Por Nathaniel Vicent
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"Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos,
pois por que razão morreríeis, ó casa de Israel? " (Ez. 33: 11)
Não é muito fácil discernir se o homem demonstrou maior loucura afastando-se de Deus no princípio, ou se sua loucura é ainda mais indesculpável agora ao recusar a voltar-se para Ele. No princípio, ele conheceu pela abençoada experiência o quanto era bom estar perto de seu Criador, desfrutar da luz de Seu semblante num estado de inocência, e mesmo assim arriscou-se a afastar-se dEle. Agora ele sente os efeitos de sua apostasia, pois o pecado o tem sobrecarregado com várias misérias, calamidades, irritações, e no entanto como é difícil persuadi-lo a voltar atrás! Os filhos dos homens são facilmente induzidos a entregarem-se a satanás como se fosse interessante para eles entregarem-se nas mãos de um assassino. Contudo o Senhor, fora de quem não há salvador, pode chamar e chamar com freqüência, com veemência, e ainda assim chamar em vão. 0 coração deles é insensível, seus ouvidos são surdos, eles não 0 ouvirão.
0 fato do pecado ter produzido muitos loucos no mundo nunca poderá ser suficientemente lamentado. Morte e vida, bênção e maldição são colocados diante deles, não obstante a morte é escolhida ao invés da vida. As mais espantosas e insuportáveis maldições são abraçadas enquanto que as bênçãos da mais alta e mais duradoura natureza são rejeitadas.
É por isso que o Senhor insiste, não somente em relação ao pecado, mas também em relação ao julgamento. Ele não somente pergunta por que você se arriscaria o transgredir, mas também por que você estaria tão ansioso para morrer, ó casa de Israel?
0 profeta, no começo deste capítulo é designado pelo Senhor como o atalaia sobre a casa de Israel. A ele foi ordenado erguer sua voz separar o ímpio de sua impiedade, e a menos que ele o admoestasse a que fosse convertido e vivesse, ele, o profeta, seria cúmplice da morte do tal. 0 sangue dele seria requerido de suas mãos. Sendo então Comissionado, a ele é ordenado fechar a boca dos malfeitores que criticam e contestam seu Criador e responsabilizam a Deus insensatamente.
Parece ter havido uma controvérsia, à porta da qual jazeria a culpa pela destruição dos pecadores. A casa de Israel muito corajosa e peremptoriamente lançou a culpa sobre Deus, dizendo que o caminho do Senhor não é justo. Mas o Deus de misericórdia e verdade vindicou-Se dessa imputação injusta, declarando que se não fossem os pecadores tão perversamente inclinados à sua própria ruína, poderiam escapar da destruição. Ele jura pela Sua vida que a morte do ímpio não o agrada. Portanto no texto, Sua voz é alta e enfática, "... convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos ", e a responsabilidade volta para a verdadeira culpada, a casa de Israel. A própria vontade do homem é a causa de sua desgraça, "por que morreríeis, ó casa de Israel?"
As palavras expressam um apelo sério e patético, no qual se observa:
1. As pessoas chamadas: a casa de Israel;
2. Para o que foram chamados; foram chamados ao arrependimento;
3. A urgência desse chamado, a qual aparece na repetição: -convertei-vos, convertei-vos ";
4. Do que deveriam ser convertidos: de seus maus caminhos;
5. 0 argumento usado para persuadir, o qual está carregado de uma santa retórica: "por que morreríeis ?"
Sem conversão a morte é certa. Satanás poderia dizer à posteridade como fez com nossos primeiros pais, "certamente não morrereis ", e isto seria verdadeiro, "os impios serão lançados no inferno " (Sal. 9:17) - aqueles que não se voltarem para Deus. É para lá que tendem todos os maus caminhos.
Há várias trilhas para o caminho largo, mas todos terminam na morte, na segunda morte. Portanto, o Senhor é apresentado compadecendo-Se dos pecadores e pleiteando com eles.
