isaías que vemos cumprida parcialmente em Israel, mas especialmente em Cristo e em seu povo, não foi apenas para glorificar Israel, mas para trazer luz e justiça às nações. [160] Na verdade estas promessas serviram de grande estímulo para Paulo (como deveriam ser também para nós) quando ele, num ato de grande ousadia, decidiu ampliar sua visão evangelística para alcançar os gentios. [161] Assim, Deus fez de nós seu “povo exclusivo”, não para nos tornarmos seus favoritos, mas para que fôssemos suas testemunhas, “para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. [162]Portanto, a doutrina da predestinação divina promove humildade, não arrogância; segurança e não apreensão; responsabilidade e não apatia; santidade e não complacência; e missão, não privilégio. Isso não significa que não existam problemas, mas é uma indicação de que estes são mais intelectuais do que pastorais. E o ponto que Paulo quer enfatizar no versículo 29 é, com toda certeza, pastoral. Tem a ver com dois propósitos práticos da predestinação de Deus. O primeiro é que nós devemos ser conformes [viver de conformidade com] à imagem de seu Filho. Ou, dito da forma mais simples possível, o eterno propósito de Deus para seu povo é que nos tornemos como Jesus. O processo de transformação começa aqui e agora, em nosso caráter e conduta, por meio da obra do Espírito Santo, [163] mas só será completado e aperfeiçoado quando Cristo vier e nós o virmos, [164] e quando nossos corpos se tornarem como o corpo de sua glória. [165] O segundo propósito da predestinação de Deus é que, como resultado de nos tornarmos conformes à imagem de Cristo, ele passe a ser o primogênito entre muitos irmãos, desfrutando da comunhão da família como também da prerrogativa de ser o primogênito. [166]Vamos agora à terceira afirmação de Paulo: E aos que predestinou, também chamou (30a). O chamado de Deus é a aplicação histórica da sua predestinação eterna. Seu chamado chega às pessoas por meio do evangelho; [167] quando esse evangelho é anunciado a elas com poder e elas lhe respondem com a obediência da fé, aí é que se sabe que Deus as escolheu. [168] Assim a evangelização (o anúncio do evangelho), longe de se tornar supérflua em virtude da predestinação de Deus, é indispensável, pois é exatamente ela o meio proporcionado por Deus para que o seu chamado chegue às pessoas e desperte a sua fé. Fica, pois, evidente que aqui, quando Paulo fala do “chamado de Deus”, não se trata daqueles apelos generalizados do evangelho, mas sim da convocação divina que levanta os espiritualmente morto e lhes dá vida. Geralmente se chama isso de chamado “efetivo” de Deus. Aqueles a quem Deus dirige esse chamado (30) são os mesmos que “foram chamados de acordo com o seu propósito” (28). Em quarto lugar, aos que chamou, também justificou (30b). O chamado efetivo de Deus capacita aqueles que o ouvem a crer; e aqueles que crêem são justificados pela fé. Como a justificação pela fé é um assunto dominante nos capítulos anteriores desta carta de Paulo, não há necessidade de se repetir o que já foi dito, a não ser talvez enfatizar que a justificação é muito mais do que