08:43

Andando na verdade


3ª. Epístola de João

1 O ancião ao amado Gaio, a quem eu amo em verdade. 2 Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai à tua alma. 3 Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade. 4 Não tenho maior gozo do que este: o de ouvir que os meus filhos andam na verdade.

5 Amado, procedes fielmente em tudo o que fazes para com os irmãos, especialmente para com os estranhos, 6 os quais diante da igreja testificaram do teu amor; aos quais, se os encaminhares na sua viagem de um modo digno de Deus, bem farás; 7 porque por amor do Nome saíram, sem nada aceitar dos gentios. 8 Portanto aos tais devemos acolher, para que sejamos cooperadores da verdade.

9 Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de ter entre eles a primazia, não nos recebe. 10 Pelo que, se eu aí for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, ele não somente deixa de receber os irmãos, mas aos que os querem receber ele proíbe de o fazerem e ainda os exclui da igreja.

11 Amado, não imites o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus. 12 De Demétrio, porém, todos, e até a própria verdade, dão testemunho; e nós também damos testemunho; e sabes que o nosso testemunho é verdadeiro.

13 Tinha eu muitas coisas que te escrever, mas não o quero fazer com tinta e pena. 14 Espero, porém, ver-te brevemente, e falaremos face a face.

15 Paz seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os amigos nominalmente.

Esta carta que o apóstolo João escreveu ao “amado Gaio” normalmente não provoca em nós grandes expectativas quando lida. Vemos o tamanhinho da cartinha, quase um bilhete, se pegar uns três post-it’s grandes ela poderia ser escrita neles, e acabamos por lê-la sem a atenção devida a toda porção da Palavra de Deus. Por este motivo resolvi gastar um tempo de reflexão neste pedaço da Palavra.

O que sempre me incomodou nesta e nas outras cartas/epístolas de João, foi a simplicidade e normalidade com que ele afirma as verdades na Verdade. Chega a ser constrangedor e nos obriga a teologizar para podermos conviver com absolutos como “quem faz o mal não tem visto a Deus.”. Ora, quem não fica incomodado com uma afirmação dessas? Como João ousa ser tão rude, simples e direto? Bem, uma das teorias populares que vivem no inconsciente coletivo é que quanto mais perto se está historicamente de um fato, mais verdade se carrega relativamente do fato historicamente ocorrido. É como se o Evangelho fosse mais Evangelho na Igreja primitiva e que à medida que vamos nos afastando temporalmente do fato, carregamos menos verdade em cada geração. De uma certa forma isto é real, pois vemos este processo ocorrendo no mundo o tempo todo. Podemos ver como exemplo a forma como os índios vão se tornando “menos índios” em cada geração, ou como o tal espírito de Natal vai se arrefecendo ano após ano. Porém, quanto ao Evangelho isto não é assim, pois quem o sustenta como valor em Verdade na Igreja não é a tradição, o livro de doutrinas, os ritos, a passagem de bastão “sacerdotal”, mas o próprio Espírito Santo Consolador, aquEle que faz a obra que já foi iniciada antes da fundação do mundo ser continuada. Não vou me ater aqui em “provar” isto biblicamente, pois é notoriamente simples de verificar isto na Bíblia e de forma mais evidente nas cartas de Paulo.

Tendo isto como premissa, de que a verdade é auto-existente e auto-revelada em Jesus para a Igreja em todas as épocas e que não estamos reféns de nossa capacidade cognitiva ou de nossa “bondade intrínseca” para conhecermos a Verdade, vamos voltar ao “bilhete” de João:

Não pretendo fazer uma exegese técnica do texto, apenas perceber no que está escrito o foi dito, se bem que entendo que esta é a exegese que todo filho do Caminho deve sempre fazer da Palavra...

João fala do viver cristão como algo que flui, expressa desde o começo a conversão de alguém que chegou a cogitar a hipótese de pedir raios do céu a fim de destruir samaritanos, para alguém que é carinhoso e acolhedor com judeus e estrangeiros. Alguém que enxerga o outro como objeto do amor de Deus, portanto objeto de seu próprio amor e desejo de bem em todos os aspectos, principalmente o espiritual, mas também o físico.

Enquanto percebemos na “igreja” evangélica brasileira um “gozo” em falar de números e grandes “sinais”, vemos João se alegrando porque Gaio anda na verdade. Quando pensamos em verdade associada a questões espirituais somos tentados em pensar que ele anda dentro de um corpo de doutrinas ortodoxo, mas isso não fazia a “cabeça” deles. O andar na verdade é andar na vida em verdade para consigo mesmo se enxergando a partir da referência que já não era a Lei/aio judaica, mas ao Verbo encarnado em Jesus. Andar na verdade é muito mais enxergar a Palavra como espelho, como Tiago nos ensina, se percebendo e não “se achando”. Pois todo que “se acha” se perde e todo o que se vê em verdade, por mais feia que esta seja e sempre o é, é achado ainda que para este mundo seja o mais perdido. De forma que ninguém julgue a outrem, há um justo Juiz que julgará a todos e o absurdo da Verdade deste Justo Juiz causará espanto e frustração em muitos “evangélicos”.

