08:31

Compreendendo a fé




A fé está no centro da experiência religiosa. Alguns falam passar por uma “crise de fé”, ou oram “Senhor, aumenta a minha fé”. Há vários tipos de “fé”:

a) a fé natural, que é uma capacidade inata em todas as pessoas para crer além dos dados, das evidências e do racional (viajar de avião, casar, receber um cheque...). Sem ela seria impossível a vida em sociedade;

b) a fé idolátrica, que é dirigida a criaturas (pessoas, objetos, instituições), tomando o lugar do Criador, como um objeto equivocado;

c) a fé supersticiosa, que atribui a coisas ou fatos atributos de poder exclusivos da Divindade (amuletos, números, ritos, horóscopos);

d) a fé mágica, quando se procura por o Criador a serviço das criaturas, em uma trágica inversão, em que se “negocia” com o sagrado (promessas, despachos, votos);

e) a fé antropocêntrica, em que o ser humano pretende ser, ao mesmo tempo, o sujeito e o objeto da fé, prescindindo de Deus (apelando para um “deus” dentro de si mesmo);

f) a fé fidocêntrica, em que o poder não está nem no sujeito, nem no objeto, mas na própria experiência: o importante é ter “fé” (“fé na fé”...). Esses equívocos não solucionam a necessidade espiritual de uma relação correta com o Criador, que ressalta na descoberta de um significado permanente para a vida.

Por isso, encontramos nas Sagradas Escrituras um outro tipo de fé: a fé salvífica, fruto da ação do Espírito Santo em nossos corações, que conduz à verdade encarnada: Jesus Cristo, único Senhor e Salvador. Uma fé que nos religa a Deus, e que é “a certeza das coisas que se esperam, e a firme convicção das coisas que se não vêem”, nas palavras do apóstolo Paulo. Uma fé que conduz à escuta, à obediência, à mudança interior, e a novos valores e projetos existenciais, alimentada na “comunidade de fé” (a Igreja) e vivenciada no mundo, no cotidiano da vida. “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Ef.2:8).



Dom Robinson Cavalcanti é escritor evangélico e bispo da Diocese Anglicana do Recife

Fonte: http://www.dar.org.br/bispo/50-artigos/164-compreendendo-a-fe.html

09:56

Uma conversa com a alma




Alma, alma...porque te escondes,
se a vida acontece diante de Deus?
Porque não te derramas diante dele em verdade?
Alma, alma...não adianta fingir, nem mentir,
porque perseveras em fugir daquilo que na real; não podes fugir?
sabes bem que a tua hipocrisia, não pode a Deus resistir,
Então te apresentas como tu és, com a tua nudez,
sem as tuas máscaras.
como diz a musica "mostra a tua cara".
Seja qual for tua vergonha, vem...
O Supremo te formou, ele sabe como és...
venha em verdade, isso te fará bem
Venha desfrutar dessa liberdade,
enxergar a verdade, em Cristo remissão tu tens...
e descanso para as cargas da vida, terás para sempre. Amém.

Aldair Ramos Rios

15:24

O Cara Que Não se Achou “O Cara”




Rev. Marcus O. Throup (¬)



Ultimamente, enquanto o noticiário evangélico traz (mais) más notícias sobre a megalomania de pastores cujo egoísmo dizima a igreja, o Lecionário traz leituras sobre um líder humilde cujo esforço uniu o povo de Deus à beira do rio Jordão. Esse líder cristão do passado demanda a atenção de todo e qualquer que se considera “líder cristão” no presente. Falo, é claro, de João Batista.



No que se refere ao Batista, cada evangelho traz um pedacinho de informação, com efeito, que, juntando os pedaços, como se faria com uma fotografia rasgada em quatro, temos como saber quem e como era João. Por um lado a própria voz dele salta das páginas do Novo Testamento: “Depois de mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de, inclinando-me, desatar as correias das sandálias” (Mc 1.7); “Convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30); “Tu vens a mim? Eu é que preciso ser batizado por ti!” (Mt 3.14). Evidentemente, o testemunho de cada evangelista ‘bate’ com os demais, e a impressão que temos de João, à base das suas próprias palavras, é de um humilde servo que se curvou diante do Senhor Jesus.



A humildade de João impressiona ainda mais quando levamos em conta os seguintes fatores:

(1) João ficou famoso como figura profética, atraindo para si multidões e agregando discípulos (pode ser que Mc 1.5 se trate de hipérbole, mas a hipérbole tem fundamento);

(2) João foi pregador de renome, ouvido por governantes (que nem sempre gostaram daquilo que ouviram dele);

(3) João era primo legítimo de Jesus, membro, digamos, da família real (e, de fato, de uma família sacerdotal);

(4) João era tido como um segundo Elias, o maior dos profetas clássicos (alguns pensavam que fosse até o Cristo cf. Jo 1.20).