simples perdão ou absolvição, ou mesmo aceitação; é uma declaração de que nós, pecadores, agora somos justos aos olhos de Deus, pois ele nos conferiu o status de justos, que na verdade trata-se da justiça do próprio Cristo. É “em Cristo”, em virtude da nossa união com ele, que nós fomos justificados. [169] Ele se fez pecado com o nosso pecado, para que nós pudéssemos nos tornar justos com a sua justiça. [170]Quinto, aos que justificou, também glorificou (30c). Já por diversas vezes Paulo usou o substantivo “glória”. Trata-se essencialmente da glória de Deus, a manifestação do seu esplendor, a glória da qual todos os pecadores estão destituídos (3:23), mas que se regozijam na esperança de recobrar (5:2). Paulo promete também que se participarmos dos sofrimentos de Cristo iremos participar também da sua glória (8:17), e que a própria criação irá um dia experimentar a liberdade da glória dos filhos de Deus (8:21). Agora ele usa o verbo: aos que justificou, também glorificou. Nosso destino é receber corpos novos em um mundo novo, e ambos serão transfigurados com a glória de Deus. Muitos estudiosos percebem que o processo da santificação, que ocorre entre a justificação e a glorificação, foi omitido no versículo 30. No entanto, ele está implícito ali, tanto na alusão a sermos conformados à imagem de Cristo, como na preliminar necessária para nossa glorificação. Pois “santificação é glória iniciada; glória é santificação consumada”. [171] Além disso, tão certo é esse estágio final que, embora ainda se encontre no futuro, Paulo o coloca no mesmo tempo aoristo, como se fosse um fato passado, tal como tem usado para os outros quatro estágios que já são passado. É o assim chamado “passado profético”. James Denney escreve que “o tempo da última palavra é impressionante. É a mais ousada antecipação de fé que o próprio Novo Testamento contém”. [172]
Vimos aqui, portanto, as cinco afirmações incontestáveis apresentadas por Paulo. Deus é retratado como alguém que se move irresistivelmente de um estágio ao outro; de uma presciência e predestinação eternas, através de um chamado e uma justificação históricos, para a glorificação final de seu povo em uma eternidade futura. Faz-nos lembrar uma cadeia composta de cinco elos inquebráveis.
NOTAS:
[136] Jeremias 29.11. [137] At 2.23; cf. 4.27. [138] Sl. 1.6; 144.3. [139] Os 13.5. [140] Am 3.2. [141] Cf. 1 Pe 1.2. [142] Murray, vol. I, p. 317.[143] Ibid., p. 318.[144] Dt 7.7s.; cf. Ef 1.4s. [145] Ef 1.5,9,11; 3.11. [146] Ef 1.4.[147] 1 Co 2.7; 2 Tm 1.9; cf. 1 Pe 1.20; Ap 13.8. [148] Vaughan, 9. 163. [149] 2 Sm 7.22ss; cf. Êx 19.3ss; Dt 7.6; 10.15; 14.2; Sl 135.4. [150] Edições Vida Nova, 1961.[151] Ibid., pp. 13ss.[152] Ef 1.6,12.14.[153] Ap 5.11ss. [154] Lutero (1515), p. 371. [155] Packer, op. cit., p. 21. [156] Jo 6.44. [157] Jo 5.40. [158] Ef 1.4; cf 2 Tm 1.9. [159] Gn 12.1ss. [160] Is 40.1ss; 49.5ss. [161] Ver; por exemplo, At 13.47; 26.23. [162] 1 Pe 2.9ss. [163] 2 Co 3.18. [164] 1 Jo 3.2ss. [165] 1 Co 15.49; Fp 3.21. [166] Cf. Cl 1.18. [167] 2 Ts 2.13s. [168] 1 Ts 1.4s. [169] Gl 2.17. [170] 2 Co 5.21. [171] Bruce, p. 168. [172] Denney, p. 652.