De forma que o que alegra João é receber notícias de alguém que é desarmado para com os outros, ainda que diferentes de si, estrangeiros e estranhos, anjos disfarçados muitas vezes, mas recebidos em amor, de forma digna de Deus, como se recebesse o próprio Jesus, tamanha a reverência e respeito ao outro. Gaio era alguém que incluía ao invés de excluir e neste caso incluiu gente que por amor ao Nome saiu, “sem lenço nem documento” sem medo da vida, sem medo das rejeições causadas pelas diferenças. Gente que entendeu que todo muro já foi derrubado e todas as garantias desta vida são nada e que a única garantia que precisavam era que O Senhor estava com eles, assim como Moisés pediu “Se a tua presença não vai comigo, não nos faça subir deste lugar.” (Êxodo 33:15). Pois se Ele conosco está o inferno é céu, a pobreza é riqueza mesmo que não haja pão, a sede é banho de lagoa, ainda que no deserto, pois a paz que excede todo o entendimento é nossa irmã e o apedrejamento é motivo de tristeza não pela vida que se vai, mas pela não percepção da Verdade por parte dos apedrejadores e mesmo asim de forma louca se pede que não seja imputado este pecado aos algozes, neste jeito Jesus de ser/estar. Gaio só por acolher já vira conservo da Verdade junto aos que a Verdade anuncíam. E como alguém disse “Nada podemos contra a verdade, senão a favor da verdade.”, já que a Verdade é como vagalhão de águas, como avalanche de neve, que não negocia o seu caminho, não faz concessões ao que ela mesma é, ou seja, verdade. Neste espírito de que Jesus falou de que “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.” é que Gaio experimenta o ser cooperador da verdade.

Porém João carrega uma tristeza singela, a de um dito irmão chamado Diótrefes que vive no meio dos irmãos, que tem influência e poder na cristandade, mas que usa tudo buscando ter a primazia dentre todos, coisa essa que João experimentou em sua própria vida junto com os outros discípulos conforme vemos em Marcos 9:33-35 “Chegaram a Cafarnaum. E estando ele em casa, perguntou-lhes: Que estáveis discutindo pelo caminho? Mas eles se calaram, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles era o maior. E ele, sentando-se, chamou os doze e lhes disse: se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.”.

João como gente que era sabia que qualquer coisa construída fora da Verdade sempre era construída buscando a primazia, ainda que carregasse em seus gestos e sorrisos uma aprência de piedade e zêlo. Por isto ele é simples assim, não porque conhecia cognitivamente a verdade, ou porque seus olhos a viram, suas mão a tocaram, pois o tal de Diótrefes, assim como o desafetode Paulo o Alexandre latoeiro, também estiverem próximos historicamente da Verdade, porém não haviám sido tomados pela Verdade e O Senhor sabe, eu não e nenhum outro homem também, se naquele dia ouvirão O Senhor Jesus dizendo “Não vos conheço, apartai-vos de mim vós que praticais a iniquidade.” É interessante que o processo quase 2000 anos depois continua sendo o mesmo: Controle, desejo de primazia sobre os outros, maledicência, falso testemunho, exclusão, enfim, falta de Verdade, falta de “se enxergar” perante a Verdade. A “igreja” quando se afasta da Verdade vira um pretenso cartório, um pedágio para andar no Caminho, um lugar geográfico, um templo feito por mãos humanas e isto nada tem a ver com o fato de estarmos há 2000 anos depois de Jesus, 1700 depois de Agostinho, 500 depois da Reforma, não, como já disse o que faz a Verdade ser Verdade para uma pessoa ou Igreja é, em primeira instância, a revelação do Senhor e na responsabilidade humana a busca pela Palavra a partir do Verbo encarnado.

