18:14

A luz que prevalece sobre as trevas

Por Aldair Ramos Rios

Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia no tempo do rei Herodes, vieram do oriente uns magos a Jerusalém, perguntando: Onde está aquele que nasceu Rei dos Judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos adorá-lo. O rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e com ele toda Jerusalém; e reunindo todos os principais sacerdotes e os escribas do povo, perguntava-lhes onde havia de nascer o Cristo. Eles lhe disseram: Em Belém da Judéia; pois assim está escrito pelo profeta: E tu Belém, terra de Judá, Não és de modo algum o menor entre os lugares principais de Judá; Porque de ti sairá um condutor, Que há de pastorear meu povo de Israel.(Mateus 2:1,6)
Quem nunca ouviu a história dos magos que foram até Belém para ver Jesus.
Poderiamos aprender muita coisa, se meditassemos mais profundamente na palavra de Deus. Como deve ter sido, horrível a vida destes magos antes de raiar no oriente a luz desta estrela. Como era desprezível nosso viver antes de resplandecer em nós a luz de Cristo.Muitos de nós viviamos numa condição de extrema miséria

Somente quando a nossa ignorância é vencida pela verdade, e contemplamos as mazelas de nosso coração e as corrupções em nossa alma, prostramos-nos desesperados e buscamos encontrar a Cristo. Deus sendo Soberano é livre para conceder a sua graça para quem lhe aprouver..."...e vemos aqui, a graça sendo concedida aos magos porém, não há Herodes.

Então Herodes chamou secretamente os magos, e deles indagou com precisão o tempo em que a estrela tinha aparecido; e enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide informar-vos cuidadosamente acerca do menino; e quando o tiverdes achado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo.(Mateus 2:7,8)


Segundo Matheus Henry: Os que vivem completamente afastados dos meios de graça costumam usar a máxima diligência e aprendem a conhecer o máximo de Cristo e de sua salvação. Porém, nenhuma arte da curiosidade nem o puro aprendizado humano podem levar os homens até Ele. Podemos conhecer teoricamente sobre Jesus e não o conhecermos pessoalmente ?

Onde a escuridão domina, fica impossivel avistar alguma saída ou caminho. Em plena escuridão os filhos dos homens estão vivendo em constante perigo, mas não podem sequer mover-se para outra direção.São cegos espirituais.

Que triste seria pensar os céus sem os luminares. Que triste seria andar na escuridão sem a possibilidade de ver qualquer feixe de luz. Lamentavelmente esta é realidade de tais pessoas. Sem luz, predomina as trevas.Mas quando a luz chega vence as trevas e predomina sobre ela.

"Os magos, depois de ouvirem o rei, partiram; e eis que a estrela, que viram no oriente, ia adiante deles, até que foi parar sobre o lugar onde estava o menino. Ao avistarem a estrela ficaram extremamente jubilosos."(Mateus (2:9,10)
"Quanto gozo sentiram estes sábios ao ver a estrela, ninguém o sabe tão bEnquanto aqueles que, depois de uma longa e triste noite de tentação e abandono sob o poder de um espírito de escravidão, finalmente recebem o Espírito de adoção, dando testemunho a seus espíritos de que são filhos de Deus."(Matheus Henry)

O povo, que estava assentado em trevas, Viu uma grande luz; E, aos que estavam assentados na região e sombra da morte, A luz raiou.(Mateus 4:16 )

Já raiou porventura, esta luz em teu coração?
Oh! Amigo leitor Jesus é a luz...ele está dizendo :"... Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida".(João 8:12) "E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu."( Atos dos Apóstolos 9:3)
Dele João testificou: "Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.(João 1:4)
A tua crença é cercada de amor por Cristo? Há gozo inefável em tua alma? Há gratidão, pelo perdão de seus pecados ?
Sabes que jamais poderiam ter sido pagos por você. O seu destino era certo, mas Jesus morreu a sua morte e pagou a sua divida, se fez maldito em seu lugar e sofreu todo o sofrimento que você deveria sofrer. Se há gratidão eterna, então realmente você é filho de Deus..

"Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, adoraram-no; e abrindo os seus cofres, fizeram-lhe ofertas de ouro, incenso e mirra. Sendo em sonhos avisados por Deus que não voltassem a Herodes, seguiram por outro caminho para a sua terra."(Mateus 2:11,12)

Todo aquele que verdadeiramente é atraído por Cristo, vive prostrado aos seus pés. Os magos prostraram-se diante do Rei do glória. Você está prostrado diante de quem? De si mesmo? Diante de seus pecados.?

Oh! impio, arrepende-te...Cristo é poderoso para tirar o teu fardo, Cristo é poderoso para quebrar as tuas algemas.
"Há uma alma ocupada em buscar a Cristo? Quererá adorá-lo e dizer "sim!, eu sou uma criatura pobre e néscia e nada tenho a oferecer? Nada!" Não tem coração, ainda que indigno dEle, escuro, duro e néscio? Entregue-o a Ele tal como é, e se prepare para que Ele o use e dispunha dele como lhe apraz; Ele o tomará e o fará melhor, e nunca te arrependerás de ter agido assim. Ele o moldará a sua semelhança, e Ele mesmo se entregará a você e será seu para sempre."(Matheus Henry)
Em meio as trevas tenebrosas, a luz gloriosa de Cristo pode brilhar trazendo vida onde não há vida, trazendo paz, onde ela é inexistente. Deus pode se compadecer de você, OH! pecador...

Pelos laços do Evangelho
Aldair Ramos Rios

07:32

Verdade e Pluralidade

Introdução



Todos os que chegam à Universidade a cada ano logo se apercebem da pluralidade de entendimentos, concepções e valores que marcam o ambiente universitário. Embora a diversidade esteja presente em sua vida muito antes de se tornar um universitário, é aqui na Academia que o estudante sentirá mais de perto a sua força.
A pluralidade é um dos conceitos ícones da nossa geração, uma das marcas da moderna Universidade. Como tal, requer a nossa atenção, especialmente pelo fato de sermos uma Universidade confessional. Ainda que a pluralidade seja considerada como um dos postulados mais bem estabelecidos da nossa era, é saudável refletirmos sobre sua natureza, efeitos e desafios.



1) Pluralidade na Universidade
Embora o ensino superior exista desde a Antiguidade, a Universidade moderna teve suas origens na Europa do séc. XII, conforme a opinião mais aceita, e deve sua forma atual às universidades de Bolonha, Paris e Oxford, que surgiram durante o século XIII. Apesar de ter sofrido influências e transformações oriundas da Renascença, da Reforma e do Iluminismo, a Universidade permaneceu basicamente a mesma e é uma das instituições mais antigas e estáveis do mundo ocidental.



As universidades medievais surgiram graças a diferentes fatores, como atender à crescente demanda de pessoas em busca de educação, o desejo idealista de obter conhecimento, a resistência ao monopólio do saber pelos mosteiros, a vitalidade das escolas mantidas pelas catedrais e o desejo de reformar o ensino. Todavia, elas tinham um objetivo comum, uma mesma missão, que era a busca do conhecimento unificado que permitisse a compreensão da realidade.



Universitas, na Idade Média, era um termo jurídico que, empregado para as escolas, significava um grupo inteiro de pessoas engajadas em ocupações científicas, isto é, professores e alunos. Só mais tarde o termo viria a significar uma instituição de ensino onde essas atividades ocorriam. Tal designação já aponta para a tarefa que pessoas diferentes tinham em comum: a busca da verdade em meio à pluralidade de compreensões. Esse alvo requeria uma síntese das diferentes visões e compreensões de mundo, um campo integrado que desse sentido aos mais diversos saberes. O princípio subjacente à criação das universidades, portanto, era a procura das verdades universais que pudessem unir as diferentes áreas do conhecimento. Daí o nome “universidade”.