Fonte: STOTT, John. A Mensagem de Romanos. Trad. Silêda e Marcos D S Steuernagel. 1ed. São Paulo: ABU Ed., 2000. 528p.; pp. 300-306.

retirado do site: www.monergismo .com

08:35

Arminianos, ouçam Armínio!

A posição evangélica dominante nos dias de hoje identifica-se com o teólogo holandês Jacó Armínio, pelo que nos debates teológicos é designada como arminianismo. O que muitos não sabem é que Armínio era bem mais "calvinista" que os arminianos atuais imaginam ou gostariam de saber. Se eles soubessem o que ele escreveu a respeito de alguns assuntos importantes no debate sobre a salvação, poderiam não se tornar calvinistas, mas pelo menos seriam arminianos melhores.

Descobririam, por exemplo:

a) Que ele recomendava a leitura da obra de Calvino

"Depois da leitura das Escrituras..., e mais do que qualquer outra coisa,... eu recomendo a leitura dos Comentários de Calvino ... Pois afirmo que na interpretação das Escrituras Calvino é incomparável, e que seus Comentários são mais valiosos do que qualquer coisa que nos tenha sido legada nos escritos dos pais — tanto assim que atribuo a ele um certo espírito de profecia no qual ele se encontra em uma posição distinta acima de outros, acima da maioria, na verdade, acima de todos." (Carta escrita a Sebastian Egbertsz, publicada em P. van Limborch e C. Hartsoeker, Praestantium ac Eruditorum Virorum Epistolae Ecclesiasticae et Theologicae (Amsterdam, 1704), nº 101).

b) Que ele cria na doutrina da providência

"Nesta definição de Providência Divina, eu de forma alguma a privo de qualquer partícula daquelas propriedades que concordam ou pertencem a ela; mas eu declaro que ela preserva, regula, governa e dirige todas as coisas e que nada no mundo acontece acidentalmente ou por acaso. Além disto, eu coloco em sujeição à Providência Divina tanto o livre-arbítrio quanto até mesmo as ações de uma criatura racional, de modo que nada pode ser feito sem a vontade de Deus, nem mesmo as que são feitas em oposição a ela , somente devemos observar uma distinção entre as boas e as más ações, ao dizer, que "Deus tanto deseja e executa boas ações," quanto que "Ele apenas livremente permite as que são más." Além disto ainda, eu muito prontamente admito, que até mesmo todas as ações, sejam quais forem, relativas ao mal, que possam possivelmente ser imaginadas ou criadas, podem ser atribuídas ao Emprego da Divina Providência, tendo apenas um cuidado, "não concluir deste reconhecimento que Deus seja a causa do pecado." (Works, vol 1: The providence of God)

c) Que ele cria nos decretos divinos

"Os decretos de Deus são os atos extrínsecos de Deus, ainda que sejam internos, e, por essa razão, feitos pelo livre-arbítrio de Deus, sem qualquer necessidade absoluta . Todavia um decreto parece exigir a suposição de outro, a bem de uma certa conveniência de igualdade; como o decreto relativo à criação de uma criatura racional, e o decreto relativo à salvação ou condenação [dessa criatura] sob a condição de obediência ou desobediência. A ação da criatura também, quando considerada por Deus desde a eternidade, pode algumas vezes ser a ocasião, e algumas vezes a causa motriz externa de criar algum decreto; e isto de tal forma que sem tal ação [da criatura] o decreto não seria nem poderia ser feito. (...) Embora todos os decretos de Deus foram feitos desde a eternidade, todavia uma certa ordem de prioridade e posterioridade deve ser formulada, de acordo com sua natureza, e a relação mútua entre elas." (Works, vol 2: On decree of God)

d) Que ele cria na predestinação

"O primeiro na ordem dos decretos divinos não é o da predestinação, pela qual Deus preordenou para fins sobrenaturais, e pela qual ele resolveu salvar e condenar, declarar sua misericórdia e sua justiça punitiva, e ilustrar a glória de sua graça salvadora , e de sua sabedoria e poder que concordam com aquela mais livre graça.(...) Os eleitos não são chamados "vasos de misericórdia" na relação de meios para o fim, mas porque a misericórdia é a única causa motriz, pela qual é feito o próprio decreto da predestinação para salvação." (Works, vol 2: On predestination to salvation)

e) Que ele cria na imperdibilidade da salvação

"Embora eu aqui, aberta e sinceramente, afirmo que eu nunca ensinei que um verdadeiro crente pode, total ou finalmente, abandonar a fé, e perecer; todavia não nego que haja passagens da Escritura que me parecem apresentar este aspecto; e as respostas a elas que tive a oportunidade de ver não se mostraram, em minha opinião, convincentes em todos os pontos. Por outro lado, certas passagens são fornecidas para a doutrina contrária [da perseverança incondicional] que merecem especial consideração." (Works, vol 1: The perseverance of the saints).

De minha parte, ficaria muito feliz se os atuais arminianos firmassem posição com Jacó Armínio. Pois já estaríamos no lucro.