Por que morreríeis? Seria porque Me apresso em vingar-Me? Vocês sabem que sou tardio em irar-Me, e a experiência tem confirmado isso, do contrário Minha ira há muito teria vindo sobre vocês. Ou é porque sou implacável, não adiantando suplicar-Me, uma vez que sou provocado? Pelo contrário, Eu tenho Me proclamado pronto para perdoar e pleno em misericórdia para com todos aqueles que clamam por Mim. Ou é porque vocês nunca ouviram sobre o caminho e os meios de recuperar a vida e escapar da punição que lhes está reservada? Quão freqüentemente Eu tenho enviado Meus profetas para que vocês pudessem ser levados a crer, arrependerem-se e obedecerem? Mas a sua cerviz continua sendo de ferro. Vocês estão decididos a continuar disparados no pecado. Caso pereçam, devem agradecer a si mesmos Se vocês forem destruídos, é porque escolheram a destruição.
Podemos extrair três doutrinas do texto:
1. Os maus caminhos são caminhos de morte.
2. A grande razão porque os homens morrem, e morrem para sempre, é porque eles querem. (Transcrita A Seguir)
3. 0 Senhor chama continuamente os pecadores para que se voltem de seus maus caminhos e vivam.
DOUTRINA 2: A segunda doutrina é esta: a grande razão pela qual os homens morrem e morrem para sempre é porque eles querem. Eles querem ser os escravos do pecado, embora a morte seja o pagamento que certamente receberão pelo seu fatigante e laborioso trabalho. Os pecadores não querem ser purificados. "... ai de ti Jerusalém! Não te purificarás ?Até quando ainda? " (Jer. 13:27). Não querem ser juntados debaixo das asas de Cristo, embora seja o único lugar de refúgio, tanto do furor de satanás quanto da ira de Deus. "Jerusalém, Jerusalém que mata os profetas, e apedreja os que te são enviados! quantas vezes quis eu juntar os teus filhos, como a galinha junta os seus pintos, debaixo das asas e tu não quisestes! " (Mat. 23:37). Não apenas isso, os desejos de muitos que freqüentemente já têm desprezado as admoestações e chamados de Moisés e dos profetas tendem tão desesperadamente para o pecado, que, embora pudessem ver as chamas e os tormentos que fazem outros sofrerem, mesmo assim não seriam persuadidos a desistir. "E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dos mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscitem ". (Luc. 16:3031).
Meu trabalho ao expor esta doutrina será, primeiro, demonstrar a verdade contida nela, que os homens morrem porque querem; segundo, para evidenciar que a incapacidade do homem fazer o que é bom, tão freqüentemente mencionada nas Escrituras, não contradiz esta doutrina.
Os argumentos para demonstrar que os desejos dos homens são a grande causa de sua morte e perdição são estes:
1. Um argumento será deduzido da corrupção natural e depravação da vontade do homem. E essa corrupção se evidencia na vontade do homem afastar-se de Deus, a Fonte da vida e da paz, e inclinar-se para o que é mal, embora o pecador (ai dele!) chame de bem aquilo que é mal e imagina ser doce aquilo que provará ser amargo e venenoso como toda picada de áspide. Os pelagianos talvez assemelhem a vontade do homem a uma virgem pura, a qual escapou de ser deflorada na sua primeira apostasia, mas sabemos pelas Escrituras e pela experiência que o pecado original revela-se mormente na vontade. Aquele que não entende que seu coração é desesperadamente corrupto (Jer. 17:9), mostra um sinal de que seu coração o engana e ele nem sabe disso. Quanta incredulidade, quanto orgulho, quanta alienação da vida de Deus, quanta inimizade contra o mandamento, o qual é santo, justo e bom, existem na vontade do homem natural! Vejam Romanos, capítulo 7. A vontade, então, sendo tão completamente corrupta e exercendo tanta influência como exerce, impede a conversão a Deus e a santidade, o que a contraria muito. E conseqüentemente ela tem grande responsabilidade na perdição dos filhos dos homens.
2. Outro argumento será deduzido da reprovação e ira justas de Deus. Certamente Ele não os repreenderia tão duramente, Sua ira não fumegaria tanto contra eles por causa de suas teimosias e obstinações nos seus maus caminhos, se tivessem uma vontade sincera e faltasse apenas a força para fazer o que é bom. Quando o Senhor infligiu julgamentos sobre o Seu povo antigo, Ele falou da obstinação dele, da recusa em entender e ser regenerado, e isto Ele fez para vindicar a retidão de Suas mais severas maneiras de lidar com ele. Nós lemos que o Senhor testificou contra Israel pelos Seus profetas e videntes dizendo: "... convertei-vos de vossos maus caminhos, e guardai os meus mandamentos. Porém não deram ouvidos, antes endureceram a sua cerviz como a cerviz de seus pais, que não creram no Senhor seu Deus". (11 Reis 17:13-14, 18). Agora, após sua obstinação, seguiu-se, e muito justamente, a ira de Deus e a destruição deles. Portanto, o Senhor estava muito irado com os filhos de Israel e os afastou de Sua vista.