Quando as universidades medievais surgiram, a cosmovisão cristã que dominava a Europa fornecia os pressupostos para essa busca da unidade do conhecimento. Hoje, a visão cristã de mundo é excluída a priori em muitas universidades modernas pelos pressupostos naturalistas, humanísticos e racionalistas que passaram a dominar o ambiente acadêmico depois do Iluminismo. Tais pressupostos não têm conseguido até o presente suprir uma base comum para as diferentes áreas do saber. A fragmentação do conhecimento tem sido um resultado constante na Academia, como se as diferentes disciplinas tratassem com mundos distintos e contraditórios.



Lamentavelmente, hoje, muitas universidades viraram multiversidades ou diversidades, abandonando a busca de um todo coerente, de uma cosmovisão que dê sentido e relacionamento harmônico a todos os campos de conhecimento. Esse fenômeno se verifica primariamente na área das ciências humanas; todavia, nem mesmo a área das exatas lhe é totalmente imune, como testemunham as diversas percepções, por vezes conflitantes entre si, na matemática, física e química.



Conforme Allan Harman escreve:
As universidades em geral não mais possuem um fator integrador. A palavra “universidade” tem a idéia de unidade de conhecimento ou de abordagem. Derivada do latim “universum” refere-se à totalidade ou integração. Claramente o conceito era de que, dentro de uma universidade, havia aderência a uma base comum de conhecimento que interligava o ensino em todas as escolas.
Edgar Morin, intelectual francês contemporâneo, percebe corretamente essa fragmentação do conhecimento e da educação nas diversas obras que tem publicado. Para ele,



... o sistema educativo fragmenta a realidade, simplifica o complexo, separa o que é inseparável, ignora a multiplicidade e a diversidade... As disciplinas como estão estruturadas só servem para isolar os objetos do seu meio e isolar partes de um todo. Eliminam a desordem e as contradições existentes, para dar uma falsa sensação de arrumação. A educação deveria romper com isso mostrando as correlações entre os saberes, a complexidade da vida e dos problemas que hoje existem.



2) Entendendo a Pluralidade
É evidente que existe uma grande pluralidade ou diversidade no mundo. A criação de Deus é plural, a humanidade feita à imagem dele é plural, as culturas são plurais, as idéias são plurais. Há uma enorme e fascinante diversidade na realidade que nos cerca. Para nós, essa impressionante variedade da existência revela a riqueza, o poder e a criatividade de Deus, conforme a Bíblia registra no Salmo 104.24,



Que variedade, Senhor, nas tuas obras!
Todas com sabedoria as fizeste;
cheia está a terra das tuas riquezas.







Tal entendimento em nada compromete nossa busca na academia por verdades absolutas e universais. As dificuldades surgem quando se confunde pluralidade com relativismo radical e absoluto. Esse último nega os conceitos de unidade, igualdade, harmonia e coerência que existem no mundo, entre idéias, pessoas e culturas. O relativismo total pretende desconstruir o princípio implícito de verdade absoluta, de valores, conceitos e idéias que sejam válidos em qualquer lugar e a qualquer tempo. Nesse sentido, a pluralidade se confunde com o relativismo que domina a mentalidade contemporânea, sendo entendida como a convivência de idéias e concepções contraditórias que devem ser igualmente aceitas, sem o crivo do exame da veracidade e sem que uma prevaleça sobre a outra, visto serem consideradas todas verdadeiras.



Para nós, que somos uma Universidade que se orienta por um conjunto de fundamentos – no caso, a fé cristã reformada –, a pluralidade, entendida como diversidade, é muito bem-vinda. A enorme variedade que caracteriza nosso mundo não anula de forma alguma a existência de verdades gerais e universais. Quando, todavia, a pluralidade é entendida como relativismo total ou sistema de contradições igualmente válidas, precisamos analisar o assunto com mais cuidado.