João decide então “vacinar” Gaio contra o espírito que guiava Diótrefes, e isto ele faz no chão desta vida, não com exercícios mentais e ginásticas teológicas, mas simplesmente instruindo a Gaio para que não imitasse o Diótrefes, pois isto o tornaria um Idiótrefes o que seria uma “idiotréfesação” (idiotice mais fezes), o que certamente não produziria vida em Gaio. A instrução de João é que o mal não dever ser imitado, mas sim o bem que se vê em volta deve ser repetido como reflexo do reflexo de Jesus e simplifica a coisa a um ponto tal que, como já disse acima, constrange: “Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus.” Temos que ter na mente e no coração que a luta daqueles irmãos era a mesma que hoje temos, afinal quem é irmão e quem não é? Quem é do Caminho e quem está passeando dentre nós, pois gosta da cultura, música (duvido), segurança da religião, ou está procurando um religare? Eles já sofriam com os mesmos transtornos que Jesus também teve de lidar, como quando estava em Jerusalém: “...pela festa da páscoa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.” Porém com a vantagem de Jesus ser Jesus: “Mas o próprio Jesus não confiava a eles, porque os conhecia a todos, e não necessitava de que alguém lhe desse testemunho do homem, pois bem sabia o que havia no homem.”. De modo que performances não o impressionavam, apenas a fé e a misericórdia o moviam, não importando a cara humana ou pedigree que tivesse. Mas João deixa claro que se a pessoa faz o bem ela é de Deus, se não faz não é de Deus, de forma que tudo que não tiver cara de Jesus, de Evangelho, de Verdade, não deve ser imitado.

Podemos perceber claramente que a questão do testemunho de quem era ou não irmão foi uma preocupação de João. O testemunho de quem era e de quem não era irmão é marca desta carta, pois a citação sobre Diótrefes também é um testemunho ainda que negativo, e serve de referência para o que não fazer ou para o que não deve ser imitado. Paulo também se preocupou muito com este assunto como quando escreve “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas” (Filipenses 3:18-19).” Discernir quem era quem, era muito importante primeiro porque as pessoas que não são do Evangelho contaminam o Corpo (um pouco de fermento leveda toda a massa), de forma que não pode haver comunhão entre trevas e luz, e o que acaba acontecendo é um “jugo desigual” dentro da Igreja e em segundo lugar a possibilidade de se colocar a própria vida e de outros irmãos verdadeiros em risco, pois havia o risco de que judaizantes entrassem no meio da Igreja a fim de denunciar os participantes, os quais poderiam ser presos e até mortos. Para alertar João passa a dica “Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus”, dizendo o que Jesus já havia dito em outras palavras “Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons”. Porém, dentro do contexto da carta, fica claro que a referência de bom e de mal é a Verdade. Por isto Paulo disse aos Coríntios que era bom que houvesse dissensão entre eles, para que aqueles que não eram da Verdade fossem manifestos.

A questão do testemunho positivo é citada por João duas vezes, uma a respeito do próprio Gaio, quando os estranhos estiveram próximos de seu abraço e depois voltaram para João falando que viram a verdade em Gaio e outra a respeito de um tal de Demétrio, para quem João dá testemunho de um “porém”, inferindo que ele é alguém que pratica o bem em oposição ao não imitável Diótrefes. Um dos grande problemas na história da Igreja foi ter de conviver com quem não era irmão sem saber diferenciar um do outro. Sempre foi assim. Quando a Igreja tenta criar o meio termo para virar uma Mama que a todos “acolhe”, seduzida por ter muitos sobre quem ter primazia, ela vira uma “igreja” do meio Evangelho, que anda numa meia “verdade”, e quem assim vive é filho do diabo, pois ele é quem gosta de coisa morna, pois sabe que as máscaras se encalacram em nós quanto mais produzimos uma caminhada no lusco-fusco da vida. Ainda sobre a questão dos falsos irmãos, gostaria de sugerir uma leitura no seguinte lynk .

No final da carta João deixa claro que quer fugir do virtual, ele tem muito para dizer para o Amado Gaio, mas de uma certa forma omite para se obrigar a criar uma situação de encontro tridimensional, para o face a face. Neste ponto quero ressaltar algo que é muito nítido na carta, a particularização do Evangelho a individuação com que João entende a relação entre irmãos. Ele escreve uma carta pessoal, trata de questões pessoais e específicas e mesmo quando vai se despedir desejando paz, mandando o abraço dos amigos que estavam com ele, ele pede para Gaio saudar os amigos do lado de Gaio nominalmente. Ou seja, ele queria que Gaio chegasse em cada um e dissesse “Olha, troquei correspondência com João e ele mandou um abraço para você”. Ora, o que se depreende disso? Percebe-se um contraste com a tocada de boi que virou a “igreja” de nossa geração. A internet e os recursos de comunicação são excelentes e devem ser usados, porém devemos nos apressar para, podendo, ver a quem amamos face a face. Ler não só as palavras escritas mas os olhos, gestos, e respostas faciais das pessoas que realmente amamos. Apesar de sabermos que muitos são os que pertencem ao Corpo de Cristo, devemos trata-los na pessoalidade, despendendo tempo de atenção exclusiva, assim como Jesus fazia e João mostra ter aprendido a imitar.