Ora, se alguém tivesse o direito de se achar alguma coisa na vida, era João. Como líder religioso era muito bem sucedido, porém, diferente do atual padrão evangélico, no caso de João, o bom êxito ministerial não o levou à arrogância, prepotência e megalomania. Na frente dos seus muitos seguidores João anunciou ser servo de Jesus e com todas as letras dizia ser indigno dele. Na frente dos governadores se manteve fiel até a morte – morte essa que a mesma fidelidade provocou – abrindo mão de qualquer possível defesa em termos de um apelo à sua fama e popularidade, abraçando, ao invés, seu martírio. Na frente de todos, João podia ter se exaltado em virtude da sua ligação familiar com o Messias, mas ele não se beneficiaria do nepotismo, e nem sequer mencionou o vínculo. Na frente das autoridades religiosas, apesar de ser o último na linha dos profetas (cf. Lc 16.16) em contradistinção aos líderes como Teudas e Judas o Galileu (At 5.36-37), negou “ser alguém” e rejeitou qualquer associação messiânica.



João era um cara que podia ter se achado ‘o cara’. Ele tinha todas as credenciais necessárias, mas, nem a fama nem o sucesso nem o poder subiram à cabeça. Logo chegamos à conclusão que João Batista, em razão da sua humildade, era o cara. É o próprio Jesus quem o diz: “Ele (João) era a candeia que ardia e iluminava” (Jo 5.35); “Entre os nascidos de mulher, não há outro maior que João...” (Lc 7.28); “A lei e os profetas vigoraram até João” (Lc 16.16).



Entendemos que João era grande à medida que se fazia pequeno. E daí nós vemos a reciprocidade que há entre João e Jesus, pois, Jesus se humilhou assumindo a forma de homem a fim de viver entre nós, morrer por nós e ressurgir para nós, abrindo mão do seu status majestoso, preferindo servir a ser servido (cf. Mc 10.45). Assim, João prefigura Jesus perfeitamente, mas passa também a prefigurar todo líder cristão, pois o nosso lema deveria ser: “Convém que Jesus cresça e que eu diminua”.



¬ Rev. Marcus Oliver Throup; é Presbítero da Diocese do Recife; Secretário Diocesano de Relações Internacionais; professor no SAT-PB; membro da Equipe Pastoral da Concatedral Anglicana da Ressurreição, no Arcediagado Paraíba/Rio Grande Norte.

Fonte:http://www.dar.org.br/artigos/28-clero/1898-o-cara-que-nao-se-achou-o-cara-rev-marcus-throup.html

09:00

CREDO DE SÃO JOÃO




Cremos que Deus é espírito, e que aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade;
Cremos que Deus é luz e que, se andarmos na luz, teremos comunhão uns com os outros;
Cremos que Deus é amor, e que todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus;
Cremos que Jesus é o Filho de Deus, e que Deus nos deu vida eterna e que essa vida está no Filho;
Cremos que Ele é a ressurreição e a vida; quem nele crê, ainda que esteja morto, viverá;
Cremos que somos filhos e filhas de Deus, e que Ele nos deu o seu Espírito; Cremos que, se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça;
Cremos que o mundo passa e sua concupiscência; porém, aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. Amém.

Fonte:http://www.dar.org.br/loc-2008/93-outros-textos-liturgicos/473-outras-afirmacoes-de-fe.html

07:06

O CRISTIANISMO: DESAFIOS DO PRESENTE E DO FUTURO— CRESCER OU PERECER? —



Robinson Cavalcanti

O passado
De uma perspectiva meramente histórica, as religiões ou crescem, ou desaparecem. Quando se fala na tão propalada Janela 10/40, refere-se sempre aos povos não-alcançados. Na verdade, esses povos já foram alcançados, pois no norte da África, no Oriente Médio e em parte da Ásia o cristianismo foi uma presença florescente nos primeiros seis séculos de sua história. Alexandria e Hipona foram cidades de referência. Os nestorianos (Igreja Assíria do Oriente), em seu apogeu, tinham quatrocentas dioceses, 4 milhões de seguidores, inclusive no Irã, no Afeganistão e na China. Pode-se dizer que, de certa forma, eles foram “desalcançados”, embora o cristianismo nunca tenha desaparecido de todo dessas regiões, mantendo uma presença ininterrupta, ainda que minoritária, por 2 mil anos. A invasão mongol, a invasão do Islã e a fragilidade do nominalismo religioso tiveram um efeito devastador. As comunidades remanescentes, com toda a sua riqueza histórica, teológica e litúrgica, foram proibidas de crescer e/ou perderam a visão do crescimento.

O cristianismo tem se expandido, ao longo dos séculos, como uma religião de salvação, uma religião missionária, uma religião de expansão. Quando o espírito missionário cessa, em cada época e lugar, inicia-se o declínio. Tenho visitado em vários países ruínas de igrejas e igrejas em ruínas, igrejas museus e museus igrejas. No caso da Europa Ocidental, já se fala hoje, realística e lamentavelmente, de uma civilização “pós-cristã”.