Em segundo lugar, vou provar que a habilidade dos homens em fazer o que é bom não frustra a doutrina de que os seus pecados e misérias permanecem à porta da vontade deles. 0 Espírito Santo, Aquele que toma humilde os filhos dos homens, põe por terra a opinião que eles têm de seu próprio poder e justiça e os faz usar a linguagem do profeta Isaías: "Certamente no Senhor tenho justiça e força... " - inferindo, portanto, que o homem em seu estado degenerado e pecaminoso é incapaz de fazer o que é espiritualmente bom. Por conseguinte, somos considerados fracos - "Não que sei . amos capazes por nós, de pensar alguma coisa como de nós mesmos, mas a nossa capacidade vem de Deus ". (Rom. 5:6; 11 Cor. 3:5). Somos considerados cansados e sem vigor (Is 40:29), e nosso Senhor nos afirma claramente em João 15:5: "Sem mim nada podeis fazer. " Mas por tudo isso, embora nos falte a força para fazer o que é bom, nossa vontade é, culpada do mal cometido por nós.
Não se pode imaginar que as Escrituras mencionem a incapacidade do pecador em fazer o bem como uma desculpa para se fazer o mal, mas sim para dirigí-lo a Cristo quem pode fortalecê-lo a fazer todas as coisas (Fil. 4:13). É verdade que o homem é incapaz, porém ele, também não está disposto a fazer o que Deus requer dele, apesar de ser para o seu próprio bem. A razão pela qual ele continua no pecado e é subjugado por ele não é somente porque o homem não pode converter-se a si mesmo, e sim também, e principalmente, porque ele não está disposto a ser convertido. Isso será particularmente ampliado a seguir.
a. 0 homem pecador pensa que é capaz de deixar seus maus caminhos. Ele adia seu arrependimento como se pudesse voltar-se para Deus quando quisesse. Já que ele não faz o que pensa que pode, sua própria vontade deve ser a causa do impedimento, e ela deve ser responsabilizada no caso dele perecer.
b. 0 homem pecador não faz o que realmente é capaz de fazer. Tem um talento, todavia não quer negociar com ele. Poderia se abster de muitos pecados que o expõe a ira e vingança se quisesse, porém infelizmente ele é um escravo voluntário deles, e está feliz com sua servidão. 0 adultério propositadamente vai a casa da prostituta, o ímpio mundano propositadamente procura o ganho desonesto. Portanto, segue-se que estes voluntariamente destroem a si mesmos.
0 homem natural pode fazer o que é bom, embora ele falhe na maneira de fazê-lo. Ele pode orar, ouvir, ler, contudo, intencionalmente omite estas obrigações, e assim voluntariamente se sujeita à maldição que o ameaça por causa de sua omissão. Ele não fará o que realmente pode, e, certamente, ainda que seu poder fosse ampliado jamais seria usado. Aquele que tem de sobra e recusa-se a dar um cruzeiro a um pobre, podemos concluir com certeza que não estaria disposto a fazer uma doação generosa - embora bem pudesse. Da mesma maneira, o homem natural que não fará o que pode para ser salvo, apesar de ser muito pouco, por certo não faria maior esforço, a fim de ser salvo, mesmo se seu poder fosse aumentado.