Para terminar coloco abaixo o contraste entre a prática do bem e a prática do mal, destacados nesta cartícula de João:

Bem:
- Andar na Verdade / Amor ao Nome sobre tudo / Acolher ao outro, ainda que seja estranho / Não imitar o mal / imitar o bem / desejar o bem ao outro / Ser afetuoso com o outro;

Mal:
- Querer ter a primazia / Não acolher ao diferente / Falar mal do outro / Espalhar o mal ao seu redor / Excluir ao invés de incluir;

Bem, é isso que percebo nesta carta, escrevi sem revisar e sem mentalizar idéias, apenas peguei a “tinta e a pena” e escrevi, caso queira revisar fique a vontade. Espero que não sirva de complicação ou para divisão, apenas para uma chamada ao bem do Evangelho.

Um abraço,

Eliel Amin

06:37

A Confissão de Fé de Guanabara



por: Jean de Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon e André la Fon



No dia 7 de março de 1557 chegou a Guanabara um grupo de huguenotes (calvinistas franceses) com o propósito de ajudar a estabelecer um refúgio para os calvinistas perseguidos na França. Perseguidos também na Guanabara em virtude de sua fé reformada, alguns conseguiram escapar; outros, foram condenados à morte por Villegaignon, foram enforcados e seus corpos atirados de um despenhadeiro, em 1558. Antes de morrer, entretanto, foram obrigados a professar por escrito sua fé, no prazo de doze horas, respondendo uma série de perguntas que lhes foram entregues. Eles assim o fizeram, e escreveram a primeira confissão de fé na América (ver Apêndice 2), sabendo que com ela estavam assinando a própria sentença de morte. [1]

TEXTO DA CONFISSÃO [2]

Segundo a doutrina de S. Pedro Apóstolo, em sua primeira epístola, todos os cristãos devem estar sempre prontos para dar razão da esperança que neles há, e isso com toda a doçura e benignidade, nós abaixo assinados, Senhor de Villegaignon, unanimemente (segundo a medida de graça que o Senhor nos tem concedido) damos razão, a cada ponto, como nos haveis apontado e ordenado, e começando no primeiro artigo:

I. Cremos em um só Deus, imortal, invisível, criador do céu e da terra, e de todas as coisas, tanto visíveis como invisíveis, o qual é distinto em três pessoas: o Pai, o Filho e o Santo Espírito, que não constituem senão uma mesma substância em essência eterna e uma mesma vontade; o Pai, fonte e começo de todo o bem; o Filho, eternamente gerado do Pai, o qual, cumprida a plenitude do tempo, se manifestou em carne ao mundo, sendo concebido do Santo Espírito, nasceu da virgem Maria, feito sob a lei para resgatar os que sob ela estavam, a fim de que recebêssemos a adoção de próprios filhos; o Santo Espírito, procedente do Pai e do Filho, mestre de toda a verdade, falando pela boca dos profetas, sugerindo as coisas que foram ditas por nosso Senhor Jesus Cristo aos apóstolos. Este é o único Consolador em aflição, dando constância e perseverança em todo bem.

Cremos que é mister somente adorar e perfeitamente amar, rogar e invocar a majestade de Deus em fé ou particularmente.

II. Adorando nosso Senhor Jesus Cristo, não separamos uma natureza da outra, confessando as duas naturezas, a saber, divina e humana nele inseparáveis.

III. Cremos, quanto ao Filho de Deus e ao Santo Espírito, o que a Palavra de Deus e a doutrina apostólica, e o símbolo,[3] nos ensinam.

IV. Cremos que nosso Senhor Jesus Cristo virá julgar os vivos e os mortos, em forma visível e humana como subiu ao céu, executando tal juízo na forma em que nos predisse no capítulo vinte e cinco de Mateus, tendo todo o poder de julgar, a Ele dado pelo Pai, sendo homem.

E, quanto ao que dizemos em nossas orações, que o Pai aparecerá enfim na pessoa do Filho, entendemos por isso que o poder do Pai, dado ao Filho, será manifestado no dito juízo, não todavia que queiramos confundir as pessoas, sabendo que elas são realmente distintas uma da outra.

V. Cremos que no santíssimo sacramento da ceia, com as figuras corporais do pão e do vinho, as almas fiéis são realmente e de fato alimentadas com a própria substância do nosso Senhor Jesus, como nossos corpos são alimentados de alimentos, e assim não entendemos dizer que o pão e o vinho sejam transformados ou transubstanciados no seu corpo, porque o pão continua em sua natureza e substância, semelhantemente ao vinho, e não há mudança ou alteração.

Distinguimos todavia este pão e vinho do outro pão que é dedicado ao uso comum, sendo que este nos é um sinal sacramental, sob o qual a verdade é infalivelmente recebida. Ora, esta recepção não se faz senão por meio da fé e nela não convém imaginar nada de carnal, nem preparar os dentes para comer, como santo Agostinho nos ensina, dizendo: “Porque preparas tu os dentes e o ventre? Crê, e tu o comeste.”