Se as igrejas orientais cresceram no Oriente Médio, no mundo helênico, no mundo eslavo e na Ásia no primeiro milênio, a Igreja de Roma, por sua vez, ao lado dos conquistadores, teve nos séculos 16 a 18 um período de marcada expansão, principalmente, na América Latina. Os últimos 200 anos, por sua vez, têm se caracterizado pela expansão mundial do ramo reformado ou protestante. Chegamos ao século 21 com o cristianismo como uma religião global, começando a atingir o estágio de chegar “aos confins da terra”. No Congresso de Berlim, em 1966, tivemos uma reação à perda de fervor evangelístico do cristianismo ocidental, em virtude de duas distorções soteriológicas que marcaram o seu pensamento nas décadas anteriores: o sacramentalismo (todos os batizados estão salvos) e o universalismo (todos estão salvos). O Congresso de Lausanne foi uma reafirmação da necessidade missionária da Igreja, agora internacionalizada, pela responsabilidade de todas as nações para com todas as nações.

As últimas três décadas do século 20 marcaram uma crescente consciência missionária nos povos do chamado Terceiro Mundo, e, no caso particular do nosso Continente, com a realização dos CLADE’s (Congresso Latino-Americano de Evangelização) I, II, III e IV. A Aliança Bíblica Universitária do Brasil (ABUB), de forma pioneira, promoveu o I Congresso Missionário em nosso país, na Universidade Federal do Paraná, no início de 1976. O interessante é que algumas revistas evangélicas brasileiras de ampla circulação têm tratado, recentemente, do crescente envolvimento das igrejas evangélicas brasileiras com a missão mundial e, ao mesmo tempo, apontado as suas debilidades metodológicas, estratégicas, de inculturação e do conteúdo da própria missão.

Os desafios
Há dois anos, o conhecido professor de história e sociologia da religião da Universidade do Estado da Pensilvânia Phillip Jenkins lançou o livro A Próxima Cristandade, que tem se tornado uma referência por seu caráter peculiar de ser, ao mesmo tempo, abrangente, profundo e escrito em linguagem acessível. Recentemente, o livro foi traduzido para o português (Editora Record), e não sei se está recebendo entre nós o mesmo merecido valor. Jenkins chama atenção para o contínuo deslocamento do pólo central de irradiação da fé cristã: Jerusalém, Antioquia, Constantinopla, Roma e, depois, Alemanha, Inglaterra e os Estados Unidos. No passado, tivemos o deslocamento do Oriente Médio para a Europa Ocidental e a América do Norte. Hoje, após o Império Otomano e o Império Soviético, o cristianismo oriental está debilitado, enquanto que o racionalismo e o ceticismo presentes no liberalismo teológico, tanto moderno quanto pós-moderno, tem gerado uma crise, talvez, irreversível para o cristianismo euro-ocidental e norte-americano.

O cristianismo sofre atualmente um outro deslocamento, dessa vez do norte para o sul (África, Ásia e América Latina), que marcará, sem dúvida, as próximas décadas do século 21. É aqui que as igrejas estão cheias, onde há jovens, onde se renova a liturgia e onde a consciência do místico, do mistério, está presente, ao lado da defesa da ortodoxia doutrinária apostólica, da autoridade das Sagradas Escrituras e de uma ética de princípios baseada na Bíblia e na tradição. Aqui ainda se acredita em conversões e milagres, nas potestades espirituais (tanto da bondade quanto da maldade) e na possibilidade de libertação do poder destas últimas. Olhando-se para o mapa da cristandade, pode-se perceber um conflito entre o “cristianismo do Norte” e o “cristianismo do Sul”, com clara vantagem para este último. No sul, há igrejas de pensamento nortista (e são as que estão estagnadas), e no norte já se encontram bolsões de igrejas sulistas, em processo de reevangelização.

Para Jenkins, o secularismo da sociedade globalizada consumista, por um lado, e o Islã, por outro, serão os dois grandes desafios a serem enfrentados nas tarefas evangelísticas e apologéticas da igreja cristã. Ao lado disso, o triunfo de expressões moderadas ou extremadas das diversas religiões concorrerão para uma ordem internacional democrática estável e pacífica ou, usando a expressão de Samuel Huntinghton, para um “choque de civilizações”.

No caso particular da Comunhão Anglicana, vivemos todas as características descritas por Phillip Jenkins. Na Nigéria, em quinze anos, passamos de 9 para 17 milhões de membros, e há uma mobilização para dobrar esse número nos próximos três anos. Metade dos anglicanos vivem no continente africano. O anglicano típico “é uma mulher negra, africana, pobre e de menos de 30 anos de idade”. Em visita recente à Malásia, fiquei impressionado com o trabalho evangelístico dos anglicanos abrindo igrejas em Camboja, Tailândia e Indonésia. Esse pujante ramo histórico e reformado do cristianismo, que tem produzido teólogos do calibre de John Stott, J. I. Packer, C. S. Lewis, Michel Greene, Alistair McGrath e tantos outros, convive com uma Inglaterra (seu berço) pós-cristã e com os Estados Unidos (à semelhança de outras denominações) às voltas com uma grave crise teológica e moral, da qual a questão homossexual é uma das faces mais visíveis.