Copiado de: http://cincosolas.blogspot.com/2008/08/arminianos-ouam-armnio.html

16:45

A LUTA DE DEUS NA SALVAÇÃO DE UM HOMEM

Referência: Daniel 4.1-37

INTRODUÇÃO1. A graça de Deus é soberana. O chamado de Deus é irresistível. Este texto nos mostra a luta de Deus na salvação de Nabucodonosor. Deus move os céus e a terra para levar este soberbo rei à conversão.2. O livro de Daniel não apenas nos mostra a soberania de Deus na história, revelando que o seu Reino domina sobre tudo e todos, mas Deus também é soberano na salvação de cada pessoa.3. Vejamos algumas lições:

I. AS INICIATIVAS DE DEUS PARA ALCANÇAR UM HOMEM1. Colocou pessoas crentes em sua companhia (Capítulo 1) – No palácio de Nabucodonosor estavam Daniel e seus três amigos. Eles eram jovens crentes, fiéis e cheios da graça de Deus. Mas o convívio com pessoas crentes, por si só, não converte ninguém, ainda que sejam crentes excepcionais como aqueles quatro jovens (Dn 1:21).2. Mostrou para ele que só o Reino de Cristo é eterno (Capítulo 2) – Nabucodonosor permanece ainda pagão. Está atribulado por causa do seu sonho. Está furioso com os sábios que não conseguem decifrar o seu sonho. Mandou matá-los. Só um homem sem Deus pode agir assim. Daniel falou-lhe acerca do Reino de Deus que viria e que jamais seria destruído. Nabucodonosor foi levado a contemplar a ruína de sua religião e a confessar que Deus é o Deus dos deuses (Dn 2:47). Ele ficou impressionado, reconheceu que Deus existe, chegou a reconhecer que o Senhor é o maior de todos os deuses. Mas ele não se converteu. Logo no capítulo 3 esquece de sua confissão.3. Mostrou para ele que só Deus liberta (Capítulo 3) – Agora Nabucodonosor fez uma hedionda estátua, representando ele mesmo, e ordenou para que todos a adorassem. Perdeu sua convicção anterior que Deus é o Deus dos deuses. Agiu em direta contradição às verdades que recentemente confessara. As palavras de sua boca não alcançaram o seu coração.
HOJE ISTO SE REPETE – Muita gente fica impressionada. A verdade as cativa e entusiasma. Ficam inquietas com o que ouvem. Mas não dão lugar ao Evangelho. Era esta a condição de Nabucodonosor no capítulo 3. Sua fúria de homem não convertido levou-o a jogar os três jovens na fornalha acesa. Ele teve o testemunho de fidelidade desses jovens. Ele teve a visão do Filho de Deus pré-encarnado andando na fornalha. Ele mais uma vez confessa que não há Deus que liberta como o Deus daqueles jovens.
MAS DEUS É O DEUS DE MESAQUE, SADRAQUE E ABEDE NEGO E NÃO O SEU DEUS PESSOAL. Hoje, talve, Deus é o Deus da sua esposa, de seus pais, mas não é o seu Deus pessoal. Você sabe que Deus livra, salva, liberta, mas você ainda não está comprometido com ele. 4. Mostrou para ele que só o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens (Capítulo 4) – Os versos 17, 25, 32 revelam a última ação de Deus para quebrar as resistências de Nabucodonosor. Deus levou esse homem à loucura para converter o seu coração.

II. A REVELAÇÃO DE DEUS PARA ALCANÇAR UM HOMEM1. O sonho perturbador – v. 10-18• Uma árvore no meio da terra, cuja altura chegava ao céu e era vista até aos confins da terra. Havia nela sustento para todos e todos os seres viventes se mantinham dela. Um santo que descia do céu deu ordens para derribar a árvore e afugentar todos os animais. Mas a cepa com as raízes deviam ser deixada para ser molhada pelo orvalho do céu até que passasse sobre ela sete tempos.• O sonho do rei tem uma aplicação pessoal clara, daí o seu temor. A mensagem central do sonho não era enigmática (v. 17).2. A interpretação corajosa – v. 19-27• A árvore frondosa, que cresceu, tornou-se notória, grande, poderosa, explêndida era o próprio rei (v. 22). • A ordem para cortar a árvore vem do céu, como um decreto do Deus Altíssimo. O significado é que o rei será expulso de entre os homens para morar com os animais do campo como um bicho até que reconheça que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens (v. 25).• Depois que o rei passar pela humilhação e quebrantamento, Deus mesmo vai restaurá-lo.3. O cumprimento fiel – v. 28-33• Tudo o que Daniel falou para o rei aconteceu literalmente. Nabucodonosor em vez de se humilhar, não atendeu a mais este alerta de Deus e por isso foi arrancado do trono, expulso de entre os homens para viver como um animal do campo.