3) Desafios da Pluralidade
O relativismo absoluto gera diversos problemas de natureza prática, como, por exemplo, a dificuldade de se viver o dia a dia de forma coerente com a crença de que tudo é relativo. Mesmo os relativistas mais radicais são obrigados a capitular diante da inexorável realidade: a vida só pode ser organizada e levada à frente com base em princípios, valores e leis universais que sejam observados e reconhecidos por todos. Concordamos com Edgar Morin quanto à sua percepção da complexidade da vida e da existência . Todavia, entendemos que o reconhecimento de que todas as áreas de atividades e conhecimento são complexamente interligadas reflete um propósito unificado e uma origem única, apontando para o Criador. É evidente que essa interligação das partes com o todo, e vice-versa reforça a possibilidade de se buscar princípios e valores universais que permeiam e regulam o universo de conexões e aderências.



Dificilmente o ser humano consegue conviver em paz com o relativismo absoluto. Existe uma busca interior em cada indivíduo por coerência, síntese e unidade de pensamento, sem o que não se pode encontrar sentido na realidade, um lugar no mundo e nem mesmo saber por onde caminhar. Acreditamos que este ímpeto é decorrente da imagem de Deus no homem, um Deus de ordem, de propósitos, coerente e completo.



Para muitos, o ideal do pluralismo de idéias no ensino significa simplesmente que a Universidade deveria ser o local neutro onde todas as idéias e seus contraditórios tivessem igualdade de expressão, cabendo aos alunos uma escolha, ou não, daquelas que lhe parecerem mais corretas. Todavia, conforme bem escreveu Robert P. Wolff, a neutralidade da Universidade diante dos valores é um mito. É inevitável o posicionamento ideológico diante das questões da vida e do conhecimento. Esse ponto é inclusive reconhecido, ainda que timidamente, pela Lei de Diretrizes e Bases, quando define as universidades confessionais como aquelas que “atendem a orientação confessional e ideologia específicas.”



4) Verdade
As universidades de orientação confessional cristã há muito têm procurado desenvolver um modelo acadêmico em que a busca da verdade seja feita a partir da visão de mundo cristã em constante diálogo com a pluralidade de idéias e com a diversidade de visões e entendimentos. Não é tarefa fácil diante do mundo pluralista em que vivemos, a ponto de que alguns têm defendido que as próprias universidades confessionais desistam desse ideal.



Diante do quadro de fragmentação do saber e do relativismo que domina, em várias instâncias, a mentalidade universitária, afirmamos a existência, a realidade e a importância da verdade, de conceitos que são universalmente válidos em todas as áreas do conhecimento e da vida. Aqui, afirmamos as seguintes “verdades sobre a verdade":



1. A verdade é descoberta e não inventada. Ela existe independentemente do conhecimento que uma pessoa tenha dela. Ela existe fora de nós e não somente dentro de nós.



2. A verdade é transcultural. Se algo é verdadeiro, será verdadeiro em todas as culturas e tempos, ainda que sua expressão possa variar de acordo com o ambiente vivencial das pessoas.



3. A verdade é imutável, embora a nossa crença sobre ela possa mudar. Ela permanece a mesma, o que é relativo é nossa percepção dela.



4. As crenças das pessoas não podem mudar a verdade, por mais honestas e sérias que sejam.



5. A verdade não é afetada pela atitude de quem a professa ou de quem a nega.



Conclusão



Reconhecemos a diversidade e a complexidade das idéias, conceitos, costumes e valores existentes. Questionamos, todavia, que a pluralidade implica na total relativização da verdade. Afirmamos a existência de idéias e valores absolutos, princípios e verdades espirituais, éticas, morais, epistemológicas universais.



Cremos que o Cristianismo bíblico fornece o fundamento para a compreensão da realidade como um todo coerente, sempre levando em conta a fabulosa variedade da existência humana.



Encorajamos os alunos, os professores e o pessoal administrativo do Mackenzie a refletir sobre o fato de que a pluralidade, entendida como saudável diversidade, dentro de referenciais e sem a negação da verdade, enriquece o conhecimento humano e leva à melhor percepção de nós mesmos, de nosso mundo e de nosso Criador.



Rev. Dr. Augustus Nicodemus Lopes
Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie



Fonte: http://www.mackenzie.br/ano200700.html