E nós com isso?
O Brasil, por sua vez, com 6 milhões de evangélicos (e ainda crescendo), profundamente fragmentado institucionalmente, débil em reflexão teológica e ética, importador acrítico de “pacotes” vindos do exterior, superficial (“oba-oba”), intimista e verticalista em sua fé, liderado por caciques que ardem na fogueira da vaidade, ainda assim, na esperança de que a graça transformadora de Deus opere em nosso meio, detém um potencial imenso em termos de responsabilidade da missão mundial da Igreja. Já temos recursos humanos, materiais e intelectuais da melhor qualidade; percebemos uma concepção, crescente, de uma missão integral; ainda acreditamos em céu e inferno, na realidade das afirmações doutrinárias dos credos e na segunda vinda de Cristo. E, o mais importante, a grande maioria dos evangélicos brasileiros de alguma maneira pode testemunhar uma experiência de conversão, afirmando o poder do Espírito Santo e a Jesus Cristo como único Senhor e Salvador.

Apesar do cansaço de muitos de nós e dos momentos de desânimo, a volta constante ao texto das Sagradas Escrituras e a busca incessante da iluminação do Espírito Santo nos devolvem a esperança de um futuro melhor para a igreja brasileira, enquanto chamamos a atenção para um mundo em mudança, que nos atinge, e da nossa responsabilidade de guardar o sagrado depósito e de levar Cristo às nações, até que Ele venha.

Sola Scriptura!

19:49

Pode o homem cooperar com sua salvação?





Rev.Raniere Oliveira



Preliminarmente

A cada ano verifica-se o quanto a Igreja está se distanciando das “Antigas Doutrinas da Graça”, tão caras e defendidas pelo apóstolo Paulo, Agostinho de Hipona, os reformadores Lutero e Calvino, George Whitefield, David Brainerd, William Carey (pai das missões modernas), J. I. Packer, John Stott; e, porque não citar também, o “incansável defensor da fé evangélica, o Arcebispo Thomas Bradwardine de Canterbury, durante o século 14” e tantos outro(a)s.


Confira em sua Bíblia o que nos diz Oséias.4:6. Talvez parte deste afastamento e falta de conhecimento se deva a uma influência pragmática em que o valor está no resultado que dá certo, mesmo que não seja correto; e mesmo uma filosofia relativista onde o “homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras-481 a.C.).


Vivenciamos uma triste realidade em que já não vemos e ouvimos em nossas Igrejas doutrinas tais como “pecado original”, “depravação total”, “graça”, “juízo final”, “justificação pela fé”, “soberania divina”,... Mas, ao invés de tais ensinos bíblicos, somos obrigados a ver o povo deixando-se iludir por sermões sobre “vida cristã” com apelos emocionalistas, inúmeras estórias, testemunhos e nenhuma doutrina. Nada de ensino expositivo. Acarretando no fato desses membros necessitarem de mais e mais “alimento” pois não ficam nutridos e satisfeitos com o “feno e a palha” que lhes são oferecidos. Ou seja, eles estão indo cada vez mais ao “shopping” da fé, dia após dia, semana após semana atrás de “ventos de doutrinas” e “ensinos de demônios”, tornando-se assim presas fáceis de embusteiros e profissionais da fé. Sem contar que ficam expostos a vendas de ilusões como apregoadas pela pretensa “teologia da prosperidade” e um “neo-pentecostalismo” que se assemelha mais com cultos espíritas.


E considerando que nossa Diocese, este ano, tenha escolhido o tema: “2004 – Ano do Evangelismo: Convertidos em Cristo, Edificando a Igreja, Transformando o Mundo”, penso que a doutrina bíblica e reformada da DEPRAVAÇÃO TOTAL deve estar no cerne de nossas mensagens, pois, com certeza, como a entendemos e cremos irá influenciar no método que utilizaremos para a evangelização.


Façamos a seguinte pergunta: Pode o homem cooperar com Deus em sua salvação? Se a resposta é sim, então podemos admitir que o propósito de Deus em salvar o homem pode ser frustrado. Mas, se a resposta é não, compreenderemos melhor o conceito de Graça e a razão do porque somente através dela somos salvos, uma vez que “Ele (Deus) nos deu vida, estando nós mortos nos nossos delitos e pecados” (Ef.2:1).