III. A SOBERANIA DE DEUS PARA SALVAR UM HOMEM1. A paciência generosa de Deus – v. 29• Deus não derrama o seu juízo antes de chamar ao arrependimento. Deus deu doze meses para Nabucodonosor se arrepender. Deus também tem lhe falado. Ele não quer que você pereça. Ele tem lhe dado muitas oportunidades. Noé pregou durante 120 anos. Sodoma tive o testemunho de Ló. Jerusalém antes de ser levada cativa ouviu o brado dos profetas que a convocou ao arrependimento. Hoje, Deus está lhe dando mais uma chance. Cada dia é um dia de graça. É mais uma chance que Deus lhe dá.2. A dureza do homem que rejeita ouvir a voz de Deus – v. 4,29a) Feliz e calmo passeando no palácio a despeito do solene aviso de Deus (v. 29) – Ah! Se você pudesse perceber o perigo que se encontra a sua alma, você cairia com o rosto em terra. Você gritaria por socorro. O inferno está com a boca aberta. Há um abismo debaixo dos seus pés. Os demônios querem levá-lo à perdição. O tempo é de emergência e não de folguedo.b) Ele exalta-se em vez de dar glória a Deus (v. 30) – “Eu edifiquei”, “com o meu grande poder”, “para a glória da minha majestade”. Ele era a causa, o meio e a finalidade de tudo que acontecia no seu reino. Tudo girava em torno da realeza imperial. A soberba precede a ruína. A auto-exaltação torna o homem cego e tolo e endurecido.c) A prosperidade não é garantia contra a adversidade – A Babilônia era a cidade mais rica e poderosa do mundo. Ela tinha 96 Km de muros com 25 metros de largura, 25 portões de cobre. Uma imagem de Marduque no grande templo com 22.500 kg de ouro. Nabucodonosor era rei de reis, um grande conquistador e construtor. A cidade estava cheia de prédios, palácios e templos. Lá estava os JARDINS SUSPENSOS, uma das sete maravilhas do mundo antigo, construído para a sua esposa, uma princesa da Média, que sentia falta das montanhas de sua terra natal. Ele era um homem que tinha poder, riqueza e fama. Seu reino era glorioso e extenso. Mas as nações são para Deus como um pingo, como um pó, como um vácuo, como nada. O rei cairia, Babilônia cairia. Só o Reino de Deus é eterno.3. A humilhação do homem impenitente – v. 31-33
a) Vem do céu (v. 31) – Quando o homem não escuta a voz da graça, ouve a trombeta do juízo. Deus abriu para o rei a porta da esperança e do arrependimento. Ele não entrou, então Deus o empurrou para o corredor do juízo. Deus o humilhou. O poder e a prosperidade sem o temor de Deus pode intoxicar a alma (Dt 18:11-18). O orgulho é algo abominável para Deus. Deus resiste ao soberbo. O processo de quebrantamento do homem vem do céu.
b) É repentina (v. 31,33) – A paciência de Deus tem limite. O cálice da ira de Deus se enche. Chega um ponto que Deus diz: Basta! “Falava ele ainda...”.
c) É terrível (v. 32,33) – O rei ficou louco. Deus o fez descer ao fundo do poço. Deus tirou o seu entendimento. Deu-lhe um coração de animal. Seu cabelo cresceu como penas de águia. Suas unhas cresceram como as das aves. Vivia como animal no campo, comendo capim, pastando no meio dos bois. Sua doença era chamada de Insânia Zoantrópica ou Licantropia ou Boantropia – considerar-se um animal, agir como um animal. Deus colocou o homem mais poderoso do mundo no meio dos bois. Deus golpeou seu orgulho para levá-lo à conversão. Ele passou a comer capim, a rolar no chão com os cascos crescidos. O todo poderoso Nabucodonosor virou bicho. Foi pastar. d) É irremediável (v. 32,33) – Ninguém pôde ajudá-lo, mesmo ele sendo o homem mais rico e mais poderoso da terra.e) É proposital (v. 27) –
1) É cheia de esperança (v. 26,32);
2) Não é vingança;
3) Visa o arrependimento (v. 27).
Deus o mandou comer capim para não o mandar para o inferno. Essa é a eleição da graça, que leva o homem ao fundo do poço e depois o tira de lá. O mesmo Deus não fez com BELSAZAR que foi condenado inapelavelmente. HERODES, por não dar glória a Deus foi comido de vermes. O Deus que fére é o Deus que cura. O que humilha, também exalta.
4. A conversão do homem quebrantado – v. 34-37• Como Deus operou a conversão de Nabucodonosor? Não foi exaltando-o, mas o humilhando. É assim que Deus converte as pessoas. Quem não se fizer como criança, não pode entrar no Reino de Deus.• Primeiro o homem precisa ser confrontado com o seu pecado. Precisa saber que está perdido. Primeiro a lei o condena e o leva ao pó. Precisa reconhecer sua indignidade. No céu só entra gente quebrantada. • Nabucodonosor via a glória da sua cidade. Ele tocava trombeta para si mesmo. Gostava de viver sob as luzes da ribalta. Aplaudia a sua própria glória. Deus, então, o humilhou. Jogou-o no pó. Mandou-o para o pasto comer grama. Tirou suas roupas palacianas e molhou o seu corpo com o orvalho do céu. Suas unhas esmaltadas viraram casco. Exemplo: Manassés.• A conversão de Nabucodonosor pode ser vista através de quatro evidências:a) Ele glorifica a Deus (V. 34) - Agora, ele olha para o céu, para cima (v. 34). A nossa vida sempre segue a direção do nosso olhar. Até agora ele só olhava para baixo, para a terra. Como aquele rico insensato que construiu só para esta vida e Deus o chamou de LOUCO. Muitos levantam os olhos tarde demais como o RICO que desprezou Lázaro. Ele levantou seus olhos, mas já estava no inferno. b) Ele confessa a soberania de Deus (v. 35) – c) Ele testemunha sua restauração (v. 36) –d) Ele adora a Deus (v. 37).