O sinal, pois, nem nos dá a verdade, nem a coisa significada; mas Nosso Senhor Jesus Cristo, por seu poder, virtude e bondade, alimenta e preserva nossas almas, e as faz participantes da sua carne, e de seu sangue, e de todos os seus benefícios.

Vejamos a interpretação das palavras de Jesus Cristo: “Este pão é meu corpo.” Tertuliano, no livro quarto contra Marcião, explica estas palavras assim: “este é o sinal e a figura do meu corpo.”

S. Agostinho diz: “O Senhor não evitou dizer: — Este é o meu corpo, quando dava apenas o sinal de seu corpo.”

Portanto (como é ordenado no primeiro cânon do Concílio de Nicéia), neste santo sacramento não devemos imaginar nada de carnal e nem nos distrair no pão e no vinho, que nos são neles propostos por sinais, mas levantar nossos espíritos ao céu para contemplar pela fé o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus, sentado à destra de Deus, seu Pai.

Neste sentido podíamos jurar o artigo da Ascensão, com muitas outras sentenças de Santo Agostinho, que omitimos, temendo ser longas.

VI. Cremos que, se fosse necessário pôr água no vinho, os evangelistas e São Paulo não teriam omitido uma coisa de tão grande conseqüência.

E quanto ao que os doutores antigos têm observado (fundamen­tando-se sobre o sangue misturado com água que saiu do lado de Jesus Cristo, desde que tal observância não tem fundamento na Palavra de Deus, visto mesmo que depois da instituição da Santa Ceia isso aconteceu), nós não podemos hoje admitir necessariamente.

VII. Cremos que não há outra consagração senão a que se faz pelo ministro, quando se celebra a ceia, recitando o ministro ao povo, em linguagem conhecida, a instituição desta ceia literalmente, segundo a forma que nosso Senhor Jesus Cristo nos prescreveu, admoestando o povo quanto à morte e paixão do nosso Senhor. E mesmo, como diz santo Agostinho, a consagração é a palavra de fé que é pregada e recebida em fé. Pelo que, segue-se que as palavras secretamente pronunciadas sobre os sinais não podem ser a consagração como aparece da instituição que nosso Senhor Jesus Cristo deixou aos seus apóstolos, dirigindo suas palavras aos seus discípulos presentes, aos quais ordenou tomar e comer.

VIII. O santo sacramento da ceia não é alimento para o corpo como para as almas (porque nós não imaginamos nada de carnal, como declaramos no artigo quinto) recebendo-o por fé, a qual não é carnal.

IX. Cremos que o batismo é sacramento de penitência, e como uma entrada na igreja de Deus, para sermos incorporados em Jesus Cristo. Representa-nos a remissão de nossos pecados passados e futuros, a qual é adquirida plenamente, só pela morte de nosso Senhor Jesus.

De mais, a mortificação de nossa carne aí nos é representada, e a lavagem, representada pela água lançada sobre a criança, é sinal e selo do sangue de nosso Senhor Jesus, que é a verdadeira purificação de nossas almas. A sua instituição nos é ensinada na Palavra de Deus, a qual os santos apóstolos observaram, usando de água em nome do Pai, do Filho e do Santo Espírito. Quanto aos exorcismos, abjurações de Satanás, crisma, saliva e sal, nós os registramos como tradições dos homens, contentando-nos só com a forma e instituição deixada por nosso Senhor Jesus.

X. Quanto ao livre arbítrio, cremos que, se o primeiro homem, criado à imagem de Deus, teve liberdade e vontade, tanto para bem como para mal, só ele conheceu o que era livre arbítrio, estando em sua integridade. Ora, ele nem apenas guardou este dom de Deus, assim como dele foi privado por seu pecado, e todos os que descendem dele, de sorte que nenhum da semente de Adão tem uma centelha do bem.

Por esta causa, diz São Paulo, o homem natural não entende as coisas que são de Deus. E Oséias clama aos filho de Israel: “Tua perdição é de ti, ó Israel.” Ora isto entendemos do homem que não é regenerado pelo Santo Espírito.

Quanto ao homem cristão, batizado no sangue de Jesus Cristo, o qual caminha em novidade de vida, nosso Senhor Jesus Cristo restitui nele o livre arbítrio, e reforma a vontade para todas as boas obras, não todavia em perfeição, porque a execução de boa vontade não está em seu poder, mas vem de Deus, como amplamente este santo apóstolo declara, no sétimo capítulo aos Romanos, dizendo: “Tenho o querer, mas em mim não acho o realizar.”

O homem predestinado para a vida eterna, embora peque por fragilidade humana, todavia não pode cair em impenitência.