A Bíblia e todas as Confissões de Fé Reformadas são unânimes em afirmar que, depois da Queda, todo homem (no sentido de humanidade de acordo com Gn.1:26-27) tornou-se INCAPAZ de querer qualquer bem espiritual que agrade a Deus. Significando que este homem não possui mais nenhuma disposição (LIVRE-ARBÍTRIO) de voltar-se, por si mesmo, à comunhão com Seu Criador, pois devido ao pecado original, esse homem “não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucuras; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente” (I Co.2:14).


Quem reflete muito bem isso é Charles Spurgeon, mais conhecido como “O Príncipe dos Pregadores”; quando afirma: “a liberdade não pode pertencer ao arbítrio como a ponderação não pode pertencer à eletricidade... Podemos crer em agente livre, porém o livre-arbítrio é simplesmente ridículo”.


Logo, o homem após a Queda não perdeu sua capacidade de fazer coisas boas, de fazer escolhas como uma profissão, o time que deve torcer, optar em ser honesto, altruísta etc. Contudo, nenhuma dessas coisas tem mérito em si mesmas, quando se deveria buscar sempre a Glória de Deus. Assim, tudo isso se torna apenas aspecto secundário da vida humana. O homem permaneceu responsável pelos seus atos, mas está escravo do pecado rejeitando a Deus e tudo o que é do Seu agrado e Louvor. Devemos urgentemente, “enquanto é dia” (Jo.9:4), retornar para essa sã doutrina, que resulta de acurada e apropriada teologia bíblica.


O procedimento metodológico aqui adotado, nada mais é, que minha confessionalidade nas Sagradas Escrituras como Palavra de Deus autoritativa e infalível em seus ensinos numa linguagem humana (II Tm.3:16), bem como nos XXXIX Artigos de Religião e demais Confissões Reformadas, limitando-as em seu valor e autoridade só até onde confirmem o ensino bíblico.


Sei o quanto essa doutrina tem gerado acalorados debates ao longo da História do Cristianismo, vide, por exemplo, Agostinho de Hipona e Pelágio, Lutero e Erasmo de Roterdã, Calvinistas e Arminianos (Sínodo de Dort). Contudo, não tenho a pretensão de pormenorizar cada ponto, muito menos esgotar esse assunto e ter assim a última palavra.


Meu objetivo principal é promover um pouco de esclarecimento bíblico ao Povo de Deus em nossa DAR, considerando que somos uma Igreja que se confessa Reformada. Portanto, daí o desafio de resgatarmos as doutrinas reformadas, num momento particular em que estamos enfrentando, a ponto de a Palavra de Deus começar a ser minimizada, questionada e reduzida num meio de um “areópago” de ensinos humanos e em meio a uma “Babel” de linguagens desconstrucionistas, conflitantes e refém do pensamento do século (Cl.2:8).



I – A SITUAÇÃO DO HOMEM ANTES DA QUEDA

Após ter Deus realizado a magnífica obra da Sua Criação, conforme o registro em Gn.1:1-25, resolveu que o Jardim do Éden, e tudo mais, deveria ser desfrutado e governado por uma criatura, cuja criação deveria ser à Sua Imagem e Semelhança, possuindo tanto a capacidade de escolher como viver a verdadeira liberdade.


Santo Agostinho afirmou que esse homem fora criado, posse non peccare, ou seja, capaz de não pecar. O homem assim veio a existir no tempo e na história, em um estado de integridade, como nos revela o Sábio em Eclesiastes.7:29 quando nos diz: “Deus fez o homem reto...”. Portanto, podemos concordar com o ensino claro da Escritura que o homem foi criado de forma perfeita em termos morais, e isso é ratificado pela Confissão de Fé de Westminster no capítulo IV – Da Criação – seção II:


“Depois de haver feito as outras criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea, com almas racionais e imortais, e dotou-os de inteligência, retidão e perfeita santidade, segundo sua própria imagem, tendo a Lei de Deus escrita em seus corações e o poder de cumpri-la, mas com a possibilidade de transgredi-la, sendo deixados à liberdade de sua própria vontade, que era mutável. Além dessa lei escrita em seus corações o preceito de não comerem da árvore da ciência do bem e do mal; enquanto obedeceram a este preceito, foram felizes em sua comunhão com Deus e tiveram domínio sobre as criaturas”.



Como uma criatura distinta das demais, tendo em vista que o homem foi considerado coroa dessa criação, o mesmo era dotado de capacidade de fazer escolhas, como também, nesse sentido, de fazê-las certas. Como bem disse certa ocasião um teólogo reformado: “assim o homem, naquela época, possuía a verdadeira liberdade, mas não era ainda a perfeita liberdade”. Isso decorrente do fato dele poder cair em pecado.


Vamos conferir novamente o que nos dia a CFW no capítulo IX – DO LIVRE-ARBÍTRIO – Seção I:

“Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade natural, que ela nem é forçada para o bem nem para o mal, nem a isso é determinada por qualquer necessidade absoluta de sua natureza”.