CONCLUSÃO – Três lições práticas1. Nunca devemos desistir da conversão de qualquer pessoa• Aquele que arruinou Jerusalém, que destruiu o templo, que carregou os vasos sagrados, que esmagou a cidade, que levou cativo o povo, que adorava deuses falsos e era cheio de orgulho foi convertido. • Aquele que manda matar seus próprios feiticeiros e também jogar na fornalha os filhos de Deus. Aquele que exige adoração à sua pessoa e força as pessoas a adorarem falsos deuses. Aquele que era o homem mais poderoso do mundo – SE esse homem foi convertido, podemos crer que não há conversão impossível para Deus.• Creia na conversão do ateu, do agnóstico, do cínico, do apático, do blasfemo, do feiticeiro, do idólatra, do viciado, da prostituta, do homossexual, do drogado, do assassino, do presidiário, do político, do universitário, do patrão, do cônjuge, do filho, dos pais. Creia! Evangelize! O Deus que salva está no trono.2. A razão porque você ainda não se converteu é porque você ainda não está suficientememnte quebrantado• Você tem um elevado conceito de si mesmo. Você é muito orgulhoso para se prostrar. Acha-se muito importante ou bom para se humilhar. • Mas é o publicano que bate no peito e chora pelos seus pecados que desce justificado. O grande perseguidor da igreja, Saulo de Tarso, só é convertido quando Jesus o joga no chão e ele cego, humilde se volta para Jesus quebrantado.• Jesus não veio chamar justos, mas pecadores. Não veio cura os que se julgam sãos, mas o que reconhecem que são doentes e carentes.3. Quem reluta em se prostrar vai ser quebrantado ou vai perecer eternamente• Deus poderia tornar qualquer pessoa louca. Quem sabe como Deus reagirá à sua constante rejeição, a despeito das constantes advertências. • Deus pode quebrar você sem que haja cura (Pv 29:1).• Se Deus tornar você louco sem lhe restaurar, como você clamará por sua misericórdia? Se ele chamar você agora, que desculpas você lhe daria?• Deus não despreza o coração quebrantado (Sl 51:17).• Erga seus olhos ao céu enquanto é tempo. O homem rico o fez tarde demais. O tempo de Deus é agora. É melhor ser quebrado por Deus agora do que perecer eternamente no inferno. Reconheça hoje também a soberania de Deus na sua vida e volte-se para o Senhor!