c. 0 homem pecador lamenta que seja capaz de fazer o quanto pode. Ele desejaria ser totalmente impotente para que isso pudesse servir-lhe de desculpa. Isto mostra a malignidade de sua vontade. Além disso, ele não quer usar os meios pelos quais a graça e a força são transmitidas. Ele não quer esperar em Deus, nem invocá-10. Ele não quer buscar nEle o cumprimento das promessas feitas na aliança da graça. Não, ele resolutamente resiste o Espírito quando este vem operar nele. Ele preferiria ser deixado entregue ao seu pecado. Essa é a linguagem dos ímpios: "E todavia dizem a Deus: retira-te de nós, porque não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos. " (Jó 21:14). 0 homem depravado pode argumentar que lhe falta o poder, ainda assim esta falta de vontade de arrepender-se e viver é principalmente o que o arruína. E todos aqueles pensamentos e argumentos contra Deus, como se Ele fosse um mestre severo, como se Seus caminhos não fossem justos - pergunto: não será o homem envergonhado diante dEle naquele Grande Dia, no qual sua consciência o acusará e em tristeza o reprovará por isso? Ele que fora constantemente avisado e admoestado, entretanto, não se arrependeu para que pudesse ter vida.
APLICAÇÃO
1. Informação sobre estes particulares:
A. Os homens morrem para sempre porque querem? Então quem é você que responsabiliza Deus pela destruição deles? Com certeza aqui você culpa Deus insensatamente. Pois Ele não tem prazer no seu pecado, e nem na sua morte. 0 réu não pode ficar zangado com o juiz por ele lhe dar a sentença de condenação, mas deve culpar a si mesmo por fazer aquilo que é passível de condenação. Quantas vezes o Senhor o tem chamado e você tem recusado. Quantas vezes Ele estendeu-lhe a mão durante todo o dia, e você foi desobediente e contrário a Ele? Acaso isso não o emudecerá quando Ele vier para julgar o mundo em justiça?
B. Os homens morrem para sempre porque querem? Então a morte do ímpio é mais do que justa e reta. E justo que escravos voluntários do pecado que não se tornam homens livres no Senhor, devam ser aprisionados em cadeias nas trevas. 0 ofensor que recusa o perdão oferecido em misericórdia, merece duplamente ter seu julgamento executado, primeiro pela ofensa e também por desprezar a misericórdia. 0 paciente que dispensa o médico que poderia curá-lo de sua doença bem merece morrer por isso, e o pecador que não se volta para Deus, que rejeita o Senhor Jesus, o qual é capaz tanto de perdoá-lo quanto de curá-lo, embora pereça e seja condenado, não está sendo injustiçado.
C. Os homens morrem para sempre porque querem? Que tortura será para eles no inferno pensar que foi sua própria obstinação que os levou para lá? Tais reflexões serão como punhais envenenados perfurando as almas dos réprobos condenados. Ele dirá: o que houve comigo para que me tomasse um diabo para mim mesmo? 0 que me levou a aliar-me a satanás, acarretando minha própria destruição? Que loucura foi esta de fazer eu mesmo o chicote com o qual seria açoitado, acender com minhas próprias mãos as chamas nas quais eu terei que permanecer, a fim de queimar para sempre?
2. Advertência: tenham cuidado quanto a pecar voluntariamente, pois, essa é a estrada principal que conduz à morte. Fiquem atentos também em não se contentar com um aparente desejo de escapar da destruição.
A. Deixem-me alertá-los contra o pecado voluntário. Quanto maior a voluntariedade envolvida na transgressão, maior a inclinação. Por isso, Davi foi tão cuidadoso em se proteger, a fim de não ser preso pelo pecado da soberba o qual ele conhecia, pois o pecado da presunção é uma grande transgressão. (Sal. 19:13). Numa nação esclarecida gozando um período de luz, tomem cuidado para não ser intencionalmente ignorantes. Em meio aos auxílios e encorajamentos para o dever, precavenham-se contra a preguiça que é falta de disposição, mas sejam seguidores daqueles que através da fé e da paciência herdam as promessas (Heb. 6:12). Não se permitam amar o pecado, desejá-lo, viver nele. Não deixem o sabor deleitoso fazê-los aventurar-se para algum fruto proibido. Não se deixem enganar pela maciez da pele, abraçando uma serpente que poderá picá-los até a morte.
B. Deixem-me alertá-los sobre aquilo que é somente um simulado desejo de deixar o pecado e escapar da destruição.
I. Uma vontade vã, induzida, é somente uma vontade simulada. Um indolente desejo de ser salvo, onde não há seriedade no uso dos meios de salvação, significa nada mais que vocês são grosseiramente ignorantes e estúpidos; ignorantes do valor da salvação e estupidamente insensíveis do perigo que estão correndo.