E ainda na Seção II:

“O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse cair dessa liberdade e poder”.



Entendemos que o homem estava completamente, antes da Queda, com suas faculdades de capacidade do livre-arbítrio, ou seja, vivia em plena comunhão com Deus que o visitava “no Jardim pela viração do dia” (Gn 3:8). Este homem podia conhece-lo e amá-lo, porque tudo o que fazia e pensava era para a Glória de Deus.


Vejamos ainda o que nos diz o Catecismo de Heidelberg, no Domingo 3 e resposta 6:

“Mas Deus criou o homem tão mau e perverso? Não, Deus criou o homem bom e à Sua imagem, isto é, em verdadeira justiça e santidade para conhecer corretamente a Deus, seu Criador, amá-lo de todo o coração e viver com ele em eterna felicidade, para louvá-Lo e glorificá-Lo”.



No Jardim do Éden o homem estava com toda sua plena dignidade estabelecida, cujo principal propósito era todo bem espiritual e moral que agradasse a Deus. Ele gozava de total capacidade imaculada, que chamamos de livre-arbítrio, pois era perfeito para o bem espiritual.



II – A SITUAÇÃO DO HOMEM APÓS A QUEDA

Como vimos acima, a liberdade e o poder de querer do homem de fazer aquilo que era agradável a Deus, mas tal liberdade era passível de mudar se assim o quisesse. Foi justamente o que ocorreu. O homem atraído e enganado pela serpente escolheu desobedecer a Deus, pois Satanás tentou o homem a ponto do mesmo desejar ser igual ao seu Criador, e aí se deixou iludir-se pela voz da serpente que disse: Porque Deus sabe que no dia em que dele (o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal) comerdes se abrirão vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo do bem e do mal (Gn.3:5). O resultado foi uma verdadeira tragédia para toda a humanidade. Conforme vimos na advertência de Deus em Gn.2:16-17, a raça humana recebeu como conseqüência deste pecado de Adão e Eva, a morte espiritual e física, bem como, a perda daquela capacidade (o livre-arbítrio) de querer fazer o bem e tudo que era agradável a Deus. Dessa forma, ele se corrompeu totalmente.


Esse homem, agora após sua queda e por conta do pecado original, se tornou incapaz de querer a Deus. Na verdade, nos porões de seu íntimo, O rejeita deliberadamente, pois prefere agora escolher o pecado, pois é seu senhor. E assim, neste estado de DEPRAVAÇÃO TOTAL, “não é capaz de não pecar”.


O próprio Senhor Jesus Cristo atesta isso quando afirmou aos judeus que discutiam com ele acerca de jamais terem sido escravos de alguém, que “todo que comete pecado é escravo do pecado” (Jo.8:34).


O Catecismo de Heidelberg sintetiza essa situação, no Domingo 3 resposta 7, com essas palavras:

“De onde vem, então, essa natureza corrompida do homem? Da queda e da desobediência de nossos primeiros pais, Adão e Eva, no paraíso. Ali, nossa natureza tornou-se tão envenenada, que todos nós somos concebidos e nascidos em pecado”.



Isso é confirmado pelo apóstolo Paulo em Rm.5:12 quando nos ensina que: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”.


Vejamos ainda a CFW em seu Capítulo VI e Seção II:


“Por este pecado eles decaíram de sua retidão original e da comunhão com Deus, e assim se tornaram mortos em pecado e inteiramente corrompidos em todas as faculdades e partes do corpo e da alma”.



Assim, após a Queda, o homem ao invés de preferir servir e obedecer a Deus, na verdade, se encontra “morto em seus delitos e pecados” (Ef.2:2-3). E é isso que a teologia reformada denomina de DEPRAVAÇÃO TOTAL. Não possui mais o livre-arbítrio para fazer a vontade de Deus porque está morto espiritualmente, como Lázaro que estava morto com seus pés e mãos atados e sepultado há três dias no túmulo, da mesma forma está toda a humanidade.


Vejamos o que nos ensina o Artigo X de nossos XXXIX Artigos de Religião:


“A condição do homem depois da queda de Adão e Eva é tal que ele não pode converter-se e preparar-se a si mesmo, por sua própria força natural e boas obras, para a fé e invocação a Deus. Portanto, não temos o poder de fazer boas obras agradáveis e aceitáveis a Deus, sem que a graça de Deus por Jesus Cristo nos preceda, para que tenhamos boa vontade, e coopere conosco enquanto temos essa boa vontade”.