A este propósito, S. João diz que ele não peca, porque a eleição permanece nele.

XI. Cremos que pertence só à Palavra de Deus perdoar os pecados, da qual, como diz santo Ambrósio, o homem é apenas o ministro; portanto, se ele condena ou absolve, não é ele, mas a Palavra de Deus que ele anuncia.

Santo Agostinho, neste lugar diz que não é pelo mérito dos homens que os pecados são perdoados, mas pela virtude do Santo Espírito. Porque o Senhor dissera aos seus apóstolos: “recebei o Santo Espírito;” depois acrescenta: “Se perdoardes a alguém os seus pecados,” etc.

Cipriano diz que o servo não pode perdoar a ofensa contra o Senhor.

XII. Quanto à imposição das mãos, essa serviu em seu tempo, e não há necessidade de conservá-la agora, porque pela imposição das mãos não se pode dar o Santo Espírito, porquanto isto só a Deus pertence.

No tocante à ordem eclesiástica, cremos no que S. Paulo dela escreveu na primeira epístola a Timóteo, e em outros lugares.

XIII. A separação entre o homem e a mulher legitimamente unidos por casamento não se pode fazer senão por causa de adultério, como nosso Senhor ensina (Mateus 19:5). E não somente se pode fazer a separação por essa causa, mas também, bem examinada a causa perante o magistrado, a parte não culpada, se não podendo conter-se, deve casar-se, como São Ambrósio diz sobre o capítulo sete da Primeira Epístola aos Coríntios. O magistrado, todavia, deve nisso proceder com madureza de conselho.

XIV. São Paulo, ensinando que o bispo deve ser marido de uma só mulher, não diz que não lhe seja lícito tornar a casar, mas o santo apóstolo condena a bigamia a que os homens daqueles tempos eram muito afeitos; todavia, nisso deixamos o julgamento aos mais versados nas Santas Escrituras, não se fundando a nossa fé sobre esse ponto.

XV. Não é lícito votar a Deus, senão o que ele aprova. Ora, é assim que os votos monásticos só tendem à corrupção do verdadeiro serviço de Deus. É também grande temeridade e presunção do homem fazer votos além da medida de sua vocação, visto que a santa Escritura nos ensina que a continência é um dom especial (Mateus 15 e 1 Coríntios 7). Portanto, segue-se que os que se impõem esta necessidade, renunciando ao matrimônio toda a sua vida, não podem ser desculpados de extrema temeridade e confiança excessiva e insolente em si mesmos.

E por este meio tentam a Deus, visto que o dom da continência é em alguns apenas temporal, e o que o teve por algum tempo não o terá pelo resto da vida. Por isso, pois, os monges, padres e outros tais que se obrigam e prometem viver em castidade, tentam contra Deus, por isso que não está neles o cumprir o que prometem. São Cipriano, no capítulo onze, diz assim: “Se as virgens se dedicam de boa vontade a Cristo, perseverem em castidade sem defeito; sendo assim fortes e constantes, esperem o galardão preparado para a sua virgindade; se não querem ou não podem perseverar nos votos, é melhor que se casem do que serem precipitadas no fogo da lascívia por seus prazeres e delícias.” Quanto à passagem do apóstolo S. Paulo, é verdade que as viúvas tomadas para servir à igreja, se submetiam a não mais casar, enquanto estivessem sujeitas ao dito cargo, não que por isso se lhes reputasse ou atribuísse alguma santidade, mas porque não podiam bem desempenhar os deveres, sendo casadas; e, querendo casar, renunciassem à vocação para a qual Deus as tinha chamado, contudo que cumprissem as promessas feitas na igreja, sem violar a promessa feita no batismo, na qual está contido este ponto: “Que cada um deve servir a Deus na vocação em que foi chamado.” As viúvas, pois, não faziam voto de continência, senão porque o casamento não convinha ao ofício para que se apresentavam, e não tinha outra consideração que cumpri-lo. Não eram tão constrangidas que não lhes fosse antes permitido casar que se abrasar e cair em alguma infâmia ou desonestidade.

Mas, para evitar tal inconveniência, o apóstolo São Paulo, no capítulo citado, proíbe que sejam recebidas para fazer tais votos sem que tenham a idade de sessenta anos, que é uma idade normalmente fora da incontinência. Acrescenta que os eleitos só devem ter sido casados uma vez, a fim de que por essa forma, tenham já uma aprovação de continência.

XVI. Cremos que Jesus Cristo é o nosso único Mediador, intercessor e advogado, pelo qual temos acesso ao Pai, e que, justificados no seu sangue, seremos livres da morte, e por ele já reconciliados teremos plena vitória contra a morte.