II. Uma vontade procrastinadora é somente uma vontade simulada. A maioria daqueles que vão por seus maus caminhos tem vontade de deixá-los no futuro, porém isso somente demonstra a presente relutância deles. Se vocês estão relutantes em arrepender-se agora, do mesmo modo vocês estarão no futuro mais adversos quando Deus estiver mais distante de vocês, quando satanás tiver construído fortalezas em vocês, e suas consciências estiverem mais obtusas, quando o hábito de pecar tiver dobrado a força e veemência de sua inclinação natural a ele. Que lástima! Quantos milhões têm morrido e se perdido em suas iniqüidades, os quais estavam tão completamente decididos a se arrependerem no futuro, como aqueles que ainda permanecem vivos. Tomem cuidado com esta pedra sobre a qual muitos têm se partido e têm sido condenados para sempre. A vontade de Deus é para o presente. Ele diz: "Hoje se ouvirdes minha voz não endureçais os vossos corações". (Heb. 3:7-8). Mas se agora, quando Deus está querendo lhes dar vida, vocês estão relutantes, Ele poderá no futuro relutar quando vocês a quiserem. Ele admoestou vocês para que clamassem a Ele por vida e salvação, porém, quando a morte e a destruição virem sobre vocês como um redemoinho, isso já não será mais possível. "...de madrugada me buscarão, mas não me acharão. Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do Senhor. " (Prov. 1:28-29).
III. Uma vontade baseada em algo enganoso é somente uma vontade simulada. Aqueles que nosso Senhor comparou ao solo rochoso ouviram a palavra com alegria e estavam desejosos de obedecê-la, porém não contaram com a cruz e a perseguição. Isso fez com que morressem. Muitos parecem querer ser convertidos, todavia não se sentam para calcular o custo da conversão. E quando são informados de que deverão negar-se a si mesmos, desistir de todas as suas atuais inclinações e possessões, posto que estas rivalizam com o Senhor Jesus; quando são informados que devem dar carta de divórcio às suas "Herodias", e devem declarar oposição a toda concupiscência, embora isto nunca mais possa oferecer alegria ou ganho a ponto de poder ainda ser desejado; quando eles são informados de que devem vigiar, orar e andar com o maior cuidado, fervor, e circunspecção; de que devem tomar o reino de Deus, com violência santa, como que por assalto, ou de outro modo eles falharão e perderão a coroa, aí então eles bradam: "Duras são estas palavras, quem pode ouvi-las? "
3. Da exortação. Sendo que os homens morrem porque eles querem, deixem-me persuadi-los a concordar que seus desejos podem ser renovados. 0 homem não tem um inimigo pior do que sua própria vontade, até que haja uma transformação nela. E para que essa mudança possa ser efetivada, observem estas orientações:
A. Julguem a si mesmos em função de sua natureza pervertida. Enquanto não forem sensíveis a isso, não poderão ser submissos da maneira correta. 0 fato de terem pecado muito, por muito tempo, deveria afetar e afligi-los muito diante de Deus, contudo o desejo que vocês têm de pecar dez mil vezes mais, pecar até a eternidade, não fosse pela restrição da graça, oh, quanta confusão e tristeza isto deveria causar!
B. Analisem o quanto o tentador e o mundo são enganosos. Então seus corações não ficarão ansiosos em serem ludibriados e separados de Deus. 0 mundo é vão e vexatório, e satanás é um mentiroso e assassino. Vocês têm muito poucas razões para entregar-se a qualquer um dos dois.
C. Coloquem diante de seus olhos a bênção da vida eterna e a miséria da morte eterna para que possam escolher a vida e o caminho que dá acesso a ela.
D. Sejam fervorosos nas orações para que o Senhor, de acordo com a Sua promessa, possa lhes dar um novo coração e operar em vocês para desejarem Sua boa vontade. (Ez. 36:26 e Fil. 2:13). E se o Senhor fizer os seus corações desejarem graça e glória, Ele satisfará tais desejos que Ele tenha originado em vocês. Se o Senhor operar em vocês o querer e o realizar, a despeito de toda oposição, vocês porão em prática sua própria salvação, e lhes será dado o amplo direito de entrada no reino eterno. Daí a segunda doutrina: a razão por que os homens morrem e morrem para sempre, é porque eles querem.
Extraído parcialmente do Livro
'Os Puritanos e a conversão'
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