Observem essa declaração contundente do Dr. Martyn Lloyd-Jones acerca da DEPRAVAÇÃO HUMANA, resultante da Queda:

“Por que é que o homem sempre escolhe pecar? A resposta é que o homem abandonou a Deus, e como resultado, toda a sua natureza tornou-se depravada e pecaminosa. Toda a tendência do homem está distante de Deus. Por natureza, ele odeia a Deus e sente que Deus é contrário a ele. Ele é seu próprio deus, sua própria capacidade e poder, seu próprio desejo. Ele contesta toda a idéia de Deus e as exigências que Deus coloca sobre ele... Além disso, o homem gosta das coisas que Deus proibiu e as cobiça, e não gosta das coisas e do tipo de vida para as quais Deus o chama. Essas não são meras afirmações dogmáticas. São fatos... Eles por si só explicam a desordem moral e a feiúra que caracterizam a vida atual em tamanha extensão”.



Não deixe de conferir o que Paulo nos ensina em Rm.3:10-19 e Ef.2:1-3, sobre a condição do homem após a queda, e responda as seguintes questões: Como um morto pode arrepender-se por si mesmo e crer? Como pode o homem, cujos sentidos espirituais estão em trevas, compreender e decidir-se por Cristo Jesus? Qual homem consegue cumprir e amar o sumário da Lei conforme Lucas 10:27?



CONCLUSÃO

Como pudemos observar, todo o ensino bíblico e reformado, apontam claramente para um homem que perdeu, após a Queda, a condição e capacidade de, por ele mesmo, poder voltar-se para Deus. Todavia, necessita de uma intervenção do próprio Deus para “os que predestinou, a esses também justificou, e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8:30).


Lutero e Calvino sempre ensinaram e se preocuparam em enfatizar essa doutrina, de que o homem decaído está totalmente escravo do pecado, pois perdera a verdadeira liberdade, não podendo converter-se a Deus desempenhando um papel ativo (cooperando) no processo que o conduz a salvação.


Jesus Cristo afirmou certa vez que “não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo.5:40). Sabe por que? “A luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal, aborrece a luz” (Jo.3:19-20). O ensino bíblico é que arrependimento e fé não podem ser produzidos por um coração corrompido, pois somente “pela graça somos salvos, por meio da fé; e isto não vem de nós, é dom de Deus” (Ef 2:8).


Portanto, se o Espírito Santo não agir eficazmente no coração e mente desse homem corrompido, vivificando-o e regenerando-o, ele jamais se arrependerá sozinho de seus pecados, reconhecendo o sacrifício expiatório e vicário de Jesus Cristo.


Gosto muito dessa afirmação de feita pelo grande expositor bíblico, Dr. Martyn Lloyd-Jones já citado anteriormente: “O pecador não se decide por Cristo”, mas ele “foge para Cristo em total desamparo e desespero, clamando por misericórdia: ‘Converte-me e serei convertido, porque tu és o Senhor meu Deus’ (Jr.31:18). É como alguém que está se afogando e não simplesmente se “decide” pegar a corda que o salvará, mas agarra-se a ela pois é a única escapatória, a única esperança. ‘Decidir-se por Cristo’ é uma expressão imprópria”.


Não nos enganemos quanto ao verdadeiro estado espiritual e natureza humana. Porque estando o homem morto em seus delitos e pecados, não será persuadido com retórica eloqüente, muito menos por apelos emotivos (e o que preocupa hoje é justamente isso, muita gente “convencida” e “massageada em seu ego”, e nunca convertidas realmente), uma vez que será única e plenamente através de Deus que o homem irá “abrir seu coração” para atender a mensagem do Evangelho, como no caso de Lídia em At.16:14.


Mas como bem afirmou Charles Spurgeon: “A graça de Deus não viola a vontade humana, mas triunfa docemente sobre ela” (Fp.2:13).


Busquemos aprender quanto a teologia reformada tem a nos oferecer, com doutrinas cujas raízes são reveladas na Sagrada Palavra de nosso Deus.


Só a Deus Toda Glória!

+ Rev. Raniere Oliveira

17:44

O Que é o Evangelicalismo?


O Que é o Evangelicalismo?