Quanto aos santos mortos, dizemos que desejam a nossa salvação e o cumprimento do Reino de Deus, e que o número dos eleitos se complete; todavia, não nos devemos dirigir a eles como intercessores para obterem alguma coisa, porque desobedeceríamos o mandamento de Deus. Quanto a nós, ainda vivos, enquanto estamos unidos como membros de um corpo, devemos orar uns pelos outros, como nos ensinam muitas passagens das Santas Escrituras.

XVII. Quanto aos mortos, São Paulo, na Primeira Epístola aos Tessalonicenses, no capítulo quatro, nos proíbe entristecer-nos por eles, porque isto convém aos pagãos, que não têm esperança alguma de ressuscitar. O apóstolo não manda e nem ensina orar por eles, o que não teria esquecido se fosse conveniente. S. Agostinho, sobre o Salmo 48, diz que os espíritos dos mortos recebem conforme o que tiverem feito durante a vida; que se nada fizeram, estando vivos, nada recebem, estando mortos.

Esta é a resposta que damos aos artigos por vós enviados, segundo a medida e porção da fé, que Deus nos deu, suplicando que lhe praza fazer que em nós não seja morta, antes produza frutos dignos de seus filhos, e assim, fazendo-nos crescer e perseverar nela, lhe rendamos graças e louvores para sempre. Assim seja.

Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André la Fon.

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* Extraído de Paulo R. B. Anglada, Sola Scriptura: A Doutrina Reformada das Escrituras (São Paulo: Editora Os Puritanos, 1998), 190-197.

[1] O relato da história dos mártires huguenotes no Brasil, bem como a Confissão de Fé que escreveram, encontra-se no livro A Tragédia da Guanabara: História dos Protomartyres do Christianismo no Brasil, traduzido por Domingos Ribeiro; de um capítulo intitulado On the Church of the Believers in the Country of Brazil, part of Austral America: Its Affliction and Dispersion, do livro de Jean Crespin: l’ Histoire des Martyres, originalmente publicado em 1564. Este livro, por sua vez, é uma tradução de um pequeno livro: Histoire des choses mémorables survenues en le terre de Brésil, partie de l’ Amérique australe, sous le governement de N. de Villegaignon, depuis l’ an 1558, publicado em 1561, cuja autoria é atribuída a Jean Lery, um dos huguenotes que vieram para o Brasil em 1557, o qual também publicou outro livro sobre sua viagem ao Brasil: Histoire d’an voyage fait en la terre du Brésil.

[2] O texto foi transcrito de Jean Crespin, A Tragédia da Guanabara; História dos Protomartyres do Christianismo no Brasil, 65-71. O português antigo de Domingos Ribeiro (o tradutor) foi atualizado.

[3] Uma referência ao Credo Apostólico.

10:39

Raio x do evangelicalismo




Por: Aldair Ramos Rios

Mas, ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão e lhe diga: Que fazes?.(Daniel 4:34-35/ Veja vv.19-37)


Seria exagero afirmar que vivemos no apogeu do humanismo? Seria exagero afirmar que o evangelicalismo esta em crise?
A evidência está presente nos meios de comunicação. O que vemos?. Homens determinando para Deus?. Exigindo? .Proibindo?. Sim é isso o que vemos.
Nabucodonosor é o maior exemplo das consequências proveniente do antropocêntrismo. Mesmo após ter seu sonho interpretado por Daniel e sido exortado a deixar o pecado (Dn 4:27); Nabucodonosor continuou em sua vanglória, achando-se autosuficiente. "Ao fim de doze meses, quando passeava no palácio real de babilônia,Falou o rei, dizendo: Não é esta a grande babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência. Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino. E serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo domina sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer."
Não tem sido esta a posição do evangelicalismo moderno? não é o evangelho antropocêntrico que está sendo anunciado?. Onde o homem coopera com Deus tornando-se um co-salvador?.Deus não reparte a sua glória com ninguém.
".Eu sou o SENHOR; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura."(Isaias 42:8)
As consequências do pecado são seríssimas, o apóstolo Paulo escrevendo ao Gálatas Advertiu: "Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará." (Gálatas 6:7)
O humanismo propagou a sua teoria anti-cristã e inculcou nas mentes dos homens a idéia de que eles são o centro de todas as coisas... "Hoje temos assistido à consumação inevitável de tais compromissos anti-cristãos. O homem se mostra confiante na sua racionalidade a qual supõe potencialmente onisciente, adorando-se como criador e provedor, arquiteto e intérprete do universo, centro de toda a realidade, e o sentido do mundo e da existência. Ele ouve a voz que lhe sussurra: "Certamente não morrerás; pelo contrário, tu serás como o próprio Deus! (Gn 3.4-5)"(Ricardo Quadros Gouvêa)".
Porém o duelo entre a posição teocêntrica e antropocêntrica não é novo."No inicio do quinto século, ...entraram em conflito direto em uma memorável forma personificada nas pessoas de Agostinho e Pelágio. Ambos estavam verdadeiramente envolvidos em uma busca intensa para a melhora da vida de homens e mulheres. Porém Pelágio em suas exortações colocava o homem como total responsável em seus atos; eles eram capazes, declarava ele, de fazer tudo aquilo que Deus havia ordenado, de acordo com suas próprias forças, pois se isso não fosse verdade, Deus não o teria ordenado. Agostinho ao contrário apontava os seres humanos em suas fraquezas e total dependência de Deus; "Ele mesmo", disse Agostinho, em seu fervoroso discurso, "Ele mesmo é o nosso poder".O primeiro pregava a "religião" baseada em uma autodependência, já o segundo pregava uma religião de total dependência em Deus; o primeiro pregava uma "religião" de obras; o segundo, uma religião de fé. O primeiro não pode ser considerado religião, seus ensinos representam mero moralismo; o segundo ensina verdadeiramente aquilo que significa religião. " (B.B. Warfield)
As influências do pelagianismo estão redivivas e presentes na teologia moderna, trazendo prejuízos a sã doutrina, gerando confusões e incertezas. O Rev. Hernandes Dias Lopes avaliou bem a presente situação do evangelicalismo.
"A igreja contemporânea mudou a sua ênfase. A pregação moderna não diz que o fim principal do homem é glorificar a Deus, mas o fim principal de Deus é glorificar o homem. O evangelho moderno ensina que é Deus quem está a serviço do homem e não o homem a serviço de Deus. O foco mudou. Não é mais Deus que é a medida e o fim de todas as coisas, mas o homem que é a medida de todas as coisas.
Hoje o homem trocou Deus pelas dádivas de Deus. As pessoas querem a salvação e não o salvador. Querem os dons e não o doador. Querem coisas e não Deus."