Rev. Hernandes Dias Lopes

17:39

Lembranças

Do profundo da alma ecoa,
uma voz que parece falhar,
insistente aos ouvidos, sim soa,
como alguém que clamando está...

Na lembrança da minha infância,
ser cristão era algo real,
eram vistos com muito respeito,
os guerreiros do bem contra o mal.

Como exemplos num mundo hostil,
esse povo era conhecido,
em guerra proclamavam a paz,
eram os imitadores de Cristo.

Antes a cruz era a morte,
para o velho homem então,
e na cruz vida eterna fluia,
novo espirito e novo coração.

Ao lançar a âncora no calvário,
nunca mais inseguros estariam,
Uma vez que a luz do evangelho,
para sempre os iluminaria.

Ainda eu sinto saudades,
do evangelho da graça de Deus,
onde Deus levantou seus ungidos,
a reforma então aconteceu.

Basta ler a história da Igreja,
e as velhas confissões de fé,
e verás como estamos tão longe,
do que criam os gigantes da fé.

Hoje aqui muitos anos depois,
estou eu a clamar com fervor,
Aviva Senhor a tua obra,
nos faz conhecer teu amor.

Obrigado, por que me escolheste,
para salvação me predestinastes,
Peregrino eu sou com certeza,
meu lugar é na eternidade.

15:21

A SOBERANIA DE DEUS REMOVE A VANGLÓRIA!

Por: C.H. Spurgeon

"Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me- ei de quem me aprouver ter compaixão". Romanos 9.15

Nessas palavras, o Senhor reivindica, da forma mais clara possível, o direito de outorgar ou reter sua misericórdia, de conformidade com sua própria vontade. Assim como um monarca está investido da prerrogativa de conceder vida ou morte, assim também o Juiz de toda a terra tem o direito de poupar ou condenar o culpado, conforme Lhe parecer melhor. Os homens, por causa de seus pecados, perderam todo o direito diante de Deus e, portanto, merecem a perdição eterna. E, se todos eles buscarem seus direitos na presença dEle, não encontrarão qualquer fundamento para suas reivindicações. Se o Senhor age para salvar alguém, Ele o faz de modo que os objetivos de sua justiça não sejam distorcidos. No entanto, se Ele acha melhor deixar os condenados sofrerem a justa sentença, ninguém pode chamá-Lo a juízo. Tolos e imprudentes são todos os discursos que se referem aos direitos dos homens serem colocados na mesma condição diante de Deus. Igno- rantes, se não forem algo pior, são as contenções contra a graça dis- criminadora de Deus; tais contenções expressam a rebeldia da natureza humana orgulhosa contra o trono e a autoridade de Jeová. Quando Deus nos mostra nossa ruína completa, nosso infeliz merecimento e a justiça do veredicto divino contra o pecado, nunca mais contestamos a verdade de que o Senhor não tinha qualquer obrigação de salvar-nos; não murmuramos diante do fato de que Ele resolveu salvar outros, como se estivesse nos causando dano, mas sentimos que, se Ele desejou volver-se para nós, isso foi um ato espontâ- neo de bondade imerecida da parte dEle, pelo que bendiremos para sempre o seu nome.Como poderão aqueles que são objeto da divina eleição adorar de forma suficiente a graça de Deus? Eles não têm motivo para se gloriarem, pois a soberania divina exclui com eficácia qualquer motivo. Somente o Senhor deve ser glorificado; a própria noção do mérito humano será lançada na vergonha eterna. Nas Escrituras, não existe uma doutrina que seja mais humilhante ao homem do que a da eleição; uma doutrina que mais promova a gratidão e, conseqüentemente, seja mais san- tificadora. Os crentes não devem temê-la, e sim regozijarem- se nela, em adoração.