A Tradição Evangélica - Artigo do Rev. John Stott

Gostaria de argumentar, embora corra o risco de simplificar em demasia e de ser acusado de arrogante, que a fé evangélica não é outra senão a fé cristã histórica. O cristão evangélico não é aquele que diverge, mas que busca ser leal em sua procura pela graça de Deus, a fim de ser fiel à revelação que Deus fez de si mesmo em Cristo e nas Escrituras. A fé evangélica não é uma visão peculiar ou esotérica da fé cristã – ela é a fé cristã. Não é uma inovação recente. A fé evangélica é o cristianismo original, bíblico e apostólico.
A marca dos evangélicos não é tanto um conjunto impecável de palavras quanto um espírito submisso, a saber, a resolução a priori de crer e de obedecer ao que quer que seja que as Escrituras ensinem. Eles estão, de antemão, comprometidos com as Escrituras, independentemente do que se possa descobrir que elas digam. Eles afirmam não ter liberdade para lançar seus próprios termos para sua crença e comportamento. Percebem essa perspectiva de humildade e de obediência como uma implicação essencial do senhorio de Cristo sobre eles.
As tradições católica e liberal tendem a exaltar a inteligência e a bondade humana e, portanto, esperam que os seres humanos contribuam de alguma forma para a iluminação e salvação deles mesmos. Os evangélicos, de outro lado, embora afirmem veementemente a imagem divina que a nossa humanidade carrega, têm a tendência de enfatizar nossa finitude humana e queda e, portanto, de insistir que sem a revelação não podemos conhecer Deus e sem a redenção não podemos alcançá-lo.
Essa é a razão pela qual os aspectos essenciais do evangelho focam a Bíblia e a cruz, bem como a indispensabilidade delas, uma vez que foi por meio delas que a Palavra de Deus nos foi comunicada e que a obra de Deus em favor de nós foi realizada. Na verdade, sua graça apresenta a forma trinitária. Primeiro, Deus tomou a iniciativa em ambas as esferas, ensinando-nos o que não poderíamos saber de outra forma, bem como dando-nos o que não poderia nos ser dado de outra maneira. Segundo, em ambas as esferas o Filho desempenha um papel singular, como o único mediador por meio de quem a iniciativa do Pai foi tomada.
Ele é a Palavra que se fez carne, por meio de quem a glória do Pai foi manifestada. Ele é o imaculado que se tornou pecado por nós para que o Pai pudesse nos reconciliar com ele mesmo. Além disso, a Palavra de Deus falada por meio de Cristo e a obra de Deus realizada por intermédio de Cristo eram ambas hapax , completadas de uma vez por todas. Nada pode ser acrescentado a nenhuma delas, sem que com isso se deprecie a perfeição da palavra e da obra de Deus realizada por meio de Cristo. Depois, em terceiro lugar, tanto na revelação quanto na redenção, o ministério do Espírito Santo é essencial. É ele que ilumina nossa mente para compreender o que Deus revelou em Cristo, e é ele quem move nosso coração para receber o que Deus alcançou por meio de Cristo. Assim, nessas duas esferas, o Pai agiu por meio do Filho e continua a agir por meio do Espírito Santo.
Os evangélicos consideram essencial crer não apenas no evangelho revelado na Bíblia, mas também em toda a revelação da Bíblia; crer não apenas que “Cristo morreu por nós”, mas também que ele morreu “por nossos pecados” e, de forma que Deus, em amor santo, pode perdoar os crentes penitentes; crer não apenas que recebemos o Espírito, mas também que ele faz uma obra sobrenatural em nós, algo que, de variadas formas, foi retratado no Novo Testamento como “regeneração”, “ressurreição” e “recriação”.
Eis aqui três aspectos da iniciativa divina: Deus revelou-se em Cristo e no testemunho bíblico total sobre Cristo; Deus redimiu o mundo por meio de Cristo e tornou-se pecado e maldição por nós; e Deus transformou radicalmente os pecadores pela operação interna de seu Espírito. A fé evangélica, assim afirmada, é o cristianismo histórico, maior e trinitário, e não um desvio excêntrico dele. Pois não vemos a nós mesmos oferecendo um novo cristianismo, mas chamando a Igreja ao cristianismo original.
“Se “evangélico” descreve uma teologia, essa teologia é a teologia bíblica. Os evangélicos argumentam que são cristãos bíblicos plenos e que, para ser um cristão bíblico, é necessário ser cristão evangélico. Explicando dessa forma, isso pode soar como arrogância e exclusivismo, mas essa é uma crença sincera. Certamente, o desejo sincero dos evangélicos é não ser um cristão mais ou menos bíblico. A intenção deles não é ser sectário. Isto é, eles não se apegam a certos princípios apenas para manter a identidade deles como um “grupo”. Ao contrário, sempre expressaram sua prontidão para modificar, até mesmo abandonar, quaisquer das crenças que estimam, ou, se necessário, todas elas, se lhes for demonstrado que não são bíblicas.
Os evangélicos, portanto, consideram como a única possível via para a reunião das igrejas a via da reforma bíblica. De acordo com o ponto de vista deles, a única esperança firme para as igrejas que desejam se unir é a disposição comum para se sentarem juntas sob a autoridade da Palavra de Deus, a fim de serem julgadas por ela”.
“O significado da palavra “conservador” quando aplicada aos evangélicos, é que nos apegamos veementemente aos ensinos de Cristo e dos apóstolos, conforme apresentados no Novo Testamento, e que estamos determinados a “conservar” toda a fé bíblica. Isso foi o que o apóstolo determinou que Timóteo fizesse: “Guarde o que lhe foi confiado”, conserve isso, preserve isso, jamais abandone seu apego a isso, nem deixe que isso caia de suas mãos”.

O Rev. John Stott , Ministro Anglicano e escritor, é ex-Capelão da Rainha da Inglaterra e Reitor Emérito da Paróquia de All Souls, em Londres.

Fonte: http://ordemdesantoestevao.blogspot.com/2008/09/o-que-o-evangelicalismo.html