A visão de Deus em seu trono, regendo o universo foi perdida, por isso, precisamos voltar urgentemente para a Escritura Sagrada. O que ela diz? O que Deus revela de si mesmo?
A escritura ensina que... "A soberania de Deus é universal. Ela se estende sobre toda a sua criação; animada e inanimada - e da mais alta forma de criatura vivente até a mais baixa. No reino das criaturas vivas, Deus exerce poder sobre anjos, humanidade e animais inferiores"(Gordon Lyons).
"O SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo.".(Salmo 103:19)
Que gloriosa revelação da palavra de Deus, o Senhor esta assentado em seu trono, ele é Rei e o Rei governa, dá as ordens, faz o que bem entender com aquilo que lhe pertence, o seu reino domina sobre tudo, sendo que nenhuma autoridade aqui em baixo pode existir se por Deus não for dada."...o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens; e os dá a quem quer e até ao mais baixo dos homens constitui sobre eles.(Daniel 4:17 )..., essa foi uma lição que Pilatos precisou aprender da boca do próprio Jesus.
" Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar? Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem."(Jo 19:10,11).
Acaso poderia a criatura impedir o agir do criador? Estaria Deus impedido de agir se a sua criatura não lhe desse permissão? ...Jamais..."Nenhum limite pode, e nem será, posto no lugar da autoridade, poder ou controle soberano de Deus... Nada em toda a criação é capaz de resistir à vontade de Deus, ou frustrar os Seus propósitos - seja por meio de homens, super-homens, anjos, espíritos caídos ou maus, ou qualquer outra coisa".(Gordon Lyons).
Ora tudo foi Criado por Ele, ele é dono de tudo. Foi diante dessa verdade que o apostolo Paulo, escrevendo aos irmãos de Roma, conclui
" O profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus. Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos. Porque quem compreendeu a mente do Senhor ou quem foi seu conselheiro Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado. Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." (Rm 11:33-36)
Porventura, não é lícito ele fazer o que bem entender com aquilo que lhe pertence?
O SENHOR frustra os desígnios das nações e anula os intentos dos povos. O conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações. (Salmos 33:10-11)
"Este é o desígnio que se formou concernente a toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás? "(Isaías 14:26-27)
"Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer." (Atos 4:28)

Jurou o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e, como determinei, assim se efetuará.(Isaías 14:24)

O inferno inteiro pode se levantar contra a doutrina da soberania de Deus, mas jamais poderá vencer. O Senhor está assentado em seu trono, no controle, sua voz é poderosa. Toda a criação treme na sua presença...Ele é o Senhor Todo-Poderoso, aquele que nunca perdeu uma guerra.

Soli Deo Glória


Bibliografia consultada


O que é calvinismo?/ B.B Warfield-site monergismo
A extensão da Soberania de Deus/ Gordon Lyon-site monergismo
Calvinistas também pensam, uma introdução a filosofia reformada/Ricardo quadros Gouvêia